Narrado por Luuv Kjaerlighet Ѽ A Pequena Sereia II
— O paciente das 10:00 não compareceu. Peço para o próximo entrar?
Aline estava segurando a porta branca enquanto me encarava. Eu estava folheando um livro de história da arte, vendo algumas das pinturas mais conhecidas do mundo e sua história. Bocejei e peguei o celular.
— Aline, eu te bipo assim que estiver pronto, deixe-me ligar para casa, certo?
— Sim senhor.
Eu detestava que ela me chamasse de senhor, mas, ela sempre fazia isso.
A sala em que eu trabalhava era espaçosa. Possuía três estantes abarrotadas de livros infantis, clássicos e da própria psicologia e psiquiatria. Havia uma janela atrás de minha mesa que dava uma boa iluminação para a sala.
Havia também algumas poltronas em frente a uma televisão, videogame e um armário com diversas coisas dentro, telas para pintura, folhas de ofício, giz de cera, lápis de cor, etc.
— Itaah, tudo bem por aí?
— Tudo, por quê?
— Tive um pressentimento ruim. Benjamin está na aula?
— Está aqui ao meu lado, junto com o Lucas. Angelo está em casa.
— Liga pra casa e me envia um SMS dizendo se está tudo bem. Vou atender só mais um paciente e vou para casa fazer o almoço e depois volto para o consultório. Você precisa de algo?
— Um macho, um puxão de cabelo, um sexo selvagem — ele disse do outro lado da linha.
Ri um bocado e procurei a ficha do paciente. Não havia nada. Qual era o paciente das onze horas? A senhora Neuza? O Olavo?
— Te amo e em caso de emergência use camisinha.
— E eu te Luuuuuuv — ele respondeu rindo, escutei os beijos dos outros garotos.
Desliguei e bipei Aline:
— Não estou conseguindo encontrar a ficha do paciente, você poderia trazer?
— Sim senhor.
— Nada de senhor. Traga a ficha e peça que ele entre assim que você sair.
— Certo.
Aline chegou um minuto e meio depois, peguei a ficha e me levantei, peguei o jaleco pendurado na cadeira enquanto ouvia a porta se abrir.
— Pode se sentar, por favor... Thiago — disse conferindo o nome na ficha, um pouco curioso, já que aquele nome não me era estranho.
Terminei de vestir o jaleco olhando para a janela e quando me virei, levei um grande susto.
Thiago arqueou a sobrancelha como se quisesse me perguntar alguma coisa, mas, só deixou a boca entreaberta e o som pendendo nela. Eu arrumei bem o jaleco e peguei a ficha. Bipei Aline:
— Essa é a ficha certa?
— Sim senhor.
— Nada de se... Obrigado, Aline — dei um tapa em minha testa e peguei a ficha. Puxei a minha cadeira e coloquei-a em frente a que Thiago se sentava.
— Olá Thiago.
— Ei, Isloan. Ou prefere que eu o chame de Sasha?
O encarei e puxei uma prancheta. Anotei uma coisa e o olhei em tom avaliador.
— Chame como você quiser.
Estava escrito claramente em meu jaleco “Sasha Kjaerlighet”. E também em um vidro em cima da mesa, que havia ganhado de presente da minha madrinha, na ocasião de minha formatura.
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Encantados (Romance gay)
Ficção AdolescenteRomance homoerótico recomendado para maiores de 18! SINOPSE: As pessoas acham que por sermos gays, precisamos ser robôs. Não podemos ter vontade de comer, beber, fumar, transar, fazer amor, ser o amor e viver intensamente. Benjamin, Luuv, Ítalo, Luc...