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Maitê
15 de Maio de 2016
Terça-feira 5:30 da manhã, 12°graus, quem diz que em São Paulo não faz frio mentiu, e pra ajudar mais ainda tô acordada madrugada toda trabalhando aqui na feirinha no Brás, nem a temperatura baixa afasta o povo, aqui a movimentação é o tempo todo, as barracas começam a ser montadas a partir da 1h da Madrugada e quanto mais cedo o povo chega menor é o preço. Eu pego o horário de movimentação frenética, chego por volta da meia noite pra montar a barraca faço 12 horas de trabalho aqui em uma barraca de roupas, a dona nem as caras dá por aqui, ela tem mais 4 barracas na feirinha com 2 vendedora por período, e na parte da tarde corro para agência atrás do meu objetivo maior, os trabalhos de modelo.
Engraçado é que achei que seria fácil sabe, na minha mente era só chegar aqui em São Paulo procurar por uma agência de modelos, tirar umas fotos e aí pronto seria só sucesso. Doce Ilusão.
Fui bem ingênua eu sei, tenho 19 anos estou em São Paulo há 9 meses, sou de Bonito-MS, amo a minha cidade, trabalho desde os 15 anos como jovem aprendiz em uma agência de ecoturismo, amava planejar os passeios dos turistas, as vezes dava uma de guia para alguns grupos, já sou nascida e criada lá, e foi por isso que eu acabei vindo tentar a sorte de modelo em São Paulo, eram tantos elogios, e tantos turistas falando que eu deveria ser modelo, que juntei a grana do meu trabalho e o que recebia de gorjeta dos turistas ou ganhava dos meus pais, tios e primos de presente as vezes, a minha família não é rica meus pais juntaram com um tio meu e administram uma pequena pousada lá na nossa cidade, dá pra viver sem muitos apertos com a renda que vem dela, mas na baixa temporada do turismo e necessário aperta o cinto e controlar os gastos.
E aqui estou eu lutando nessa selva de pedra, cheia de saudades de casa e do colo dos meus pais e do mato como dizem, aqui é puxado tenho que vender o almoço para ter o que jantar, moro numa kitnet no centro porquê e mais fácil me locomover, até porque o centro e o foco de tudo por aqui, só que isso leva metade do meu salário, o dinheiro que tinha guardado gastei com book e alguns cursos de comportamento e passarela, nunca pensei que ficaria sem grana tão rápido. Na verdade, não tinha noção que nesse mundo fashion tudo é muito caro.
Maitê - Ana já mandei o valor do meu caixa pra dona Perla tá, Giovanna não veio hoje disse que a filha estava doente.
Ana - Ela tá brincando, anda faltando muito sabe que a patroa não aceita falta, depois não tem como reclamar.
Maitê - Bom eu não falo mais nada. cada um sabe onde seu calo aperta né.
- Vocês estão se preocupando atoa, ela tá é arranjando outro emprego e vocês aí igual duas otários preocupadas. - Aline falou revirando os olhos, ela é a outra garota que ficava na barraca na parte da tarde junto com a Ana.
Maitê - Bom se for isso boa sorte pra ela, eu vou indo meninas. Até amanhã.
Ana - Aproveita pra dormir Maitê, você anda parecendo um zumbi. Desse jeito qualquer hora vai cai dura na rua, garota.
