Não fiz nada de errado, certo?

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Minhas mãos tremem diante da porta à minha frente.

Não quero entrar. Não quero vê-lo. Não quero sussurrar seu nome em meus lábios. Não quero ver Samuel. Não desejo comer.

Quero estar aqui, do lado de fora. Aonde meus olhos possam não encontrar os seus.

Talvez ir embora?

Sim, é uma ótima opção.

Porém tem mamãe...

Ela ficará extremamente desapontada.

Sacudi minha cabeça com a intenção de dispensar meus pensamentos.

Crio coragem.

Pouso minha mão e seguro levemente a maçaneta da porta. Empenho-me em respirar calmante e então controlar toda a minha ansiedade.

Abro a porta do pequeno restaurante e ouço o tilintar dos sinos pendurados a cima da porta, indicando a chegada de um novo cliente.

Não é a primeira vez que piso neste lugar. A partir do momento que mamãe resolveu apresentar meu noivo nos dedicamos constantemente a comparecer aqui.

O restaurante podia ser pequeno, porém adoravelmente aconchegante. As paredes pintadas em tons claros de cinza e branco, com o teto preto como a noite, continham lâmpadas grandes com as luzes fortes e brilhantes, mas por agora as luzes permaneciam apagadas, deixando que as grandes janelas que existiam nas paredes iluminassem todo o ambiente com o pôr do sol.

Observo em volta. Meus olhos procuram Samuel.

O a visto sentado em uma mesa perto da janela mais afastada dos demais.

Era impressionante como o sol o abençoava, beijando cada centímetro da sua luminosa pele rica em melanina, o deixando muito mais bonito e atraente daquele ângulo, confesso. Enquanto o observava minuciosamente, Samuel mexia distraidamente em seu celular. Me aproximo em passos curtos e consigo ver claramente quando os cantos de sua boca se curvam num grande sorriso bobo e exageradamente largo, mostrando seus belos dentes brancos e bem alinhados olhando diretamente para tela do celular e em seguida digitando algo.

Aquilo de certa forma me deixou um pouco instigada.

Quando chego perto o suficiente da mesa onde Samuel estava acomodado, ele enfim me nota parada de pé em frente a mesa, e o seu sorriso de agora pouco desapareceu assim que percebeu minha presença.

- Está atrasada.-Diz

-Sim, claro. Estou a par disso. - sorrio forçadamente. Empurrando a cadeira para traz, me sento a sua frente, depositando minha bolsa na cadeira ao lado. -Com quem estava conversando? Vi você sorrindo de repente. -Indago. Sentada sobre a cadeira me inclino para frente e apoio meu cotovelo na mesa e a cabeça sobre o punho. Olho de relance para seu celular com a tela apagada, mesmo que eu sentisse ele vibrar.

Eu estava particularmente curiosa.

-Mas pontualidade da próxima vez ou vou ter que pedir por favor?-Joga suas costas no encosto da cadeira, cruza seus braços e empina o nariz arrogante para cima.

- Eu estava falando com uma pessoa, apenas. Nada de mais. - Responde minha pergunta e joga os ombros despreocupado.

- É mesmo? Que tipo de pessoa é essa? - Ignoro sua arrogância. Observo sua feição.

- O que há de repente? Muitas perguntas, você nunca esteve tão interessada. - Levanta uma sobrancelha.
- Ciúmes, Júlia?- ele sorriu de lado.

- É claro que não, eu apenas-
Samuel me interrompe.

- Coisas do trabalho, você deveria saber que sou alguém ocupado. Não perco meu tempo com bobagens. Ter uma empresa nas minhas mãos me impede de pensar em qualquer outra coisa. Exceto é claro. - seu peito estufou. - Nós dois. - Chama discretamente um garçom até a nossa mesa.
-Aliás, já escolheu o que vai querer?- Pega o menu por hábito, porque assim como eu, ele sempre escolhia o mesmo prato neste restaurante.

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⏰ Última atualização: Sep 12, 2023 ⏰

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Aos olhos de Júlia | Jung HoseokOnde histórias criam vida. Descubra agora