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Não tendo nada, nada ele poderá perder.
— Henrique VI, parte III

Katsuki Bakugou se recostou na cadeira, esfregando o rosto com as mãos. A barba de três dias arranhava a sua pele. Ele não se dava o trabalho de se barbear desde que fora contatado pelo jornalista; não parecia valer a pena.

— Não entendo — ele disse, finalmente. — Qual seria a razão para ela ter vendido essa história?

Tsunagu Hakamada cruzou os braços e inclinou a cabeça para o lado enquanto olhava para Katsuki. Eles se conheciam havia seis anos, desde que Katsuki se mudara para Hollywood e fora encaminhado para a Best Jeanist Agency. Com uma oferta de filme já em mãos, Tsunagu o pegara como cliente. Desde então, a carreira de Bakugou tinha crescido rapidamente, primeiro participando da franquia do filme Brisa de verão e depois nos principais papéis que apareceram após o sucesso inicial.

— Publicidade. — Tsunagu deu de ombros. — Todo mundo quer, até Yaoyorozu Momo. Ela vai ter um lançamento em breve e precisa colocar o nome nos holofotes.

Katsuki podia sentir a agitação dentro dele.

— Mas essa história está cheia de mentiras. Eu não sabia que ela era casada. Ela me disse que tinha se separado. Essa matéria me faz parecer um babaca sacana.

Só a manchete foi o suficiente para fazê-lo se sentir mal. "Yaoyorozu Momo: O Sr. Bonzinho de Hollywood foi um safado na cama. E eu adorei!"

— Não podemos conseguir uma retratação? — Katsuki perguntou. — Mandar uma nota, processá-los ou algo assim? Talvez eu devesse chamar minha relações-públicas?

— Já liguei para a Melissa. Ela está cuidando do caso agora. Mas me diga, Katsuki. Por que você quer abafar os rumores?

Katsuki parecia decepcionado.

— Porque é constrangedor demais. Tudo o que ela disse que nós fizemos... metade não é verdade. E a outra metade eu preferiria que ninguém soubesse. Sabia que estão me chamando de "Britadeira"? Que espécie de apelido é esse? Já está no site do TMZ.

A boca de Tsunagu se contraiu.

— Britadeira, hein? É um apelido muito bom, se é que você me entende.

Katsuki fechou os olhos, apertando a ponte do nariz entre o polegar e o indicador.

— Mas é completamente exagerado. A Yaoyorozu e eu só tivemos alguns encontros, e até onde eu sabia ela estava solteira. Fomos mais amigos que qualquer outra coisa. A matéria está cheia de mentiras. — Ele suspirou. Sua cabeça estava começando a doer. Ele não havia dormido na noite passada, ocupado lendo todos os sites que conseguiu encontrar, pesquisando seu próprio nome para descobrir o pior. Tudo aquilo que Tsunagu dissera que ele nunca deveria fazer.

— Que parte você quer que a gente diga que não é verdade? — Tsunagu perguntou. — A parte em que ela te chama de animal na cama, ou a descrição de você como pegador?

— Eu deveria ficar lisonjeado? — Katsuki revirou os olhos. — Isso tudo é muito constrangedor.

Tsunagu ergue uma sobrancelha grisalha. Sendo vinte anos mais velho que Katsuki, sem dúvida ele já tinha visto de tudo. Morador de Hollywood e profissional experiente, enquanto Katsuki ainda era um iniciante, Hakamada raramente se sentia perturbado por alguma coisa.

— Mas você sabia que ela era casada. É uma informação conhecida por aqui.

— Achei que você ficaria do meu lado! Pra mim eles estavam separados. Não posso nem sair do meu apartamento sem que as pessoas riam da minha cara. Não consigo escapar disso. E quando os meus pais descobrirem? Meu Deus, não vou nem conseguir encará-los.

Um Verão na Itália Onde histórias criam vida. Descubra agora