Capítulo Onze

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Na semana seguinte, me comporto como uma boa menina, indo de casa para a escola, sem fazer nada que levante nenhuma suspeita da minha mãe, esperando que, assim, ela não prolongue demais esse castigo. Mas, quando o fim de semana ocioso passa, e minha mãe não faz nem menção de que vai me deixar livre, começo a perder um pouco as esperanças.

Cyrus, todos os dias vem falar comigo, dizendo que quer muito que nos encontremos de novo, e eu tenho que dizer que não posso, que minha mãe está deixando minha rédea curta. Ele parece disposto a esperar que meu castigo termine. Mas não posso ter certeza de nada, ainda mais agora, que eu percebo os olhares que Verena lança para ele direto, e como Cyrus fica meio bobo na presença dela.

Se ao menos tivesse um jeito de eu acabar logo de vez com esse castigo!

É o que estou pensando, quando chego da escola, na terça-feira, e escuto risadas vindo da cozinha. Atravesso a enorme sala de estar, já vendo no corredor Karen sentada no balcão da cozinha com uma xícara na mão, conversando animadamente com minha mãe.

- Eu lembro! – minha mãe diz, com ar risonho – aquele corte de cabelo era ridículo!

- E você achava um máximo – fala Karen, sacudindo os ombros ao rir.

- Não achava não! – minha mãe nega.

- Achava sim! Não tente negar agora que você tem noção do quanto era vergonhoso.

- Tudo bem, tudo bem, eu achava que estava arrasando.

- Pelo menos o seu desastre capilar chamava mais atenção para mim.

Mamãe bate no braço de Karen de brincadeira.

Paro na entrada da cozinha, sem querer interromper as duas. Deixo minha mãe me notar primeiro.

- Oi, meu amor! Não sabia que já estava na hora de você chegar. A conversa com a Karen está tão interessante.

- É, eu tenho uma lábia muito boa – Karen dá uma piscadela brincalhona para mim – nossa, esse é o seu uniforme da escola? Mas que gracinha!

Fico meio constrangida em como ela me elogia com tanto entusiasmo.

- Obrigada – eu digo com as mãos segurando meu blazer na frente do corpo.

- Queria poder usar uma saia dessas na minha época – continua Karen – na minha escola, as saias chegavam nos joelhos.

- Na escola da Perrie também é assim – mamãe se intromete, ao mesmo tempo que cuida das panelas no fogo – ela que inventou de encurtar a saia.
O que eu não gostei, achei que ficou muito curta.

Com essa, eu tampo mais a frente do corpo com o blazer, envergonhada.

Eu costumava apenas dobrar a minha saia na escola e a desdobrava quando chegava em casa para que ela voltasse ao tamanho normal. Mas deixei Chloe me convencer a me arriscar um pouco e cortar minha saia, como a dela. Achei que essa pequena mudança não seria nada demais. Me enganei feio, pois mamãe não aprovou desde o primeiro dia que me viu assim.

- Deixa de ser tão chata, Laura! – Karen releva o que mamãe diz – a menina tem pernas lindas, tem que mostrar mesmo – ela sorri com os lábios pintados de vermelho para mim.

Sorrio de leve, agradecida.

- E falando em pernas lindas – Karen emenda – meu filho também está aqui para te ver.

Meu estômago se revira um pouco com o tom cheio de conotações dela.

- Verdade? – eu pergunto com a voz vacilante – onde?

Sue Me - Volume 3 | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora