5 de setembro, quinta-feira.
Talvez eu tenha subestimado quem Elizabeth era.
Não me surpreendi quando ela saiu pulando de felicidade pelo aeroporto, e também não me surpreendi muito quando deu um gritinho e abraçou minha tia que apenas franziu o cenho e me olhou.
― É a Beth - movimentei os lábios para que Camila os lesse de longe.
Tia Camz devolveu o abraço enquanto eu me aproximava delas com minha mala e a de Elizabeth.
— Pega sua folgada - falei e larguei a mala mediana ao lado de minha amiga. — Não vai esquecer de esperar os seus pais.
— Os teus também estão vindo com eles. - Beth respondeu e revirou os olhos.
Ri e balancei a cabeça, esticando minha mão até que ela alcançasse os cabelos castanhos perfeitamente arrumados em um rabo de cavalo.
Balancei minha mão rapidamente na parte de cima de sua cabeça e me afastei correndo. Elizabeth branca, talvez não como eu, mas não chegava a ser considerada parda.
Ela grunhiu algumas coisas inteligíveis, bateu os pés e resmungou até nossos pais chegarem. Estava claro sua chateação com a desarrumação de seu cabelo.
E então ela se calou.
Voltei a me aproximar do grupo de pessoas e peguei meu celular para ver que horas eram.
12:10
— ... então vamos deixar as coisas no hotel de vocês e vamos. - meu pai falou.
— Eu vou na livraria e a Charlie vai comigo! - Beth falou e levantei minha cabeça sabendo que meu nome havia sido citado.
— O que tem a Charlie? - perguntei olhando para eles com o cenho franzido — A Charlie quer comer. - falei colocando as mãos em minha barriga, por cima da blusa preta.
— Ok, me diz quando você não está com fome? - Beth perguntou e Amanda riu.
— Quando ela ta dormindo! - minha irmã respondeu.
Ergui as sobrancelhas em concordância, era verdade. Meu irmão mais novo resmungou alguma coisa e eu quase o agradeci, porque depois que ele falou todo o grupo começou a andar.
Nossos pais conversavam entre si, a irmã mais nova de Elizabeth estava segurando a mão de Bernardo enquanto ele falava alguma coisa pra ela, e ela fingia entender, já que estava estampado em seu rosto que ela não queria conversar.
Os adultos estavam atrás, as crianças um pouco na frente deles, enquanto eu, Amanda e Elizabeth estávamos mais na frente.
Quando o celular de Beth começou a apitar demais, a olhei entediada.
— Seu namorado vai parar de mandar mensagem, não vai? - perguntei e em seguida fiz uma careta e toquei em minhas costelas esquerdas.
Olhei para Amanda.
Ela havia me beliscado!
— Isso doeu, ok? - falei indignada, ainda com a mão no local.
— Seja mais legal com o menino. - Ela me ralhou e eu rolei os olhos.
— Ela nem se importa mais! - tentei argumentar por mais que soubesse que ainda continuava errada.
Amanda abriu a boca para retrucar, mas Beth deve ter feito algo porque a morena apenas suspirou e decidiu deixar o assunto quieto.
Quando virei para olhar para minha amiga, ela instantaneamente bloqueou o celular e o guardou no bolso.
Suspirei contrariada e cruzei os braços.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apenas Amigos
RomanceAlguns sentimentos podem ser o que não são. Mas seríamos nós capazes de dizer quando exatamente eles mudaram? Sempre temos alguém que nos entende, talvez não seja nosso melhor amigo ou amiga, mas sempre existe aquela pessoa que se conecta a você de...