SEGUNDA PARTE

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— Com o meu irmão, Jimin. — Ergo minha cabeça para encarar seus olhos culpados e ele soluça. — Me traiu com o meu irmão, Jimin. Como foi capaz disso? Por que fez isso comigo?

— Me perdoa, saeng. — Ele pediu e eu ri.

— Nada que você diga vai me fazer te odiar menos. — Meus dentes rangem e Jimin soluça, ainda mais encolhido no sofá.

— Por favor, saeng. Eu sinto muito, me perdoa.

Ele se levanta de imediato, me segurando em seus braços. Colocando uma de suas mãos em meu rosto, me fazendo olhar para si. Jimin está desesperado. Ele chora cada vez mais. Ele me força a olhá-lo. Mas, não consigo. Eu recuo e isso me faz chorar.

Não consigo acreditar em suas palavras, não consigo olhar para seus olhos. Depois de tudo que vivemos, sua traição diz muito sobre quem ele é.

Meu coração está despedaçado e eu seguro em seus braços, afastando-o de mim. Jimin tenta se aproximar, mas, eu nego. Encarando seus olhos caídos e aparentemente machucados.

— Não, você não sente. — Soluço a cada palavra. — Me traiu com meu irmão, enquanto jurava amor eterno para mim. Traiu minha confiança, minha devoção por você. E pior de tudo isso, fez um filho com ele. A criança não tem culpa de nada, mas você tem.

Jimin tentou puxar seus punhos, mas, não permito que ele o faça.

— Onde está meu irmão? — Respiro fundo, tentando me controlar e o solto.

Não preciso chorar em sua frente, não posso dar a ele isso. Não posso deixar que ele perceba que me quebrou por inteiro.

— Foi embora. Ele disse que não vai assumir, porque ele disse que a criança não é dele. — Jimin me informa aos soluços.

Ele volta a se sentar no sofá e me encara.

— Era o mínimo que eu esperava dele. — Um riso fraco escapa por meus lábios. — Foi ele que você escolheu, não foi. Foi com ele que você se deitou, não foi?

Minha voz se torna rude e Jungkook me encara.

— Noona, não faz assim. — Pede.

— Vá para sua casa, Jungkook. — Informo. — Não estou pedindo, estou mandando.

Ele abaixa a cabeça e respira fundo. Jun se aproxima e beija as bochechas de Jimin que soluça ainda mais. Jungkook me olha uma última vez e me dá as costas. Quando ele sai, volto meu olhar até Jimin.

— Eu não vou te mandar embora, Jimin. Não ainda. Você vai ficar, eu vou te ajudar com tudo que precisar com esse bebê. Depois, vou atrás do pai dele. — Seco as lágrimas em minhas bochechas e tento de todas as maneiras me recompor. Mas, os céus parecem que vão cair na minha cabeça. — Esse bebê não tem culpa dos péssimos pais que vai ter. E ele não merece pagar por isso, ele não pediu para vir ao mundo.

— Hyun, amor, por favor..— Jimin respira fundo. As bochechas coradas e os olhos marejados. Eu nego, com veemência.

Nada do que ele diga vai ser visto com bons olhos por mim. Eu simplesmente me recuso a acreditar em suas desculpas, em seu arrependimento.

— Eu queria muito que você olhasse nos meus olhos e dissesse que isso era tudo uma brincadeira de mau gosto. Mas, não é bem isso que aconteceu. — Solto um riso sem humor e ele se encolhe, abraçando as próprias pernas. Voltando a soluçar. — Hoje fizemos três anos de namoro e eu iria te pedir em casamento.

Vejo seus olhos se arregalam e logo eu percebo que nem mesmo ele se lembrava que os nossos três anos de namoro seriam comemorados naquele dia. Meus risos soam altos, já era de se esperar. Ele se afastou completamente de mim e ficou perdido dentro daquela própria bolha de possível culpa e remorso.

— Eu não me lembrava, eu achei que faríamos aniversário no p-próximo mês.

Jimin soluça, eu dou risada.

— Não somos mais namorados, Jimin. Acabou. — Sinto meus lábios tremerem e a vontade de chorar me consumir. — Agora você é apenas alguém que eu conhecia, ao qual eu não faço mais a mínima vontade de ter presente na minha vida. Vivemos momentos mágicos e muito bonitos, mas, você me traiu e isso não tem volta. Seus pedidos de desculpas, seu remorso e sua culpa não vão consertar meu coração fodido pelas suas ações. Mas, eu sou boa demais para te dar as costas e te colocar na rua com uma criança na barriga. Eu não sou o meu irmão, e por não ser ele, vou fazer isso. E não me agradeça, porque eu não faço isso por você.

Minhas palavras soam dolorosas e eu me levanto da mesa. Respirando o máximo que eu posso, fundo o suficiente. Eu estou quebrada e sinto que vou cair a qualquer momento. Meu lobo sente profunda dor, é uma dor lacerante.

— Saeng...

— Não me chame assim. Agora vá para seu quarto e marque a consulta para seu bebê. Acabou, Park Jimin. — Dou a volta no sofá, e sigo em direção às escadas. Subindo-as com a maior pressa do mundo.

Quando entro em meu quarto, retiro todas as minhas roupas. Me sinto profundamente sufocada, destruída, acabada. Minhas mãos tremem, minha respiração falha e eu só sei chorar.

Eu choro, porque a dor é a única coisa que eu consigo ser capaz de sentir, dentro daquele quarto. Nunca, em toda minha vida, eu imaginei que ele fosse capaz de fazer isso comigo. Principalmente meu irmão, o meu único irmão.

A traição de Yoongi é muito mais dolorosa que a traição de Jimin. Já que entre todos esses anos, eu confiava de olhos fechados no meu irmão. Ele podia ter seus problemas, mas, eu jamais acreditei que ele seria capaz de tal feito.

Com as mãos tremendo, procuro meu celular no montante de roupas espalhadas pelo chão e quando o encontro, ligo para o único telefone que eu sei que poderá me atender e me ajudar.

— Alô? — Ele diz do outro lado. A voz aparentemente preocupada, dado aos meus soluços altos.

— Junghwa, m-me ajuda. — Peço baixo. Caindo no choro logo em seguida. Minha garganta destrava e eu só consigo me derramar em lágrimas. Clamando ao meu melhor amigo, que naquele momento conseguirá me acolher.

Jeon Junghwa sempre conseguia me acalmar.

— Hyun saeng, estou indo. Respire fundo, sim? — Eu aceno com a cabeça, mesmo que ele não possa me ver.

— Ele me apunhalou pelas costas, Hwa. Ele fez isso comigo, e-ele..— Minha voz soa cada vez mais quebrada e eu sei que não sairei bem depois de toda essa perturbação e falta de consideração.

— Quem te apunhalou pelas costas, saeng? — Reconheço o tom de preocupação em sua voz, e eu soluço ainda mais.

— Jimin, Yoongi, seu irmão, Jungkook. Todos eles me apunhalaram pelas costas. — Me encolho no chão, encostando minhas costas na parede ao lado da porta. — Jimin me traiu com meu irmão, Hwa. Jungkook sabia disso também. Eu sou tão ruim assim, ao ponto dele me trocar pelo meu irmão, oppa?

Hwa suspira. Eu volto a chorar, me encolhendo cada vez mais.

— Estou chegando, sim? Conversaremos melhor ai, se acalme. — Assinto devagar e desligo o telefone, esperando por Junghwa.

Olho para os lados, para a cama e me encolho pensando no pior. Minha cabeça dá voltas e voltas e eu tenho medo de me sentar na cama, tenho medo de imaginar que foi ali que eles consumaram o ato. Tenho medo das possibilidades, tenho medo de que cada canto daquela casa seja um local provável para a realização daquela traição.

Maldito seja Park Jimin, maldito sejam todos eles. Coloco as mãos contra meu rosto e fecho os meus olhos com força. Eu só quero esquecer.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐀𝐍𝐃 𝐅𝐎𝐑𝐆𝐈𝐕𝐄𝐍𝐄𝐒𝐒, 𝐩𝐣𝐦.Onde histórias criam vida. Descubra agora