uma vez Júlia. Sempre Júlia.

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Faltavam menos de três meses para meu casamento. Dois meses para ser mais exato.

O "grandioso dia" está cada vez mais próximo. Era assustador, pensei.

Eu estava ansiosa. Terrivelmente ansiosa.

Mamãe dizia estar orgulhosa de mim, ela estava radiante.
Sua única filha, enfim, irá se casar. Que mãe não estaria contente com a felicidade da própria filha?

No entanto, nem toda minha felicidade era minha, nem todo por sol costumava ser lindo. E nem toda mãe beijava sua bochecha e dizia que tudo daria certo.

Que aquele era o seu momento, seu único momento.

Oh Deus. Ela era terrível. Eu não deveria dizer isso da minha própria mãe, é tão errado e cruel.

mas sim, ela é e muito mais. Eu a amo mais do que tudo, porque mamãe é tudo o que tenho.

Mas sim. Ela é um tipo de espécie rara. Ela machuca. Destrói. Arruína tudo que toca.

Mamãe diz: "oh Júlia, não vejo a hora de lhe ver no altar. Com Samuel, com o amor da sua vida. Feliz."–Gritava aos quatros ventos.

Minha mente gritava.

NÃO, NÃO, NÃO.

Apenas pare. Por favor mamãe, me veja.

Olhe para mim! Sua filha.

Oh Deus. Eu não sou ela. Eu não sou Júlia.

Eu não posso ser.

Mas farei por ela... Mesmo que isso me mate totalmente por dentro. Estou presa em sua loucura.

Lágrimas geladas caem sobre minhas bochechas, olhar para o espelho e ver o meu reflexo parece errado. Distorcido. Um erro.

Não sou eu e temo nunca descobrir quem realmente sou.

Júlia, Júlia, Júlia.

Eu sou ela.

Mamãe disse, mamãe vê, mamãe a ama.

Eu sou ela.

Eu sou ela.

Eu sou ela?

Sim, consigo enxergar. Existem traços, semelhanças, mas sim!

Porque somos irmãs.

É normal que algo assim aconteça, certo? É perfeitamente normal que irmãs se pareçam.

Normal.

Mamãe disse-me uma vez que havia sido abençoada outra vez. Quando nasci. E mais tarde, alguns anos depois, eu tinha idade o suficiente para entender sobre esse mundo.

Minha existência.
Era sobre ela.
Júlia, Júlia, Júlia.

Mamãe disse: Você é a Júlia.

Eu sou a Júlia.

Mamãe disse: Você nasceu de novo para ser como ela.

Eu nasci para ser Júlia. Não como a outra irmã.

Mamãe disse: Você é tudo o que eu tenho.

Mamãe era tudo o que tinha.

Mamãe era amável.

Mamãe era carinhosa.

Mamãe era protetora.

Eu solucei alto, minhas mãos tremerem segurando outro gemido da minha boca.

Meu peito doeu. Uma sensação amargurada e dolorida que sempre passava e me dava oi. Ela era má. Eu implorei para ir embora, mas ela nunca foi. Nunca saiu, sempre uma companheira.

Aos olhos de Júlia | Jung HoseokOnde histórias criam vida. Descubra agora