البكاء، والراحة وحل الأشياء

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Lurin Muhammed Bin Zayed Bin Al Nahyan | Point Of View

— Você está agitada. – Madelaine afirmou. — Vamos começar essa segunda sessão falando sobre o que aconteceu para que você ficasse assim– Ela determinou.

Falei tudo que havia acontecido desde a nossa primeira consulta, enquanto eu narrava sobre a crise de ciúmes de Camila, Madelaine deixou transparecer algo parecido com euforia. Não entendi bem o motivo daquela reação, mas preferi deixar passar afinal de contas isso poderia bem ser coisa da minha cabeça. Apenas deixei claro para ela que o ciúme de Camila era infindável, eu jamais trocaria ela por mulher alguma, minha rainha é tudo que eu sempre quis então não tem motivo para que eu queira qualquer outra mulher.

— Às vezes eu queria que as coisas fossem um pouco mais fáceis para mim, mas desde que me entendo por gente todos os dias é um novo dia para enfrentar problemas e desafios novos. – Disse olhando para a janela.

— Você teve que aprender a lutar desde nova, isso parece cansativo. – Ela me avaliou cuidadosamente. — Mas acredito que você precisa enxergar isso de outro ponto. – Encarei ela tentando entender aonde ela pretendia chegar.

— E de qual ponto eu teria que enxergar? – Perguntei realmente interessada na resposta dela.

— De um jeito ou de outro, hoje você é bem mais preparada para lidar com conflitos adversos do que uma pessoa como eu, por exemplo.

— Pessoas como você?

— Sim, pessoas acostumadas a ter tudo em mãos e a ter pouco ou nenhum conflito. E quando surge um problema, nós pensamos que o problema é devastador e não conseguiremos resolver. – Tudo bem, eu não tinha pensado nisso antes.

— Como se eu tivesse sido preparada. – Falei pensativa.

— Você entendeu o espírito da coisa. – Ela sorriu. — Não querendo justificar as atitudes do seu pai, elas foram muito abusivas e isso não tem como argumentar. Mas era o que ele queria no final, queira que você estivesse pronta e alerta para tudo. Seu pai só não lidou da maneira como devia agir, mas tudo que passou com você faz parte da pessoa que você é hoje. – Ela realmente me fez ver tudo que passou de outra maneira.

Não que fosse fácil apenas aceitar o ponto de vista dela e passar a ver as atitudes do meu pai como algo menos ruim, mas era uma possibilidade. Se eu estou aqui tentando resolver meus traumas, eu deveria estar aberta a ver meu pai de outra forma, já que ele era o epicentro dos meus maiores pesadelos.

— Eu tenho medo de nunca poder olhar para ele sem me sentir mal, sem me sentir inferior ou uma persona não grata. Porque é assim que me sinto quando estou perto dele, de certa forma ele sempre faz questão de mostrar que eu jamais seria tão boa quanto meus irmãos mais velhos. – Suspirei tentando controlar as emoções que tocar nesse assunto me trazem.

— Você pode chorar Lurin, gritar ou se expressar da maneira que se sentir melhor. Aqui somos só nós duas e não julgar em presenciar sua fragilidade. – Madelaine me olhava com cuidado.

— Eu não entendo porque me sinto tão incapaz, tão inútil e inferior. Às vezes tudo vai bem, mas lá, no fundo algo me puxa e me mostra que, no fundo eu sempre serei a excluída. – Puxei o ar chorando. — Eles me excluíram do convívio deles, eu fingo que essa foi uma decisão minha. Mas não foi. Eu fui convidada a me afastar e fui impossibilitada de recusar esse convite, e todas às vezes que me junto a eles me sinto como uma peça sobrando no quebra cabeça. – A medida que eu falava uma angústia que eu não sabia que existia em mim, saia por cada poro do meu corpo.

— Eles te machucaram, coloca essa dor para fora. – Madelaine incentivou.

— Eu só queria me sentir parte da minha própria família, queria que se importassem de verdade comigo. Mas os únicos que faziam isso já morreram, e toda vez que me encaro no espelho e me lembro do peso de tudo que sou, eu percebo que estou sozinha. – Solucei e chorei mais ainda, tanto que já sentia as lágrimas descerem por meu pescoço e molhar a kandoora.

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