3. Matenui (Desejo)

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Matenui (sig.): Desejar algo desesperadamente.

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(Baseado no capítulo: Códigos Vermelhos, Kyosanim e eu sei o que vocês fizeram noite passada) ,  o capítulo foi escolhido por meio de enquete no Twitter e ficará temporariamente disponível aqui até o fim deste mês

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(Baseado no capítulo: Códigos Vermelhos, Kyosanim e eu sei o que vocês fizeram noite passada) ,  o capítulo foi escolhido por meio de enquete no Twitter e ficará temporariamente disponível aqui até o fim deste mês.


PARTE UM

O vapor da água quente embaça o espelho e levo alguns segundos para deslizar a mão por cima da superfície e encarar o meu reflexo revigorado pelo pós-banho. Tem um cílio preso em minha bochecha e quase automaticamente me lembro dela.

Na noite passada, depois de uma segunda ou terceira rodada, no meio de uma das conversas sem sentido que tivemos, nos pequenos lapsos temporais de realidade acessível, ela comentou sobre os desejos feitos aos cílios caídos quando encontrou um em meu ombro.

Cedi meu desejo a ela, já que o meu, de fato, já tinha se realizado.

A cena inteira se reconstrói na minha cabeça, do começo ao fim, em um loop desses bem cretinos, caóticos e meio nostálgicos de prazer culposo do qual não consigo me livrar desde então. Tem horas que não sei dizer se foi tudo real ou se boa parte daquela noite foi só puro conteúdo imaginativo, o que no fundo só desejei que tivesse acontecido. Projeção de desejos e o caralho. Coisas que Yoongi já me explicou uma vez. Mas não seria capaz de inventá-la em tantos detalhes; sentir o gosto suave da sua boca ou a textura aveludada da pele arrepiada como uma reação instantânea a cada palavra dita ao pé do ouvido. Poderia ser criativo pra caralho, mas para inventar alguém como Eleanor em uma fantasia, precisaria ser um deus.

Caminho para fora do banheiro e acabo desistindo de usar as sobreposições de camisetas que separei, mesmo com um dia relativamente frio lá fora. Estou queimando por dentro e os sinais nada sutis de um estado febril só deixam claro de que deveria me manter afastado, por um tempo, dos meus próprios impulsos. Evitaria fazer mais e mais merdas que não conseguiria lidar muito bem depois, o que não seria um fato inédito. Ao menos, não se tratando da minha impulsividade.

Sentia que talvez tivesse assustado Eleanor com um avanço inexplicado, mesmo que tenha recebido seu alerta positivo na mesma proporção, na manhã seguinte ela parecia tão apavorada com a ideia de ter dormido comigo que me fez rever os acontecimentos daquela noite infinitas vezes para entender se havia passado do ponto em algum momento. Pensei em ligar e perguntar se ela tinha se sentido desconfortável em algum momento, mas esse não é o tipo de coisa que se questiona em ligações, era um assunto delicado que deveria ao menos ser tratado pessoalmente ou nunca mais mencionado, se entendesse que ela só queria esquecer.

Tínhamos pulado uma série de etapas. Ferrado a estrutura de um acordo inteiro e eu entendia que talvez fosse muito para absorver de uma só vez.

Mas tento evitar aquele tipo de pensamento filho de puta que me faria bater na sua porta e perguntar se eu tinha fodido com tudo naquela noite. Talvez o lance todo não tenha sido tão bom para Eleanor como foi para mim — que não parava um segundo sequer de rever as mesmas cenas marcantes como um filme favorito em um projetor mental: o cabelo dela sobrepondo meu rosto a cada vez que se curvava de sua posição de deusa para me beijar. Seu cheiro preso em minha pele, que queimava de tanta vontade cada vez que estava dentro dela e a sensação de que me encontrava, lentamente, adquirindo uma espécie de vício sensorial.

Quase Namorado •  (Spin-off de CCEG)Onde histórias criam vida. Descubra agora