We don't see each other anymore

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Eu tentava não pensar de forma negativa na maior parte dos meus dias, mas o pessimismo realmente parecia residir na minha vida, como parte da minha  frágil personalidade. Eu não sabia em que momento da minha vida eu havia me transformado neste ser que agora estava sendo – vulnerável e receoso – mas sabia que tinha de aprender a realidade do jeito que ela era, boa ou não. Sobretudo, tendo ciência de que nunca via o lado bom das coisas, já era de se esperar que eu sempre aguardasse pelo pior, e que não visse a minha realidade, como uma coisa majestosa.

Naquela tarde, enquanto me mantinha assentada sobre o cadeira do quarto, tendo o total vislumbre do corpo curvilíneo de Jungeun através do espelho, me peguei pensando no quão ingênuos somos, onde não sabemos o quão marcantes podemos ser na vida de alguém, ou no impacto que podemos causar nela. E durante alguns minutos, quis saber o quão marcante fui para cada pessoa que passou pela minha vida. Chegando a um total de zero conclusões satisfatórias.

Queria saber se usufruía muito da bondade de Jungeun ao ponto de prejudicá-la com sua própria vida, ou se tomava muito tempo da vida de Jinsoul quando lhe contava sobre meus problemas, a fim de que ela me ajudasse. Também queria saber qual impacto havia causado na vida de Jiwoo, apesar de todas as coisas horríveis que já havia lhe feito passar, e no quão importante eu era para ela. Se é que eu era..

Não nos víamos há exatamente três meses. Desde  o dia em que sua mãe fôra lhe buscar no parque após ela se machucar no banheiro, nós nunca mais nos vimos. Nem mesmo na escola. Ela simplesmente havia se mandado de lá. E em partes, eu até entendia o porquê, mas achei muito exagero trocá-la de escola.

Eu sabia que havia quebrado a confiança de sua mãe, e que havia, intencionalmente ou não, lhe machucado, mas não sabia que sobre mim, seriam aplicadas medidas tão drásticas. Como nunca mais vê-la, por exemplo.

— Eu confiei em você! — Esbravejou a mulher, no meio da recepção do hospital, atraindo alguns olhares. — Disse que a levaria para escola, mas levou-a para outro lugar..

— Senhora.. — Tentei acalmá-la, mas de nada adiantava. Suas veias saltavam do pescoço. Ela estava realmente, muito brava.

E bem, eu não podia tirar sua razão. Tinha errado, e precisava arcar com as consequências.

— Ela vai precisar de pontos.. — Afirmou tristemente, ainda que brava. — Por sua causa..

E aquela fôra a gota d'água. Jiwoo e eu nunca mais nos vimos. E foi tudo por minha causa..

Naquele dia, após gritar-lhe, escutei um estrondo gigantesco vindo de dentro de uma das cabines, levando-me a crer que algo estava demasiadamente errado, era nítido. E eu temia ser com ela.

Naquele instante, eu não hesitei em correr. Disse para Jungeun que alguma coisa tinha acontecido naquele ambiente, então todas retornaram lá comigo. Gritamos, chutamos e até socamos a cabine. Mas de nada adiantava, ninguém respondia, e a porta tampouco se abria. Até que decidimos então chamar alguém que estava operando naquele lugar.

— Eu escutei um barulho e então tudo cessou.. — Aleguei desesperada. O homem, alto e musculoso, até então desconhecido, que trabalhava no lugar onde havíamos comprado as batatas, apenas assentiu sutilmente, seguindo-nos até a área das cabines. E chegando lá, não tivemos escolha senão deixá-lo arrombar a porta. Se ela não abriria, então nós o faríamos.

Kai havia chutado a porta com tudo, e mesmo que não tenha arrancado-a da parede, havia estourado a fechadura, dando um prejuízo imenso para aquele lugar em específico. Mas, voltando à quem me interessava.. Ah. Minha vida nunca mais fôra a mesma após aquela cena.

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