Patrick Jane - O Mentalista: CONFIDENT

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Segurei as barras de ferro, e o encarei através da grade. Dirigir embriagada era o menor dos meus problemas, a vontade que crescia dentro de mim quando ele se aproximava era o que realmente me perturbava.

— A expressão com a qual você está me encarando é realmente assustadora. — ele disse, sentado em uma cadeira de rodinhas, sem tirar os olhos da revista que estava lendo — Me faz cogitar a hipótese de ser mais do que uma inconsequente. Uma assassina em série, talvez?

— Pode apostar, querido. — apoiei a testa na grade. — Sou a mais psicótica que você já viu.

— Ah, nada como um passeio no hospício em plena madrugada de sábado. - murmurou, irônico, dando um gole na caneca de café apoiada em sua mesa — Quando vão pagar a sua fiança, mesmo?

— Em breve. — respondi, pensando em minha amiga, que àquela hora estava dormindo e provavelmente só leria minhas mensagens de manhã.

Seria realmente agradável passar aquela noite na cama fria e nada confortável da cela. O efeito do álcool até havia desaparecido.

Bufei, recuando alguns passos e sentando-me na cama.

— Você não tem um café pra mim aí?

— Você quer café? — ele perguntou, e pareceu quase rir. — Achei que só interessasse por bebidas alcoólicas.

— Gosto de ambos. — me encostei na parede, encarando-o de forma provocativa — O álcool é mais para momentos de tédio mesmo.

Ele franziu a testa.

— E o café é para que momentos? Quando o tédio passa?

— É para os momentos românticos. — respondi, sem hesitar.

— Não sei o que parece ser romântico. — ele largou a revista. — Você está em uma cela, e parece que irá demorar para sair dela.

— O seu ânimo com a minha presença, é claro. — ri, divertindo-me — Se quiser vir aqui dividir essa maravilhosa cela comigo, saiba que é bem-vindo.

— Você está brincando com a autoridade, mocinha. — ele disse, sem tirar os olhos de mim. — Poderia te deixar sozinha se esse não fosse o meu turno.

— Então você está teoricamente preso aqui comigo. Olha só que divertido.

É claro que eu já ouvira falar sobre turnos policiais, mas nunca que eles precisavam vigiar pessoas específicas. Sorte a minha.

— Você já ouviu falar na arte do silêncio? — ele perguntou, girando na cadeira.

— Não. Me ensina? — respondi, forçando o limite de sua paciência.

— Talvez eu deva reconsiderar a ideia de ficar aqui. — retrucou. — Ou posso pegar uma fita adesiva.

— Vai se fazer de durão? Sério? — revirei os olhos, cruzando os braços — Que sem graça.

— Garota, você deve estar mesmo alcoolizada. Esse tipo de situação é realmente... Estranha.

Estranha e não desagradável, bom saber.

— De fato, de fato. Ainda me sinto meio tonta. — sorri, piscando — Quer me ajudar a sarar?

— Talvez eu devesse te dar uns comprimidos, do tipo que se usa para dormir.

— Para de ser sem graça. Eu sei que você tá adorando a nossa conversa. — murmurei, mostrando a língua.

Neste momento, ele encarou-me de verdade, parecendo conter um sorriso de incredulidade.

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