Olhos da paixão

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Vanessa não quis acreditar e simplesmente não ligou, levou na brincadeira, e não a culpo, são coisas bem surreais. - tomar remedinho amigo... psiquiatra... mas por enquanto vamos para a festa.

- Ta bom, vou chamar um motoboy pra gente - sai fui na praça de Nair. É um pracinha perto da padaria de seu Nair, lá é um ponto onde fica os motoboys. Eles são tipo uber, só que de moto - moço, ta fazendo serviço.

- Sim, vai para onde?

- Para Bells Beach, e preciso de mais uma moto para uma amiga, tem que busca ela em casa.

- Kleber, preciso de mais um aqui! Buscar uma menina na casa dele.

Subi na moto e orientei ele até em casa onde estava Vanessa. Ela já estava na porta esperando, subiu em sua moto e partimos.

A Bells Beach é um lugar de shows, onde qualquer pessoa pode alugar para fazer uma festa. É um espaço grande, um salão enorme logo de entrada, com um dois balões de bar, uma sala com pista de dança, caixas de som enormes e luzes de boate. Já tinha um pouco movimento e um som muito alto, pessoas bebendo, fumando cigarros e outras coisas suspeitas. Entrei e tentei me animar - Amigo, bora comprar um cerveja e ir rebolar a raba - compramos a bebida, e no salão vi um novinho, aparentava ter minha idade, ele é lindo, mas senti culpado por Igor, então descartei a ideia e fomos para pista de dança. O funk é muito criativo para não dizer o contrário. As letras basicamente fazem apologia ao sexo, crime e drogas, mas são ótimas para dançar e lá estava eu e minha amiga, rebolando até o chão e um menino chegou perto - Oi, vem sempre aqui? - eu estava de costas para ele, tomei um susto e virei - Só quando tem festa - quando olhei nos olhos notei algo diferente, mas não dava para ver direito naquele escuro com aquelas luzes coloridas. É o mesmo menino que vi no salão - resposta esperta... veio sozinho? - disse ele.

- Não, por que?

- Nada, queria oferecer minha companhia... aceita uma dança?

- Como se dança funk a dois sem parecer estar transando com um estranho? - aquele garoto tinha uma harmonia no rosto, tinha a sensação de já ter visto ele em algum lugar.

- Se quiser eu danço de quatro para você - ele riu - ou poderíamos ir em lugar mais calmo.

- Não creio que esteja me chamando para promiscuidade assim tão cedo - Vanessa me observava discretamente sem dizer nada.

- Não, eu digo isso, para irmos conversar melhor, aqui faz muito barulho

- Tá, vamos - não resistir a curiosidade em ver seus olhos e saber se o já tinha visto era maior. Ele pegou minha mão e um frio subiu pelo braço, saiu me levando até o lugar que disse enquanto olhei para minha amiga, ela estava acenando para mim e rindo. No salão dava para ver melhor e me surpreende - Cupido!

- Por que você sempre estraga os disfarces?

- Já pensou em mudar a cor dos olhos?

- Só você consegue velos na cor real

- Ultimamente tenho visto muita coisa, sabia que uma parente sua apareceu hoje?

- Tenho muitos parentes... 

- Hera, aquela desagradável!

- Ela é assim mesmo, mas quando quer é gente boa, mas deixa ela lá... E você? Como esta?

Lancei um olhar desconfiado, afinal da das outras vezes que encontrei parecia sempre querer fugir - Eu estou bem... me admira pergunta isso... mas e você, castigando bastante pessoas com a paixão?

Cupido fez fez uma expressão de questionamento - Por que você acha a paixão um castigo?

- O  ser humano é muito complicado, e se apaixonar por um é estressante, tem que lidar com muita coisa.

- A paixão é apenas o a energia que move o amor, o fogo ferve o peito e faz você criar coisas. As vezes a morte é mais gentil do que amor, mas isso depende de você. Se você não se permite viver o que sente, o amor vai te sufocar, te apertar e tonar sua existência terrível e você vai preferir morrer. Não se engane achando que amor é bonzinho, a muito tempo atrás, matei uma mulher que amei por ela ter olhado meu verdadeiro rosto. - o olhar dele agora estava sério com uma ponta de tristeza

- Que profundo... nada melhor que o deus do amor para te ensinar sobre. Pelo menos já sei que se namorasse com você poderia morrer de bobeira. 

- Por que não? - ele me olhava nos olhos e percebi não era brincadeira, borboletas voaram em meu estômago.

- Quero morrer cedo não...

- Eu não vou te matar... bom... deve ser estranho, começou acontecer coisas demais e agora um deus quer namorar com você, mas eu te acompanho faz tempo, vi dizer suas primeira palavras, e cada dia que te conhecia mais fui me apegando. Temi me apaixonar, mas sua doçura me flechou...

O fiquei atônito, só veio Igor na minha mente, não poderia simplesmente deixar ele sem resolver nada, afinal eu ainda gosto dele. E na minha frente estava um deus maníaco que me vigiava desde de a infância e que nem o conheço

- Tá indo rápido demais não acha? não tem como eu namorar uma "pessoas" que talvez me mate se eu olhar para ela e logo assim do nada sem conhecer. E você sabe muito bem que tenho o Igor.

- Igor mente para você, ele não quer saiba sua própria historia e por isso tenho te acompanhado.

Me animei ao ouvir isto, afinal posso tirar alguma pista do que está acontecendo -  e que historia é essa sobre mim que eu não sei?

Ele me olhou fundo nos olhos e aquele vermelho ficou mais intenso - Sua alma é antiga, hoje você é o Diego, mas antes você era Agathe a próxima pitonisa, mas foi morta antes da hora. Apolo previu o caos no mundo onde os as coisas não morriam e nem nasciam e acha que está relacionado a você, a única alma que reviveu sem pelo menos passar por Aqueronte.

Minha cabeça queria dar um nó, se eu era aquilo e se estou ligado ao caos, o que vou fazer? - Mas eu sou inofensivo e o mundo está bem...

- Isso é o que você acha, passaram mais de mil anos esperando um sinal de Agathe, depois que você nasceu começou tudo. Mais e mais monstros e almas estão fugindo do submundo.

- Mas eu não fiz nada...

- Nessa vida não, mas quando era Agathe, o deus da morte se apaixonou por você, e quando morreu, ele não se conformou e lhe transformou em uma flor encantada que quando desabrochasse lhe traria a vida novamente e ele jurou lhe procurar e viver contigo. Isso que está acontecendo, ele sumiu, deixou os portões sozinhos e agora aqueles que estão do outro estão aproveitando. E ninguém sabe onde ele está, mas é questão de tempo até ele te achar...

Aquilo estava sendo demais, fiquei em silencio e sai, deixei o Cupido sozinho e fui para pista de dança. Lá estava Vanessa se acabando com grupo de pessoas dançando coreografias prontas, me aproximei dela.

- Yae amigo, usou camisinha? - disse ela rindo

- Me respeita que não sou bagunça... quero beber!

- Toma isso aqui -  ela me ofereceu um copo com uma bebida escura e cheiro forte

- Que isso?

- Só bebê, é um monte de coisa, vai ficar doidona, consegui um chá pra nós - risos 

- Menina você é louca,  - risos - bola logo esse chá bora fumar.

Apaixonado pelo(s) Cupido(s)Onde histórias criam vida. Descubra agora