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"Paz

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"Paz. Há muito tempo, antes de os Fundadores fundarem nossa grande cidade, essa palavra não significava muito. Um ideal tão ilusório quanto um sonho. Agora, 200 anos depois, somos, todos nós, a prova viva de que a paz pode ser alcançada. A razão para isto é, claro, o nosso sistema de facções. Erudição, Audácia, Amizade, Franqueza, Abnegação. Ao dividir as pessoas de acordo com sua personalidade e aptidão, criamos uma sociedade em que cada facção tem um papel crucial na manutenção da ordem social. Mas esta harmonia que alcançamos está sob o ataque de um grupo pequeno, mas muito perigoso de indivíduos. Nós os chamamos de Divergentes. Eles são, basicamente, o que havia de pior na humanidade. Rebeldes, provocadores e incontroláveis. Cinco dias atrás, Divergentes se passando por membros da Audácia brutalmente invadiram a Abnegação, tentando mutilar o sistema de facções, atacando seus membros mais vulneráveis. Eles desprezam nosso sistema porque não conseguem se adaptar a ele. Os rumores, por exemplo, de que eu estava por trás do ataque à Abnegação? Nada mais do que propaganda dos Divergentes. Estou me dedicando a entregar esses fugitivos à justiça. Exerci meu direito de chefe interina do Conselho para declarar a lei marcial, até que qualquer ameaça à nossa segurança seja eliminada. Nós somos tudo o que resta da humanidade. A grande muralha que cerca esta cidade pode nos proteger do nosso entorno tóxico, mas cabe a nós enfrentar qualquer um que nos envenene de dentro. Porque quando você é a última esperança da civilização, a paz não é meramente um ideal. É uma obrigação. E cabe a todos nós tomar uma posição contra o verdadeiro inimigo. Os Divergentes."

Esse era o discurso de ódio que Jeanine destilava por todo lugar e para todas as facções agora. Ela liderava a caçada contra os Divergentes, contra nós.

Estávamos nos escondendo na Amizade há alguns poucos dias desde o ataque da Erudição/Audácia à Abnegação. 

Em partes, isso era fácil. Graças ao meu porte eles me colocaram em trabalhos onde exigiam força física, como carregar os trens de caixas de suprimentos e tal.

A parte chata, e completamente irritante, era o convívio com o pessoal da Amizade. Eles exalam felicidade e paz o dia todo, sempre dizendo frases como "vá com alegria" ou "que seu dia seja iluminado". Esse tipo de coisa me tirava tanto do sério que eu tinha vontade de fincar as facas sem serras da facção em alguém.

— Amabilidade quase patológica com passividade? Adoro este lugar. Obrigado. Vá com alegria. — Peter, que estava a minha frente na fila para o almoço diz e pisca pra mulher que nos servia. — Opa, desculpe. Ei, Tris, adorei seu cabelo, por sinal. Tentou cortá-lo curto e estranho assim? 

— Cale a boca, Peter. — Acerto um tapa na nuca do moreno com a mão livre. — Tris, seu cabelo tá incrível, corta o meu depois. — Digo agora olhando pra garota que sorri e concorda com a cabeça pra mim.

— Peter, pegue a sua comida e se senta. — Quatro repreende o mesmo.

— Ou o quê? Deveríamos ficar unidos agora que somos oficialmente fugitivos. — Peter respondeu cínico.

𝑫𝑰𝑽𝑬𝑹𝑮𝑬𝑵𝑻 𝑳𝑬𝑮𝑨𝑪𝑰𝑬︱eric coulter² Onde histórias criam vida. Descubra agora