Capítulo 7

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Roberto 

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Roberto 

" Quem disse que homem não chora 

Em dia de visita qualquer hora é hora

O sofrimento da coroa que entristece

Isso é o pior, o verdadeiro peste

Se desesperar não posso, não devo, não quero

Sei que ela prefere aqui do que o cemitério

Se ela pudesse ficaria no meu lugar

Amor de mãe impossível de explicar, não dá

Varrendo ruas conseguiu me criar

Em troca eu só faço ela chorar

Isso não é nada justo, isso não se faz

Eu juro minha mãe não vai sofrer nunca mais "

Ouço o sinal tocar informando que acabou mas um dia de visitas, sigo em direção a cela, aqui quem não tem visita fica em um pátio a parte pra não dar confusão, eu não tenho ninguém que possa me visitar. Então fico por aqui matando o tempo.

Cai nessa vida por pura e extrema necessidade, trabalhava numa gráfica minha coroa era cobradora de ônibus, perto de se aposentar começou a passar mal depois de vários exames descobriu um câncer no pulmão, aí veio a loucura atrás de consultas e exames, e quando entrou na empresa optou por não ter convênio devido aos descontos. A doença já estava no estágio 2 ela foi afastada do serviço, e começou o tratamento. Minha irmã tem só 16 anos e por isso não podia acompanhar ela nas consultas, com isso comecei a faltar e pedir pra sair mais cedo, no início foi tranquilo e o chefe entendeu, mas depois de um tempo já me olhava torto, resmungava, até que por fim resolveu me demitir. Tinha 3 anos de trabalho, os direitos que recebi foi o que deu pra segurar por um tempo, a coroa precisou passar por uma cirurgia, as coisas foram ficando apertadas, contas acumuladas, prioridade era pagar aluguel pra não ficar na rua, colocar comida na mesa e os remédios da minha mãe. E vou te falar nem pra isso dava, maior sufoco.

Deu pra enrolar por 1 ano e pouco, mesmo fazendo todos os bicos que foram aparecendo, apertou ainda mais as coisas, aí um colega me chamou pra ganhar uma grana fácil, palavras dele. Eu sabia que era errado e deveria ter ouvido a coroa e não ter feito besteira, mas o pensamento de ficar pelo menos 6 meses sem preocupação com as dívidas e o desespero de não saber mais o que fazer pra dar conta me fez aceitar, era um assalto em uma relojoaria no shopping. Nunca tinha feito nada de errado na vida, mesmo tendo alguns colegas envolvidos. Deu merda quando um dos caras acionou o alarme sem perceber, fomos sair de fuga, mais a merda já estava grande, cercado de polícia, os caras pegaram um refém pra tentar sair, mas na troca de tiros com a polícia resultou em mano tombado, e aí eu vi a bosta que tinha feito da minha vida, não tinha mais saída, naquela hora pensei em todo o sofrimento que iria causa na minha coroa, e entre o caixão e a cela preferi a cela, pelo menos um dia vou poder sair.

Falar que tô comendo o pão que o diabo amassou aqui dentro é fazer elogio a esse lugar, peguei uma pena de 4 anos e meio, cabeça fica a mil a coroa tá na fase final do tratamento, mas só recebe o auxílio da caixa, minha irmã vai ter que começar a trabalhar para ajudar nas despesas, já está pra fazer 18 anos, e eu aqui sem poder ajudar, e só piorando a situação pelo desgosto e tristeza que dei a ela.

Uns dias depois que cheguei um cara da cela quis folgar pra cima de mim, estava numa cela com mais 9 caras podia nem respirar direito, cara veio pra cima por causa de espaço pra dormir, tomei uma surra e ninguém se mete, os caras da cela só olhando. Acordei na enfermaria e depois disso me transferiram de cela e assim conheci o Faraó, vendo o estado que cheguei lá, o cara quis saber minha história, no início fiquei meio receoso, mais decidi contar tudo, e depois disso ele meio que me adotou como irmão dele.

Sempre divide o jumbo que trazem aí pra ele, cada semana era uma mina diferente até que há uns 15 dias atrás começou a vir uma japinha, gostosa demais.

Ele faz uns trampos aqui na cadeia, da aula de manutenção em micro para os caras, e tô participando também, ele me colocou de assistente dele, ocupando a mente o tempo passa mais rápido aqui.

"Mãe sei que eu errei, não te escutei

Se puder me perdoa, eu vou voltar

Mãe, eu vou voltar"




Maitê 

2 meses e meio depois

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2 meses e meio depois...

3 de setembro

Essa semana não tá fácil, chovendo sem parar, a feirinha fica sem movimento assim, mas temos que está lá todos os dias sem falta, depois do desfile de moda praia surgiu mais dois trabalhos para catálogo de loja o que foi um alívio, sei que não é nada grandioso né, mas tá bom. É uma graninha a mais que entra, e meu rosto sendo mais conhecido por ai.

O clima na Angels anda insuportável, a Ashley conseguiu um contrato bom e anda soltando piada o tempo todo, não pode me ver que começa o deboche falando que não sabe pra que me dedico e estudar tanto se não sou capaz de ser selecionada para uma boa campanha.

Há uns 15 dias minha mãe e meu irmão passaram o fim de semana aqui comigo, meu irmão amou São Paulo, já minha mãe disse que não troca por nada a paz de Bonito, já estou com saudades deles, do meu pai então nem fala.

De manhã recebi uma ligação da agência avisando que a Flora queria falar comigo, espero que sejam notícias boas. 

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O que acharam do Roberto

Qual será a conversa da nossa  menina com a Flora....

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😘T&P

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