Caramelos

Caramelo doce

Capítulo 1 - Por Talisson

***

Ano 2013, quase no final...

— Paixão, hoje eu conversei com a patroa, a mulher quase teve um surto.

— Esse dia ia chegar. Ela estava bem ciente.

— Passaram voando os três anos que fiquei lá. Mas eu tô certo que é a melhor decisão.

— Espero que ela entenda. 

— A Milena ficou triste, mas deu o maior apoio. Afinal, são cinco anos de planos, planos e sacrifícios, né meu amor? Dá um friozinho na barriga quando penso que vamos viver só disso. Seu eu estivesse conversando com minha mãe, ela ia me desencorajar porque pensa que alguém como eu deveria estar empregado e dar valor a isso... sabe. Pra ela, é besteira se arriscar.

— Mas eu, seu mozão, seu tudo, céu, terra e mar, sou o apoio em pessoa. Até porque vossa graça, me fez pedir demissão há quarenta dias atrás também. Frio na barriga foi o que eu senti.

— Tava puxado pra você, Talisson. 

— Culpa sua que as coisas estão dando tão certo. És todo organizado, certinho, cheios de planos que quase derrete minha orelha de tanto falar. Sério, o dia em que está inspirado, tu fala mais que o homem da cobra.

Em resposta, ele me dá um peteleco no peito e depois o beija, esfregando a cara na minha camiseta para me cheirar.

— Vamos comemorar?

— Por mim, transava contigo aqui mesmo...

— Calminha, eu falei de comemorar, jantar, beber vinho, noite romântica.

— Posso ficar romântico em segundos, é só olhar pra você, coisa bonita. Poupançudo...

— Tá sempre com fogo aceso.

Como me orgulho dessa pessoa e daquilo que construímos juntos em cinco anos de namoro, mesmo sem dividirmos o mesmo teto, claro. Alessandro, meu pretinho é meu porto seguro, meu paraíso, meu oásis cheio de momentos deliciosos. Só tenho coisas boas suas para falar. Aliás, sua beleza começa pelo nome, Alessandro.

Bem, somos um casal de namorados que planejou abrir uma loja com artigos para decoração de festas infantis, a Caramelos. Em parceria certa com dois amigos fotógrafos, um doceiro fino e nós dois com a sugestão, decoração e a organização pós-evento, nos preparamos, investimos, trabalhamos muitíssimos finais de semana para aperfeiçoar e fazer nosso nome, até podermos viver somente disso. Um sonho que está se realizando.

Bem, somos românticos totalmente diferentes um do outro, então quanto à comemoração, eu queria agarrá-lo ali mesmo, mas Alê hesita em se entregar. É uma frescura sua. Ele busca por essência de baunilha quando eu quero colocar uma dose de rum na receita de nossa relação. Ele é de Câncer, eu sou de meio solto, sem essa de horóscopos comigo, pois não acredito, mas dizem que é o signo dele o culpado pelas pieguices na relação. Comigo se quero transar, quero transar e pronto, já ele precisa enfeitar com flores e aromas nosso ambiente. E por isso nossa comemoração que por mim, seria no banheirinho da sala comercial vazia, acabou sendo num motel caro, um dos melhores e ainda tive que pagar um vinho espumante que ele decidiu abrir sem me pedir se podia.

— Minha vida, quando fizermos o projeto da nossa casa, quero um quarto mais ou menos cinco por cinco com um banheiro que dê pra colocar uma banheira no futuro.

— Pensando bem, à longo prazo, um quarto assim vai nos fazer economizar com motel.

— Amor, deixa de ser tão capricorniano!