Capítulo 11 - Branca de Neve I

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Narrado por Lucas Dourado Ѽ Branca de Neve I

— Nos atrasamos demais, girls — resmunguei ao sair do carro.

— São dez e meia da manhã, Lucas — Ítalo replicou, quando estávamos de óculos de sol encarnávamos as divas.

— Devíamos ter vindo mais cedo — resmunguei novamente e esperei Benjamin e Luna saírem do carro. — Sua maquiagem está legal — disse ao vento enquanto Luna passava por mim. Ela sorriu em seguida.

— Desculpa, Lucas, eu realmente precisava conversar com o Luuv — Benjamin disse, carregava alguns copos de leite em um vaso que havíamos parado para comprar, olhamos um carro branco saindo de relance. — E eu precisava comprar essas flores, você sabe...

— São as favoritas do pai dele — Luna, Luuv e Ítalo disseram em coro.

— Ai que coisa cafona — retirei os óculos para encarar aquele segurança do hospital, o segurança mais bonito que eu já havia visto.

— Não se esqueça que você é... hétero — Ítalo sussurrou ao meu ouvido e saiu saltitando de mãos dadas com Luna. Luuv e Benjamin atrás e eu ali, parado. Eu nunca tinha uma dupla, eu sempre era o rejeitado. Continuei andando em frente.

— Mario Luz — Benjamin perguntou na recepção só para confirmar. Pegou o número do quarto e Luuv se aproximou. Conversou com a recepcionista. O que ele não conseguia? Tinha sempre todas as portas abertas.

Entramos e passamos por algumas cadeiras ocupadas por velhos, mulheres e algumas crianças. Entramos por um corredor, viramos outro, seguimos por outro. Tudo aquilo parecia um saco.

— Estamos indo para outra dimensão? Vamos chegar ao País das Maravilhas?

Um enfermeiro esbarrou em mim, virei e segui seus olhos, ele os meus. Benjamin apontou o quarto, esperamos no corredor respeitosamente. Quando ele nos avisou que podíamos entrar, fizemos uma fila indiana, entramos e nos espalhamos pelo quarto. Não era tão espaçoso, mas, não era um cubículo. Nele havia a cama e as armações para prender soro, uma televisão, um bicama próximo a porta do banheiro.

— Para um hospital público, até que está bem glamoroso.

— Ele está sob um plano de saúde — Benjamin respondeu e se aproximou da cama. O senhor Luz sorria gentilmente e afagou os cabelos do filho — Como você está, papai?

— Bem — respondeu demoradamente e nos olhou, pelo visto conseguia lembrar de Luuv, o qual segurou a mão e deu umas palmadinhas gentis, também acenou para Ítalo. Luna e eu ficamos lado a lado. Que ironia. Nunca tinha uma dupla e quando tinha de ter alguém ao meu lado, era logo ela...

— Vamos visitar o Dani daqui a pouco — ela murmurou ao virar o rosto para mim.

— Não vou — respondi decidido. — Não quero vê-lo.

Luna me respeitou e manteve-se em silêncio. Foi a última a tirar os óculos escuros.

— Quem é essa moça?

— A Luna, papai — Benjamin se sentou na cama e ficou observando o soro, as outras medicações.

— Ah, Luna! — ele disse divagando. — Eu a conheço de algum lugar, tem um rosto familiar.

— Tem sim, papai — Benjamin parecia feliz. No início da semana chorava aflito e mal conseguia comer. Eu fiquei feliz por ele.

A porta se abriu, o enfermeiro entrou.

— Às vezes ele pode ter rápidas recaídas e lapsos de memória, mas, está fazendo um tratamento que cuide de sua saúde mental, exercite sua memória e tudo ficará bem — Luuv apertou a mão do senhor Luz e depois se afastou, dando palmadinhas no ombro do enfermeiro.

Encantados (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora