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Eu estava em um lugar melhor;
mas os viajantes devem se contentar.
Do jeito que você gosta

O sol da Itália atravessava as enormes janelas de vidro do aeroporto, como se estivesse ali para recebê-la. Ochako aproveitou o calor, tentou descobrir qual grupo de pessoas seguir e entender as palavras estrangeiras nas placas.

Tudo parecia melhor em italiano. Palavras como imbarchi, attenzione e partenza pareciam deslizar na língua como mel. Infelizmente, ela não compreendia nenhuma delas, nem mesmo quando, finalmente, localizou seu guia e começou a folheá-lo, esperando que houvesse um mapa do aeroporto em algum lugar. Foi quando olhou novamente e viu que todas as placas tinham a tradução em inglês. Estúpida? Imagine.

Quando chegou à área onde ficavam as esteiras de retirada de bagagem, sua mala era a única no local. Uma mala de couro vermelha surrada que dava voltas, em círculos, abandonada e sozinha. Ochako a ergueu pela alça, levando-a para um carrinho e resmungando pelo fato de que a mala era tão velha que não tinha as alças e rodinhas das bagagens mais modernas.

Seu estômago se contraiu de ansiedade enquanto entrava no salão de desembarque. Estava cheio de pessoas esperando por seus entes queridos e motoristas segurando cartazes de papelão com nomes escritos. O aeroporto de Milão era um dos mais movimentados da Itália, atendendo à cidade e à região dps lagos, que recebia muitos turistas. O dia de hoje era uma prova disso. Ela parou e olhou em volta, se perguntando se deveria tentar encontrar um telefone público e ligar para All.

— Sra. Uraraka? — uma voz profunda soou a sua esquerda. Ela se virou e viu um homem alto ao seu lado.

— Sou eu. — Ela sorriu. O sujeito parecia ter uns trinta anos, talvez um pouco mais. Também não parecia perdido. Isso, por si só, era um pequeno milagre.

— Meu nome é Shouta Aizawa, e esta é a minha esposa, Emi. Estamos aqui para levá-la até a Villa Palladino.

Uma esverdeada baixinha deu um passo à frente, radiante.

— Eu sou a Emi-san, e você pode chamá-lo de Shou. Estou tão feliz por você estar aqui. — Ela envolveu Ochako em um abraço apertado, tirando seu fôlego. Para uma mulher pequena, Emi-san era muito forte.

— É um prazer conhecer vocês — Ochako respondeu. — E estou muito feliz por falarem em inglês. Meu italiano é uma porcaria, me desculpem.

Emi-san acenou com a mão.

— Não se preocupe, você vai melhorar o italiano enquanto estiver aqui. E a maioria das pessoas na região do lago fala inglês, é tipo o nosso segundo idioma.

— Ainda assim, eu deveria pelo menos tentar — Ochako respondeu. — Quando em Roma... você sabe.

Emi-san franziu a testa.

— Aqui não é Roma. É Milão.

Ochako riu. A mulher devia pensar que ela era louca.

— Não, esse é um ditado que nós temos no meu idioma. Quando em Roma, faça como os romanos. Significa que, quando você está em um país diferente, deve adotar os costumes locais.

— Bem, eu concordo com isso. — Shou pegou o carrinho de Ochako. — Mas vamos te dar alguns dias antes de cobrar que você fale italiano fluente.

Emi-san deu um tapa bem-humorado no braço do marido.

— Pare. Ela está aqui para nos fazer um favor. Nós temos que ser gentis. — Então segurou a mão de Ochako e a puxou, seguindo Shou até a saída. — Estou tão contente por você ter conseguido vir. Não imagina o alívio que foi para nós. A irmã do Shou vai ter um bebê no fim do mês e não tem ninguém para ajudá-la. Eles são órfãos, sabe? Então vamos para Florença para cuidar dela, mas não podemos deixar a villa sozinha.

Um Verão na Itália Onde histórias criam vida. Descubra agora