Capítulo V

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          — Não vamos explicar a possibilidade ou capacidade da nossa ciência. Isso seria um pouco maçante. E sim de certa forma somos imortais. Nossa consciência pelo menos é. E sim, você não perguntou, mas já vou me adiantar, esse é o corpo original da nossa espécie, ou já foi um dia. É modificado geneticamente, mas ainda assim é como somos. E não. Não estamos infiltrados na terra. O que seus cientistas falam sobre ainda não termos nos revelado oficialmente, é verdade. Não interferimos em nenhuma espécie, principalmente de classe G para baixo. Então fique despreocupado, seu pai não é um Alien. Estamos apenas medindo vocês.

          — Puta merda! Isso é inacreditável cara! Por que vocês me abduziram? Por que eu?

          — Você não tem nada de especial se é isso que está pensando. Só estamos tentando corrigir um processo que acontece com todos vocês. Todos são analisados e de todos são coletados dados. Estamos acompanhando a sua espécie há muito tempo. A única coisa que você tem de especial é um erro que um membro nosso cometeu ao apagar sua memória.

          — Como assim? O que aconteceu? Vocês vão me apagar? Apagar tudo isso da minha memória?

          Sua voz não sai mais desesperada e trêmula. Agora tem um certo peso e inconformismo. Há uma sensação de perda antecipada, a perda do conhecimento mais importante que poderia ter no mundo. Não queria que sua memória fosse apagada. Nela tinha algo precioso agora. Queria saber de tudo aquilo, queria fazer parte daquilo tudo. Sua afeição decai para um desanimo indisfarçável e ele tenta aceitar que não tem outro jeito. Se soubesse daquilo tudo depois de sair dali e se ainda sair dali realmente, se eles não estiverem mentindo para ele, sua vida não faria mais sentido, ele saberia de tudo. Saberia de algo que sua espécie apenas suspeitava e, é claro, quem iria acreditar nele? Ele não queria ter a memória apagada, ele queria aquele conhecimento. O conhecimento potencialmente excitante e aterrorizante de saber que não se está sozinho no universo.

          — Sim vamos apagar. Como disse foi um erro. Por isso você se lembra da cena da abdução quando você era mais jovem. Descobrimos recentemente esse erro em uma nova varredura.

          — Mas quem são vocês? Por que estão me contando isso?

          — Faz um bom período que não viemos para esse perímetro. Somos responsáveis pelo acompanhamento da sua espécie e, é tudo que você precisa saber, logo não vai lembrar de nada. Reforço que você não é especial e você sabe disso, sempre soube. Sua espécie não foi diferente de nenhuma outra no estágio pelo qual estão passando. Totalmente previsível, embora seja a segunda vez que passam por esse estágio, mas tem algumas pessoas que ainda se interessam e assistem vocês. Eu acho meio maçante. Embora, uma vez ou outra vocês despertem algum interesse.

          — Assistem? Como assim assistir nós?

          — Acompanhar o desenvolvimento da sua espécie. Meu parceiro adora vocês. Eu não sei muito bem o que ele vê. Mas não vou censurá-lo. As apostas em vocês não são muito boas. Geralmente apostam que não passam para a próxima fase. Estão com sorte que conseguiram outro planeta. É engraçado como uma espécie que se desenvolveu tanto a ponto de migrar de planeta, conseguiu regredir tanto. Vocês são meio famosos por isso lá fora. Mas hoje em dia, poucos acompanham vocês.

          — O que você está dizendo? que nós já moramos em outro planeta? E que somos uma espécie de programa de TV no seu planeta?

          — Sim e Sim. Vocês esterilizaram o que hoje chamam de marte. Sua espécie entrou em colapso. Perderam toda a cultura e a história, com ela toda a tecnologia e memória evolutiva. Embora isso tenha sido um caso bem raro com uma espécie que já estava quase alcançando a federação. Mas vocês estão repetindo tudo de novo. Por isso os outros perderam interesse em acompanhar vocês. É bem cansativo.

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