The King's Heir

CAPÍTULO 2

Mais um capítulo para vocês. Comentem o que estão achando. ❤️

3 anos depois

POV Rebekah
Um pequeno pergaminho se materializa em minhas mãos ao anoitecer. É uma carta de minha irmã Freya.

"Querida Rebekah, como estão as coisas por ai? Espero que bem. Estou com saudades de todos vocês. Espero que meu sobrinho esteja bem e seguro.
Estou voltando para casa, aguentem só mais um pouquinho. Vou precisar daquelas correntes mágicas que Kol guarda a sete chaves e é você quem vai procurá-las para mim. Quanto menos os meninos souberem, melhor, porque você sabe que os nossos pais tendem a desconfiar mais deles. Em dois dias estarei de volta e farei um feitiço nessas correntes que consigam prender mamãe e papai por tempo o suficiente para uma fuga. Leve apenas o essencial, não podemos deixar rastros. Infelizmente, não consegui achar ainda uma forma de matá-los nem de pegar a estaca. Ester é muito poderosa e conseguiu esconder o objeto.

Enfim, o importante é que nós fujamos em segurança. O resto ajeitamos depois. Tomem cuidado.

Com amor, Freya."

Respiro fundo tentando conter minha vontade de chorar. Não acredito que esse momento esteja tão perto. Foram anos e anos vivendo nas mãos dos meus terríveis pais e, teoricamente, estamos condenados à eternidade ao lado deles. No entanto, cansamos de viver por eles, é melhor termos a nossa sonhada liberdade, do que ficarmos presos em casa sem poder sair da linha. Eu sei que vamos ser caçados até a morte, mas, ainda sim, vale o risco. Mikael e Ester querem viver um conto de fadas que não existe. Eles sempre falam que podemos ser os vampiros originais do lado de fora, os temidos e os "reis do mundo", mas dentro de casa somos apenas crianças precisando de disciplina. Palhaçada.

Eu e Freya não temos muito o que reclamar em questão disciplinar, porque Ester fica tão ocupada vigiando os garotos e fazendo feitiços e mais feitiços para nos manter quietos, que não repara que as duas filhinhas são apenas ótimas atrizes. Não somos meigas nem obedientes. Não somos dóceis nem satisfeitas com a vida que temos. Entretanto, o amor deles é tão cego, que não reparam. Mikael nos trata como bonequinhas, para ele, somos princesas inocentes, já os meninos são tratados como soldados. Mais disciplina e menos conversa. É uma merda, mas com tantos anos a gente aprende a encenar melhor. Eu e Freya ficamos com muita dó dos meninos, porque qualquer mínima atitude fora da linha eles já apanham, em especial Niklaus.

Mikael e ele tem uma péssima relação e isso não é surpresa para ninguém. Nik é bastardo, fruto de uma traição da minha mãe com um alfa de uma matilha que morava na nossa vila. Então, meu pai, no fundo, o vê como uma aberração da natureza. Claro que ele diz que já perdoou a traição de minha mãe e que Niklaus é seu filho tanto quanto os outros, mas não é bem assim que funciona. Até mesmo Ester trata Nik diferente, acho que ela o vê como símbolo de seu maior erro. Por exemplo, Nik uma vez pegou a faca de meu pai para esculpir um boneco para mim, na melhor das intenções e por pedido meu(inclusive, minha mãe me viu pedindo e simplesmente ignorou, não autorizou mas também não falou que não podíamos fazer). Resultado: meu pai me viu com a escultura e perguntou quem me deu. Eu, sem ver a maldade, falei que foi Nik e ai tudo desabou. Mikael não quis nem saber de muita explicação, já tirou o cinto e bateu em Niklaus até seu bumbum ficar todo marcado. Meu irmão Elijah tentou intervir, mas a única coisa que conseguiu foi levar uma surra junto com Nik. E, detalhe, meu pai fez meus irmãos ficarem completamente nus. Tudo isso para demonstrar mais autoridade para os garotos e colocá-los em seus devidos lugares. No fim, descobri que quem contou da escultura foi Ester. Na época, ela disse que contou só porque tava com medo de Nik se machucar com a faca. Falsa do caramba, porque se fosse qualquer outro ela teria fingido que não viu.