Às 8 da manhã minha mãe me acorda, diz para eu tomar café e me arrumar, que ainda há um mundo inteiro lá fora. Faço tudo que manda sem ao menos pensar. Como, tomo banho e me visto, coisas básicas, mas ao mesmo tempo parecem tão difíceis. Minha mãe então me manda passear, diz que há coisas incríveis que preciso exploram, por um breve momento me lamento, pois já não quero sair, prefiro ficar só em meu quarto, escrevendo poesias, fazendo retratos, lendo. Mas vou, ela preferiu assim.
A alguns dias me perguntaram quais são meus vícios, respondi álcool, café, música brega, poesia, e observar vidas alheias. Então ele perguntou, "o que seria ser viciada em observar vidas alheias?" Respondi calma, mas nem tão breve. "As vezes observo mães passeando com seus filhos, pessoas passeando com seus cachorros, pássaros voando, crianças brincando, observo a felicidade nos olhos, mas a solidão também, vejo que nem sempre um sorriso é de felicidade ou uma lágrima de tristeza, nem todo abraço é de boas vidas, as vezes é para dizer adeus. Observo como pessoas parecem ser felizes, aproveitando a vida ao máximo e logo após, me observo."
Me observando, reparei que deixo minha mãe decidir o que faço, pois por mim ficaria o dia inteiro no quarto, sem comer ou tomar banho. Vejo que não saio e nem sou amigável, que não faço boas escolhas e nem mesmo tenho alguém ao meu lado. Escrevo poesias pois não consigo dizer o que sinto, me "rabisco" para vê se me sinto um ser vivo.
Faz muito barulho aqui dentro, ouço vozes e me lamento. Ser amargo que me tornei e nas sombras profundas da solidão me afoguei. Jogo aos ventos tudo que sou, espero que ele me sopre um pouco de amor, já que em minha vida até hoje só obtive rancor.