Alienação

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Seungmin não sabia se ignorava Hyunjin ou mandava-o voltar para a casa. "Que diabos ele está fazendo?!", se perguntava. O Kim olhou para o relógio carrilhão — o qual emitia um belíssimo som a cada hora ou intervalo — e descobriu que se passava das três da madrugada. Virou-se de frente para a janela mais uma vez e encarou o maldito sorriso do loiro, vendo-o acenar novamente e chamá-lo pela mão para ir até o jardim. Porém, Seungmin não sabia como fazer aquilo sem ser pego por algum guarda noturno.

Fez sinal para que o Hwang aguardasse e fechou a janela, voltando para o centro de seu quarto.

– Como eu vou descer? – Indagou para si mesmo, quase cavando um buraco no chão. – Eu não posso deixar o coitado esperando… A poção de invisibilidade do Minho seria uma boa agora!

Suspirou, passando a mão direita no cabelo, que mais parecia uma vassoura velha, e aproveitou para arrumar um pouco. Em poucos instantes ele já abria a grande porta de seu quarto com o maior cuidado do mundo, temendo em fazer qualquer barulho e chamar atenção até mesmo de algum criado sonâmbulo. Passou os olhos pelo corredor amplo — agradecia pela lua estar iluminando o local — e até pensou em engatinhar, entretanto, começou a andar nas pontas dos pés, ou como sua mãe dizia anos antes quando eles brincavam de esconde-esconde, andar de fininho.

Mesmo que estivesse sendo o mais cauteloso possível, seu coração fazia mais barulho que as cozinheiras na hora do almoço. Era estranho e uma sensação diferente, a única vez em que seu coração havia quase saído pela boca fora quando começara a ver Hyunjin com outros olhos, e aquilo fazia muito tempo. Não queria que notícias como: "Príncipe Kim Seungmin, do reino Hoang Cong, falece devido à problemas cardíacos" se espalhassem nas próximas semanas, mas se Hyunjin continuasse com a insistência de ficar perto do Kim, aquilo poderia facilmente acontecer.

No capítulo anterior eu havia dito que Seungmin conhecia tão bem o castelo que conhecia uma passagem secreta, pois bem, enquanto descia as escadas em silêncio, ele lembrou que possivelmente daria para ir até o jardim por aquela passagem. Não era em um lugar subterrâneo ou em uma das torres do castelo, era no térreo e então, considerava fácil de se encontrar, mas aparentava que ninguém sabia da existência da pequena porta, ou eles só se faziam de sonsos, como se aquela passagem fosse perigosa ou algo do tipo. Ela ficava em um vão entre a parte interna atrás da escadaria principal e era coberta por um grande vaso valioso.

Se imaginou quebrando a peça enquanto tirava-a da frente da porta, e após suspirar vitorioso, deixou-a do lado da passagem. Naquela hora, havia guardas apenas nas portas principais e dois em frente ao quarto do rei e da rainha, ou seja, nada podia impedi-lo. Andou um pouco, até encontrar Hyunjin agachado, enquanto mexia nos arbustos floridos.

– Oi! – Exclamou não tão alto, se levantando com algumas frutinhas na mão direita. – Quer uma? São deliciosas!

– Não são venenosas? – Indagou, se aproximando e encarando o arbusto.

– Bem… – Arregalou os olhos. – Eu… acho que não… Meu Deus e se forem?! E agora o que eu faço?!

– Calma! – Riu, roubando uma frutinha da mão do maior e colocando na boca. – Estou brincando! Minha mãe colhia antigamente e a gente comia quase todo dia.

– Ah… A vossa majestade não colhe mais? – Questionou, preocupado se estava sendo muito invasivo.

– Não. – Respondeu cabisbaixo. – Ela se afastou e agora só se remete a mim quando é para falar sobre os deveres de um príncipe. – Imitou a voz de sua mãe.

– Eu imagino que às vezes ser um príncipe e obedecer às ordens da realeza deve ser bastante chato e exaustivo. Mas você não pratica nenhum esporte? Nem anda a cavalo? – Se sentou no gramado.

Pedrinhas Sobre a Ventana - Hyunmin/SeungjinOnde histórias criam vida. Descubra agora