Condenado

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Seungmin havia perdido toda a sua vontade de viver quando estava de frente para o rei e a rainha de Cong Chuá. E não estou nem falando da princesa, que usava um vestido azul comprido e carregava em seu rosto uma expressão indecifrável. Seungmin não sabia se ela estava contente com a sua visita ou se estava odiando aquilo tanto quanto ele. Os pais de ambos se cumprimentaram da maneira mais formal possível e o príncipe se viu obrigado a fazer o mesmo.

Eles ficaram até o jantar.

Todos estavam sentados nas cadeiras mesmo antes da refeição ser posta na mesa, e apenas os superiores ali mantiam uma conversa carregada de conforto. Suhyun acompanhava tudo com um interesse desconfiável e o sorriso pequeno não se desmanchava. Quando ela virou uma fantoche controlada? Era apenas isso que se passava pela cabeça do jovem Kim.

Apesar de ser bem convincente, ele sabia que a princesa estava desconsolada e o sorriso era completamente falso. Em nenhum momento daquela noite eles se encararam ou falaram algo, porém, ambos sabiam que teriam mais jantares como aquele e seriam novamente obrigados a obedecer. Teriam que se juntar, querendo ou não.

Durante a volta - após uma despedida de longa duração por parte dos pais de Suhyun -, o pai de Seungmin o advertiu, como o previsto. A carruagem podia ser bonita e lembrar o conto de fadas Cinderela, mas dentro do automóvel não havia uma mulher com um vestido azul, e sim pai e filho, que discutiam bravamente.

"Vocês sabem que eu não quero isso!"

"Se dirija a mim da maneira correta, Seungmin!", gritou o homem.

"Não precisamos criar um alarde", pediu a rainha. "Seungmin, sabemos que você acha isso um absurdo, mas esses acordos são irreversíveis."

"Vocês são muito hipócritas ao ponto de continuar com isso!"

"Não irrite mais o seu pai", pediu a mulher, carregando um olhar de súplica.

"Vocês se distanciaram de mim justamente por causa desse casamento! Estão querendo o quê?! Me educar?! Me apresentar mais regras inúteis?! Vocês não se importam comigo e eu não quero viver a mesma vida de merda que a de vocês!"

"Príncipe Kim Seungmin!", bradou furiosamente seu pai. "Esta não é a maneira correta de falar conosco e eu exijo respeito!"

O rapaz apenas riu ironicamente.

"Você terá uma punição", disse Sungsoo, chamando a atenção do Kim mais novo. "Sinto-lhe informar que será trancado em seu quarto por dois dias. Ninguém vai entrar ou sair. Você quer uma vida de merda? Pois bem, será uma honra deixá-lo sem comida ou bebida."

"Punição demasiado severa não é educar, querido", Bitna protestou, tentando evitar qualquer infortúnio.

"Ele não quer educação. Não vê que ele jogou tudo o que ensinamos a ele no lixo? Ele é completamente irresponsável", respondeu. "É influência daqueles dois amiguinhos da aldeia. Se você não tivesse ido com ele para a cidade, ele seria comportado. Toda essa malcriação é culpa sua!"

"Não os envolva nisso e não fale assim com a mamãe!", Seungmin disse entredentes, quase partindo pra cima do rei. "Eu não sou burro, muito menos sem educação. Apenas estou seguindo os seus aprendizados, papai. A culpa é sua, de mais ninguém. Eu não quero e nem vou me tornar o que você é!"

"Você vai", retrucou de forma rude. "Não aceito traições. Comporte-se, Seungmin, ou será levado para a masmorra antes mesmo de tentar fugir daqui."

Coração de pedra. Seu pai tinha um coração de pedra, e Seungmin receava que isso fosse acontecer com ele também. O posto de homem bonzinho do rei havia evaporado fazia tempo. O príncipe cresceu e ele virou um brutamonte que só seguia regras e mais regras rígidas e todas sem sentido. A solidão, a tristeza e a amargura podem trazer resultados trágicos.

Pedrinhas Sobre a Ventana - Hyunmin/SeungjinOnde histórias criam vida. Descubra agora