Capítulo 17

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— Eu vou te soltar e se você se comportar eu esqueço tudo que aconteceu — Adam falava de uma forma tão simples que pareciamos um casal que discutiu por algo supérfluo. — Eu vou te dar o que quiser, vou cuidar de você e não vou te deixar.
Ele pegou um canivete no bolso e cortou as amarras de meu pulso. Senti minhas mãos formigarem por causa do sangue preso que voltava a fluir. Estranhamente isso não me trouxe alívio, apenas me deixou mais tensa.
— Logo essas marcas vão sumir. — Seu olhar agora, mais calmo, me causou uma ânsia. 
— Quero sair daqui. — Minha voz saiu trêmula e chorosa. — Não quero ficar aqui.
Adam assentiu e quando ia guardar o canivete no bolso eu fingi um mal estar. Como imaginei, ele logo me segurou.
— Sally? — Ele me sacudiu enquanto eu fingi estar mal.
Aproveitei a guarda baixa para rapidamente puxar o canivete, mas como se já esperasse por isso ele me empurrou.
Diferente do que esperei, Adam não parecia surpreso e sua expressão no mínimo era risonha. Ele sorriu de forma macabra.
— Não se pode mesmo acreditar em você não é ? — Ele levantou e girou o canivete em sua mão. — Diante da situação eu sinto muito Sally, mas serei obrigado a tomar uma atitude.
Meu corpo congelou, meu peito estava apertado num desespero que me impedia de gritar. Eu sabia que aquele era meu fim. Eu seria mais uma na pilha de fotos das garotas mortas.
Comecei a rir histericamente do meu próprio desespero.
— Sabe o que me consola Adam? Que eu estarei morta e você vai estar novamente sozinho com uma pilha de fotos... sabe por que? Ninguém nunca vai querer estar com você. 
Senti os olhos de Adam em fúria me fuzilarem, seu corpo parecia tenso.
— Cala a boca! — Gritou. — Cala boca desgraçada.
— Sozinho… — Eu insisti na provocação. — Eu vou estar morta e você sozinho. Você é um assassino solitário Adam. — Me levantei olhando ele de forma julgadora. — Você não passa de um doente obsessivo. 
— Calada. — Adam apertou a cabeça com as mãos.
— O que vai fazer? — Eu sabia que ia morrer então o mínimo que podia fazer era não me render diante do medo. — Vai tirar uma foto minha? Sabe o que vejo? 
Adam se calou, ele me olhou de forma séria e sorriu de forma estranha. 
— Sally… — Sua postura mudou se tornando ameaçadora. — Você é perfeita.
Adam avançou em mim, tentei me afastar mas, já era tarde. Senti a facada do canivete entrar em minhas costas e cai gritando com ele em cima de mim. Ele tirou o canivete e me virou apertando meu pescoço. 
Já quase sem forças o maior me fitou.
— Lembre bem do meu rosto… — Sem entender tentei o empurrar, mas ele me segurou. — Será a última coisa que verá.

A partir daqui a história não será mais narrada pelo ponto de vista da Sally.

Dizendo isto, Adam tocou o rosto de Sally com as mãos e sorriu de forma doentia. Foi a última imagem que Sally guardou em sua memória, ele fechou os olhos da garota que já derramava lágrimas esperando pelo fim.
Seus polegares afundaram os olhos da pobre que se debatia, Sally agora estava cega.
O homem se levantou e olhou o desespero de Sally enquanto ela se contorcia no chão. 
— Você nunca mais vai ser capaz de ver nada, meu rosto vai ser sua última visão. Como se sente Sally? — Adam gritou. 
Ela estava confusa pela dor e sem enxergar, sentia estar num inferno.
"O que fiz de tão ruim para merecer isto?" Se perguntou. 
Antes de pensar algo mais ela sentiu Adam a puxar pelos cabelos. Sally gritou enquanto Adam a arrastava sem pena. 
Ele a prendeu no balcão enquanto a garota gritava.
— Sabe querida, me sinto muito magoado pelo que você disse mais cedo — Adam abriu a boca de Sally e puxou sua língua para fora. — Você não vai mais precisar dela.
Ela sentiu sua língua ser cortada, já não podia mais falar. Sally já estava no máximo do que podia aguentar, ela sentia que a qualquer momento morreria pelo sangue perdido ou iria desmaiar pela dor.
— Meu amor, o que foi? Está tão quieta. — Adam se aproximou do ouvido dela e sussurrou. — Não se preocupe... ainda não acabou.

Meu Assassino (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora