Narrado por Angelo Lessa Ѽ Cinderela I
— Que perfeito! — pensei alto.
— Não há nada perfeito, Angelo. Ele simplesmente é o meu patrão. E ele me olhou... Daquela forma... — Benjamin mal conseguia se expressar. Estava atormentado, encolhido, abraçando um ursinho velho.
Eu sorri de nervosismo. Olhei para cima, encarando Ítalo. Estava deitado em seu colo, sentindo seus afagos.
— Mas... Você sabe... Imperador, roda da fortuna, namorado... — fui dizendo lentamente.
— Para Angelo, era sobre o emprego!
— Não era apenas sobre o emprego — retruquei. — Posicionei os arcanos de meu deck para que ele visse, Ítalo observou calado. — A conclusão, a carta resumo de todas essas é o Ermitão.
— A posição de um homem mais velho, buscar sabedoria, ocupar um alto lugar na hierarquia após passar por um exílio interior — Ítalo murmurou enquanto afagava a minha nuca.
Concordei.
— Entre a carta do carro e a roda da fortuna está a estrela — arqueei a sobrancelha. — Entre a roda da fortuna e o imperador está a temperança. Entre o imperador e o namorado está a roda da fortuna e entre o namorado e o carro está... a... morte...
Vi e disse aquilo com algo pesando em minha garganta. Pigarreei e voltei minha atenção para Ítalo.
— Não é uma morte física, é um decreto do fim de um ciclo. Seu ciclo estará finalizado depois de tudo isso, na caminhada para o namorado.
Sorri gentilmente e recolhi as cartas.
— Muito mais que um emprego lhe espera naquela casa. Talvez um...
— Ok, chega. Quando o Luuv vai estar aqui?
Dei de ombros. Era comum estarmos na casa do Luuv e ele não estar presente. Era quase que nosso clube secreto, uma república para os meninos perdidos. Todos tinham a chave, entravam quando queriam, isso era um máximo.
— Quando terminar o trabalho — Ítalo pegou a vasilha de salgadinhos e foi comendo um e jogando outro em Benjamin. — Tá namorando, hein safadinho?
— Namorando? Tá louco, Ítalo? Ele é meu chefe.
— É teu colega de sala — respondi.
— Gente, e tudo isso impede? Estamos onde, na Idade Média? Pelo menos ele é limpinho e...
— Ele é o filho do meu patrão.
— Barba bem feita, ombros largos, o braço do tamanho da sua coxa... — Ítalo imitou Benjamin, refazendo a cena onde Benjamin havia me contado como o garoto era fisicamente.
— Nós sentamos em lados opostos da sala! — retrucou, ficando vermelho.
— Você está enamorado — terminei aquela discussão boba. — É normal, ele é bonito, pelo que vocês falam. É o fogo que arde sem se ver, sabe? — ri um pouco.
— É uma ferida bem lá embaixo que se sente... — Ítalo começou a gargalhar.
— É um orgasmo latente e descontente? — brinquei, Ítalo e eu rimos alto. Benjamin continuava sério. — O que foi, Ben?
— Estou preocupado com meu pai, só isso.
— Vem cá! — puxei-o para os meus braços e o apertei bem forte, ficamos grudadinhos. Eu deitado ao colo de Ítalo e ele deitado em meu colo.
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Encantados (Romance gay)
Teen FictionRomance homoerótico recomendado para maiores de 18! SINOPSE: As pessoas acham que por sermos gays, precisamos ser robôs. Não podemos ter vontade de comer, beber, fumar, transar, fazer amor, ser o amor e viver intensamente. Benjamin, Luuv, Ítalo, Luc...