O círculo de fogo I

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—Ei Pete, Acorde — Eu ouvi uma voz suave ao longe.

—Vamos! Hoje é o dia, certo?

A luz do sol entrava por uma fresta da janela, aos poucos fui tentando me sentar na borda da cama. Abri a janela, estava um dia lindo fora da mansão, os passarinhos piavam, tudo era cercado por árvores, a vista, só uma estradinha de terra conectava a mansão ao longo da floresta.

Estou entrando! — Uma voz doce e entusiasmada entrou, minha mãe estava lá, uma bandeja de prata levitava a sua direita. Ela usava um vestido branco, os cabelos longos negros bem cuidados se formavam em uma trança, os olhos verdes brilhavam na luz da janela, minha mãe era pálida como neve, como quem raramente toma sol. A expressão em seu rosto lembrava uma criança que acabara de ganhar um presente, feliz e alegre.

—Pete! — Ela me abraçou fortemente — Feliz aniversário meu filho! 

 —Você tá me apertando mãe. 

 —Ah! — Ela me soltou e pegou a bandeja — Tome! Já é tradição certo?

Minha mãe tinha essa tradição antiga de sempre trazer um bolo na cama quando era meu aniversário, eu sempre achei um exagero, mas aprecio sua preocupação, e honestamente, eu fazia o mesmo no aniversário dela.

—Como se sente completando 13 anos? — Disse ela. 

 —Não me sinto nem um pouco diferente.

Ela riu.

—É a sua cara mesmo! — Ela deu um beijo na minha testa — Se arrume, hoje vamos dar um passeio! Me encontre lá em baixo quando terminar.

Me levantei da cama, coloquei uma calça preta e uma camisa branca, arrumei meu quarto e o observei antes de sair, era grande e espaçoso, a cama ficava em baixo da janela, um guarda-roupa grande na parede contrária e uma estante ao lado da cama. Em cima da estante, estava um poleiro para aves. Fawlk o familiar de minha mãe dormia ali, Fawlk estava comigo desde pequeno, eu conseguia entende-lo, assim como minha mãe. Hoje, Fawlk não estava lá para me acordar, provavelmente minha mãe pedira que ele realizasse alguma tarefa, você sabe, coisas que águias falantes azuis fazem.

Antes de sair, me olhei no espelho, meu cabelo era como o de minha mãe, minha franja preta já estava ficando na altura dos olhos, a última vez que ela me medira, eu estava chegando perto de 1.70, espero continuar crescendo assim.

Fechei a porta. A mansão toda era muito escura e fria, mas era minha casa. Desde que eu e minha mãe estivéssemos ali, eu não me incomodava com isso.

Eu e mamãe não saiamos muito da mansão, as únicas pessoas que eu conhecia eram o mordomo Tiago, um homem baixo calvo com um bigode cheio, e a senhora Magnólia, uma mulher um pouco mais velha que cozinhava para nós, todos eles eram extremamente gentis comigo e eram parte da família para mim.

Ah, não sei se ficou muito claro, mas eu e minha mãe somos bruxos, na verdade, todos na mansão éramos bruxos. A única diferença entre nós, é que por algum motivo eu e minha mãe fazíamos magia apenas com as mãos, não precisávamos de varinha, mamãe sempre dizia que era genética de família. Além dos três da mansão, eu nunca conheci outro bruxo.

Desci as escadas do segundo andar, o piso de madeira rangia como sempre, na parede, pinturas minhas e de minha mãe eram aos montes.

No piso de baixo, a luz do sol entrava pelas grandes janelas. Chegando perto da sala de jantar, ouvi uma conversa entre minha mãe e Tiago.

— Senhora, sobre aquela última encomenda, quando podemos marcar a entrega? — Tiago esboçava um certo tom de preocupação na voz, parecia ser algo importante.

Peter Henryk e o inimigo da serpente.Onde histórias criam vida. Descubra agora