Capítulo 13 - A Bela e A Fera V

1K 89 25
                                    

Narrado por Gianlucca Ricci Ѽ A Bela e A Fera V

 

— PEDRO! — urrei enquanto batia contra aquela maldita janela, ela iria ceder de uma forma ou de outra. Bati meu corpo uma quarta vez contra ela, já podia vê-la rachando. Respirei fundo. Benjamin havia largado a pedra — NÃÃÃÃO!

Eu nunca havia chorado.

Era um sentimento estranho. Era como ter um vazamento inadiável, a sorte lançada.

— NÃÃÃÃO! — gritei uma vez mais e comecei a socar a janela de vidro, sentindo os meus punhos começarem a se cortar e sangrar. Não parei. Puxei todo o ar e me joguei de vez contra a janela, senti ela se dizimar em pedaços e eu caí em cima do vidro, dentro do jardim de inverno.

— Calma, cara — ele disse cinicamente — Se você quer foder ele, espera eu gozar, ainda tenho muito que bombar nele...

Não consegui esperar que terminasse, se é que terminaria de dizer algo. Senti o meu ombro e braço rasgados, mas, me ergui num salto. Puxei-o pelo pescoço e o joguei contra a parede.

— Cara, eu sou macho, não me beija — ele riu.

Minha mão afundou em sua cara. Senti o gosto de ver aquele nariz entortar e aquele olhar cínico se franzir e ficar preocupado.

— Me solta, Gian! Você está louco! Socorro!

Eu o chutei e lhe dei algumas joelhadas e depois o bati contra a outra parede até jogá-lo de volta à sala, vendo-o cair ao chão rolando. Ele se levantou e procurou algo para se defender.

— Eu só estava fazendo o que ele pediu. Ele implorou para que eu o comesse, você sabe que eu nunca encostaria em um viadi...

Pulei para dentro da sala e caí em cima dele, o derrubando novamente no chão e segurei firmemente as minhas mãos em seu pescoço.

Eu não conseguia falar nada. Eu não podia falar nada. Eu estava chorando também e não podia mais aguentar aquilo.

Ítalo caminhou suavemente entre nós e pegou o grande pilão em cima da mesa. Jogou um pouco de areia, um pedaço do vidro caído, puxou um fio de cabelo de Pedro e colocou algo que não vi. Bateu lentamente os ingredientes no pilão, seu rosto completamente indiferente, mas, eu sentia que ele borbulhava de ódio, assim como eu.

— Solte-o.

Eu não ia conseguir obedecê-lo. Eu só queria desfigurá-lo por aquela coisa que havia feito ao pequeno Benjamin. Eu não podia suportar aquela dor. E não chorava por mim. Estava pedindo a Deus para que Benjamin não tivesse sentido nenhuma dor. Eu me disponibilizaria para sentir toda aquela dor em meu corpo. Ele não deveria ter passado por isso nunca.

Minutos antes.

— Gian.

— Ítalo, oi — o cumprimentei em frente de casa. Estiquei um pouco os braços e o vi sair do carro. Ele se escorou no portão e ficou me encarando.

— O que foi?

— Você é um babaca, Gian.

Respirei fundo e cocei a minha barba. Eu iria retrucar, mas, era mesmo.

— Você me disse que estava apaixonado pelo Benjamin.

— E eu estou, cara, mas...

— Aquele dia, quando você me ligou e disse que ele estava no banheiro chorando, que você não sabia o que fazer, que iria entrar e conversar com ele, ajudá-lo, eu acreditei em você.

Encantados (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora