Capítulo 3

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⚠️*ATENÇÃO, CAPÍTULO COM CONTEÚDO DELICADO!!!*⚠️









POV ADDISON RAE

- Quem era filha? - Minha mãe perguntou olhando para mim. Ela estava fazendo o almoço e meu pai estava sentado na mesa lendo alguns papeis.

- Era a vizinha, ela veio deixar essa cesta e nos convidar para jantar lá hoje a noite.

- Uh, que simpática, o que você acha de irmos jantar lá amor? - Perguntou minha mãe para meu pai, tirando a atenção dele do papel.

- Pode ser, desde que a Addison não fique se jogando para essa menina, não quero passar vergonha mais do que eu passo.

- Pai eu gosto de meninas mas não sou uma putinha para ficar se jogando para cima dos outros, eu tenho respeito a mim e pelas pessoas.

- Escuta aqui Addison. - Ele se levantou me surpreendendo com aperto no braço. - Você não ouse falar desse jeito comigo, eu ainda sou seu pai. - Falou apertando mais meu braço.

- Engraçado que você insinua toda vez e sempre joga na minha cara que não se orgulha de ser meu pai.

- Além de me causar desgosto é uma desobediente, você não passa de uma mera aberração, nunca me arrependi tanto de ter colocado você no mundo. - Ele apertava cada vez mais forte e começava a doer fazendo meus olhos lacrimejarem.

- Me solta, você está me machucando - Tentei puxar meu braço mas me causou dor.

- Para de ser ridículo Monty, olha o que você está falando para a sua primogênita, sua primeira filha que você tanto desejou, solta ela! - Minha mãe finalmente apareceu empurrando meu pai o fazendo soltar meu braço.

- Sempre desejei uma filha NORMAL, não uma desgraça igual a ela. 

- Eu sou normal papai, por favor eu só preciso do seu amor novamente. - Eu estava soluçando, tentei me aproximar mas ele deu um paço para trás fazendo meu coração de quebram em vários pedacinhos sem solução para consertar.

- Um favor que você vai fazer para mim é não me chamar mais assim, você deixou de ser minha filha quando as palavras sujas saíram de sua boca, MINHA filha não nasceu para gostar de mulher e sim de homem para criar um família e me dar netos...

- CHEGA, FICA QUIETO! - Minha mãe gritou. - NÃO PERCEBE QUE ELA SÓ QUER SEU AMOR DE VOLTA, PARA DE SER CABEÇA DURA. - Minha mãe falou e logo em seguida se aproximou de mim pegando delicadamente em meu braço. - Você deixou o braço dela vermelho! Como tem coragem de fazer isso com a nossa filha.

- Se você aceita essa merda ela é apenas SUA filha, não minha. - Terminou se sentando na cadeira novamente. 

- Olha... - Minha mãe ia falar mas eu impedi.

- Tudo bem mãe, eu vou para o meu quarto tudo bem. - Corri tropeçando em alguns degraus da escada, eu só queria fazer essa dor passar. Corri pro meu quarto e me tranquei no banheiro.

Direcionei meu olhar para a pia do meu banheiro, eu estava enxergando tudo embaçado por causa das lágrimas que caiam compulsivamente em meu rosto, com as mãos tremendo abri a gaveta e vi minha pequena lâmina mas que podia fazer grandes estragos, eu tinha colocado ela ali junto com minhas coisas de higiene bem no fundo da gaveta para minha mãe não ver, peguei com cuidado e fiquei observando aquilo em minhas mãos. Fazia tempo que eu não fazia isso, desde o dia em que me assumi pro meus pais e recebi insultos maldosos de Monty. Respirei fundo, a dor estava me consumindo por dentro, eu precisava dar um jeito de parar com essa angustia em meu peito, por muito tempo descontava minhas dores com beliscões em minhas cochas mas hoje isso não vai ser o suficiente. 

Sentei no chão e estiquei meu braço, estava tentando criar coragem para inserir o corte ali, como faz tempo que eu não faço isso eu estava com medo, decidi ir aos poucos. Suspirei direcionando a lâmina para meu pulso, fechei os olhos e empurrei a pequena navalha em minha pele, mordi o lábio ao sentir dor, mas isso não chega perto a dor que senti ao ouvir as palavras rudes de seu pai.

Fiz o segundo corte e a primeira gota de sangue escorreu pelo meu braço e caindo no chão sendo observada por mim. As lágrimas começaram a sair novamente, aquela dor em meu pulso era forte, mas a sensação de angustia em meu peito estava aos poucos diminuindo. Criei coragem para fazer o terceiro, o quarto e o quinto corte. Estava prestes a fazer o sexto para dar um fim nisso, mas me lembrei de meus irmãos, eu tinha que aguentar por eles, queria ver o Lucas entrar para a escola de piano e completar seu ensino fundamental, queria estar aqui para ver o Enzo ganhar aquele concurso de artes e entrar em uma faculdade, eu não podia fazer isso, não agora, eles são crianças e precisam de mim.

Enxuguei minhas lágrimas e me levantei do chão, peguei um pano que estava em cima da pia e passei pelo chão tirando os requisitos de sangue que ainda estavam frescos, coloquei o pano na pia e lavei o mesmo para deixar da cor que era antes, não queria que minha mãe descobrisse.

Os cortes estavam com sangue ainda, então tirei minha roupa e comecei a tomar banho, a água morna caia em meu pulso, causando um ardor muito grande, me permiti sentar encostando-me na parede e chorar, chorar tudo o que tinha guardado dentro de mim, isso estava preso a meses, eu tenho que fingir estar tudo bem para que minha mãe e meus irmãos não se preocupem, mas isso cansa.

Eu faço o possível para ser uma ótima filha e irmã, quero dar o meu melhor somente para eles, mas eu preciso desabafar, e eu não tenho ninguém, é tipo um balde que está debaixo de uma torneira pingando, um dia esse balde vai estar cheio e ele vai transbordar.

Terminei meu banho e me enrolei na toalha, fiz um curativo fino em meu braço e vesti um conjunto de moletom, teria que cobrir meu braço até cicatrizar os cortes. Me deitei na minha cama olhando pro teto por um bom tempo. Acordei do meu transe com batidas na porta.

- Tá aberta. - Falei me virando de lado para ver quem era, minha mãe estava parada na porta.

- Oi filha, eu posso me sentar? - Assenti sem me mover, minha cama era de casal então eu não precisava dar espaço. - Eu sinto muito meu amor por você ter que passar por isso.

- Tudo bem mãe, um dia eu me acostumo.

- Seu pai é um cabeça dura e fala muita merda, mas tenha esperança que um dia ele possa mudar esses pensamentos. Enquanto isso eu estou aqui, fazendo os dois papeis, você sabe que pode contar comigo para tudo.

- Eu sei mãe, muito obrigada. - Dei um abraço apertado nela, eu precisava disso.

- Ah, nós vamos jantar da casa dos vizinhos hoje a noite tá bom. - Assenti - Desça para almoçar, já está pronto.

- Eu não estou com fome agora mamãe.

- Você sabe que não pode ficar sem comer meu amor. - Fiz uma cara feia. - Eu vou trazer um pouquinho pra você aqui no quarto tá bom?

- Tá, mas só um pouquinho.

- Você se alimentando já está ótimo, já eu volto com seu prato. - Se levantou dando um beijo em minha tenta. - Te amo filha.

- Te amo mãe.













Esse capítulo foi tenso de escrever em.

O que vocês acharam?


Não fuja - DixisonOnde histórias criam vida. Descubra agora