Charlie Wright
Um mês.
1 de maio.
Um mês sem falar com ele.
Um maldito mês.
O tempo nunca passou tão devagar.
Felizmente eu tinha uma irmã que me ajudava a não enlouquecer.
Eu poderia ficar sem celular por um ano, mas eu precisava ouvir música.
Eu necessitava.
Ainda mais quando eu tentava escrever.
Amanda ficava impressionada com a quantidade de folhas amassadas que tinha pelo chão quando ela acordava. Ela agora dormia no meu quarto, para - segundo ela - se certificar de que eu não estava virando um zumbi.
E eu estava quase conseguindo isso.
Quase.
— Você vai acabar com o caderno desse jeito. - ela falou quando viu o número de folhas no chão.
Frustrada, arranquei a folha que eu rabiscava, amassei-a e joguei no chão.
— Nada fica bom. - falei cansada.
Amanda se aproximou e segurou meus ombros.
— Você não precisa escrever uma música ou um poema. - ela falou — Escreva como se fosse conversar com ele. É apenas o Gabriel. Não há nada demais nisso.
Apenas o Gabriel.
Oh Amanda, se você soubesse...
Cansada, me encostei em seus braços e fechei os olhos.
Eu já não havia aprendido a lição?
Não, eu não poderia aceitar aquilo.
Era coisa da cabeça de Elizabeth. Certeza.
Absoluta.
Ou talvez nem tanta...
Mas eu tinha que sufocar aquilo, minhas memórias não eram boas. E se eu deixasse aquilo se desenvolver... Iria fugir do meu controle.
— Você está no controle? - Amanda perguntou e eu ri.
Aquela era uma brincadeira nossa. Ela perguntava para saber se eu já estava apaixonada ou não. Mal sabia ela que eu podia sabota-la e me sabotar com a resposta.
— Sim. - falei som um sorriso no rosto — Eu ainda estou no controle.
Suspirei baixinho e me levantei da cadeira, recebendo finalmente as reclamações da minha coluna por ficar ali a noite inteira.
Me deitei na cama e Amanda me agasalhou completamente, sentando-se na beira da mesma em seguida.
— Algum conselho para me dar? - perguntei. Afinal das contas, minha irmã era uma das poucas pessoas no mundo que me conhecia o suficientemente bem, talvez até melhor do que eu mesma.
Ela sorriu, meio triste e meio feliz.
— Eu só quero que você seja feliz, Char. - falou — E saiba que eu farei o que estiver ao meu alcance para lhe ajudar a alcançar a felicidade.
Sorri para ela e senti meus olhos pesarem.
— Bom dia. - ela falou.
— Bom dia. - respondi e senti Amanda depositar um beijo em minha cabeça antes de eu apagar completamente.
[...]
— O que é isso? - perguntei quando meu pai apareceu com meu celular em suas mãos.
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Apenas Amigos
Lãng mạnAlguns sentimentos podem ser o que não são. Mas seríamos nós capazes de dizer quando exatamente eles mudaram? Sempre temos alguém que nos entende, talvez não seja nosso melhor amigo ou amiga, mas sempre existe aquela pessoa que se conecta a você de...