Narrado por Gianlucca Ricci Ѽ A Bela e A Fera V
— PEDRO! — urrei enquanto batia contra aquela maldita janela, ela iria ceder de uma forma ou de outra. Bati meu corpo uma quarta vez contra ela, já podia vê-la rachando. Respirei fundo. Benjamin havia largado a pedra — NÃÃÃÃO!
Eu nunca havia chorado.
Era um sentimento estranho. Era como ter um vazamento inadiável, a sorte lançada.
— NÃÃÃÃO! — gritei uma vez mais e comecei a socar a janela de vidro, sentindo os meus punhos começarem a se cortar e sangrar. Não parei. Puxei todo o ar e me joguei de vez contra a janela, senti ela se dizimar em pedaços e eu caí em cima do vidro, dentro do jardim de inverno.
— Calma, cara — ele disse cinicamente — Se você quer foder ele, espera eu gozar, ainda tenho muito que bombar nele...
Não consegui esperar que terminasse, se é que terminaria de dizer algo. Senti o meu ombro e braço rasgados, mas, me ergui num salto. Puxei-o pelo pescoço e o joguei contra a parede.
— Cara, eu sou macho, não me beija — ele riu.
Minha mão afundou em sua cara. Senti o gosto de ver aquele nariz entortar e aquele olhar cínico se franzir e ficar preocupado.
— Me solta, Gian! Você está louco! Socorro!
Eu o chutei e lhe dei algumas joelhadas e depois o bati contra a outra parede até jogá-lo de volta à sala, vendo-o cair ao chão rolando. Ele se levantou e procurou algo para se defender.
— Eu só estava fazendo o que ele pediu. Ele implorou para que eu o comesse, você sabe que eu nunca encostaria em um viadi...
Pulei para dentro da sala e caí em cima dele, o derrubando novamente no chão e segurei firmemente as minhas mãos em seu pescoço.
Eu não conseguia falar nada. Eu não podia falar nada. Eu estava chorando também e não podia mais aguentar aquilo.
Ítalo caminhou suavemente entre nós e pegou o grande pilão em cima da mesa. Jogou um pouco de areia, um pedaço do vidro caído, puxou um fio de cabelo de Pedro e colocou algo que não vi. Bateu lentamente os ingredientes no pilão, seu rosto completamente indiferente, mas, eu sentia que ele borbulhava de ódio, assim como eu.
— Solte-o.
Eu não ia conseguir obedecê-lo. Eu só queria desfigurá-lo por aquela coisa que havia feito ao pequeno Benjamin. Eu não podia suportar aquela dor. E não chorava por mim. Estava pedindo a Deus para que Benjamin não tivesse sentido nenhuma dor. Eu me disponibilizaria para sentir toda aquela dor em meu corpo. Ele não deveria ter passado por isso nunca.
Minutos antes.
— Gian.
— Ítalo, oi — o cumprimentei em frente de casa. Estiquei um pouco os braços e o vi sair do carro. Ele se escorou no portão e ficou me encarando.
— O que foi?
— Você é um babaca, Gian.
Respirei fundo e cocei a minha barba. Eu iria retrucar, mas, era mesmo.
— Você me disse que estava apaixonado pelo Benjamin.
— E eu estou, cara, mas...
— Aquele dia, quando você me ligou e disse que ele estava no banheiro chorando, que você não sabia o que fazer, que iria entrar e conversar com ele, ajudá-lo, eu acreditei em você.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Encantados (Romance gay)
Teen FictionRomance homoerótico recomendado para maiores de 18! SINOPSE: As pessoas acham que por sermos gays, precisamos ser robôs. Não podemos ter vontade de comer, beber, fumar, transar, fazer amor, ser o amor e viver intensamente. Benjamin, Luuv, Ítalo, Luc...