Vivo e absolutamente imóvel

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- Vanessa? - Eu falei

- Você acha eu ia te deixar fugir com dois macho sem mim? - ela respondeu rindo

- O que foi que Cupido aprontou? - disse Igor

- Eu apenas consegui uma forma rápida e sem custos de chegar lá, mas como não temos tempo para discutir... eu achei o livro de Dédalo na estante de Atena, então eu peguei estudei, e achei uma entrada aqui, que vai se fechar em 5 minutos - Cupido se virou para mim - Diego, você é o mortal com clarividência aqui, você tem a capacidade de guiar a gente dentro do labirinto. Só precisa saber onde quer chegar - agora ele se virou para todos e disse - vamos?

Igor parecia querer resistir, mas reconheceu que não havia outra opção melhor, já para Vanessa tudo é festa e Cupido saiu na frente orgulhoso. Ele abriu a porta do cemitério e em vez de vermos as tumbas ao fundo, havia escuridão como se fosse uma caixa vazia, mas Cupido entrou sem hesitar em seguida foi eu, Igor e por fim Vanessa. Atravessei normalmente, com se entrasse em uma porta qualquer, o lugar era escuro não dava para ver nada até chegarmos em um corredor iluminado por tochas nas paredes úmidas e esverdeadas por musgo, ao chegar perto dava para sentir o calor de algo vivo e absolutamente imóvel, um vento leve e refrescante soprava pelo corredor a frente.

- Bom... só temos uma reta por enquanto... vamos seguindo? - disse o deus do amor

- Tá, você achou o livro, estudou, mas e Diego? ele sabe se guiar pelo labirinto? - falou Igor

Cupido se virou para mim - Diego, se você concentra na sua visão, vai começar romper toda a névoa -

Algo fazia sentido, lembrei de momentos aleatórios em que minha visão ficava diferente, como se estivesse saindo de um transe e finalmente pudesse ver as coisas de verdade, como sonhar, e ser tão presente no sonho que ao acordar simplesmente não ter notado que aquela memória não era real.

- O que é "névoa"? - perguntei

- A névoa é tipo um véu que separa o mundo mortal dos deuses. A névoa muda a forma como os mortais veem os monstros, acontecimentos mágicos, deuses... Assim eu poderia estar andando montado em uma quimera e você veria um cavalo. - respondeu Igor cortando o deus.

- O amigo, tu tem que conseguir isso ai que eles tão falando, por que não quero morrer aqui não. - Vanessa entrou na conversa do nada.

Eu fechei os olhos e abri, mas nada havia não senti nada e tentei novamente e sem hesito - não consigo -

Cupido pegou em minhas duas mãos e me olhou nos olhos, o cabelo ondulado em chanel caído sobre as orelhas e destacava o formato de seu rosto. O vermelho dos olhos pareciam quentes e elétricos, manter o contato visual me enviava um tremor, como recebesse energia. - você consegue, olhe para dentro de você e saberá como. -

Igor interrompeu enciumado, tomou o lugar do outro deus colocou suas duas mãos meu rosto. Desta vez era um menino de 18, com pele café com leite, cabelo amarrado em poupa abacaxi, seu rosto era tranquilo como uma poça d'água e olhos de cor marrom escuro, mas tão escuro, que jurava me ser totalmente preto, me passando tranquilidade - Di, relaxe, não se sinta pressionado, mesmo que não consiga está tudo bem, eu e Cupido somos deuses damos um jeito. -

- Eu acredito em fadas amigo - disse Vanessa do meu lado dando o apoio do jeito dela na frente de um estranho..

Respirei fundo - Cupido tem razão eu consigo - fechei os olhos e permaneci, passou quase 10 minutos e manchas brancas começaram surgir na escuridão, minha mente começou a clarear como se ascendessem um foral dentro de minha cabeça, uma voz disse áspera - abra os olhos Diego. - Assim eu fiz, e uma forma gasosa de mulher estava em minha frente, ela tinhas olhos brancos brilhantes, formas cheias curvas no tom verde escuro de sua fumaça. Ela saiu andando então avisei para todos - Eu acho que consegui me sigam - fui seguindo a mulher, ela virava uma esquina, daqui a pouca outra, andamos tanto que imaginei percorrer todo o caminho para a Delfos à pé, parecia sempre igual, as mesmas paredes, as mesma tochas até que entramos em um salão cujo céu era tão alto que não tinha como ver o teto imerso na escuridão nas fracas chamas das tocha. Havia duas portas abertas mas totalmente escuras, dois caminhos diferentes. A mulher estava no centro me olhando, uma voz em minha cabeça soltou - o desafio é com você - então ela sumiu, e ficamos diante a escolha do caminho.

- E agora? - falou Vanessa incerta.

- É o clichê de todo trajeto, dois caminhos para fazer a gente escolher e errar... - disse Cupido

- Qual sua sugestão Di? - Igor me olhava nos olhos.

Eu não tinha a mínima ideia, mas sentia que devia ir na entrada da direita, algo parecia me chamar lá dentro. - Vamos pela entrada da direita... -

- Oh, meu Deus desculpa se eu morrer, que minha mãe saiba que eu amo ela. - disse Vanessa com deboche, mas claramente com medo.

Todo mundo assentiu e seguimos. O lugar era o único diferente até agora, parecia um cômodo de uma casa da monarquia inglesa, adornada com um lustre de cores quentes de uma vela, tinha quatro camas, guarda roupas grandes, todos os móveis de madeira maciça combinando em detalhes em dourado brilhante, havia uma linda penteadeira no canto, os lençóis e as cobertas pareciam tão sedosos e quentes que meu deu vontade de deitar, olhei meu celular e era meia noite já.

Acho que achamos um lugar para dormi... - falou Vanessa indo logo para umas das camas - essa é minha!

- Será? Do nada um lugar desse só para nós dormimos? - disse Igor desconfiado.

- Mas precisamos dormi em algum momento, por que não? - agora foi Cupido.

Eu fiquei em silencio, havia uma presença de algo familiar apesar de eu não conhecer nada aqui. Caminhei até uma das camas e me sentei, o colchão é tão confortável que senti sono na hora. Igor se sentou do meu lado, ele estava com uma expressão exausta com se tivesse levando o peso do mundo. Agora com mais claridade notei que seu braço tinha algo diferente, então puxei para ver o que era, ele resistiu mas ignorei e pude ver uma cicatriz, como se tivesse rasgado com uma faca de serra.

- O que foi isso? - perguntei

- É difícil explicar... - Igor estava de ombros caídos, sentado meu lado olhando a cicatriz

- Igor, eu estou aqui com você, se eu puder te ajudar...

- Estou preso nesse corpo... tentei usar meus poderes para ir até o submundo, mas toda vez que tentava doía mais meu corpo, até que minha pele começou a rasgar. Essa forma mortal não suporta o meu poder de verdade.

- Sente falta dos seu poderes?

- Sim, mas foi um preço que decidi pagar - disse Igor

- Seja o que for que vocês estejam decidindo, eu to indo dormir - gritou Cupido da outra cama

- Boa noite gente - falou Vanessa já deitada embrulhada na coberta.

Respondi o boa noite, e os dois foram dormir, me virei para Igor - vai dormir comigo né? -

- Onde mais dormiria? - Igor esboçou um sorriso de canto.

Ele se deitou e eu deitei em seu peito, o subir e descer da sua respiração com o batimento de seu coração me deu sono muito rápido. Cai em um sonho onde eu estava dentro de uma fonte, as águas eram transparentes mostrando um fundo brilhante azulado. A estrutura da fonte era rodeada por pedras irregulares encaixadas ente si, formando um circulo em volta havia muitas árvores e arbustos. Eu estava de pé no centro e não conseguia me mover, comecei ouvir um som sibilante em coral, cobras surgiram dos arbustos, de trás das arvores caminhando até mim. Nenhuma me atacou, começaram andar em ao redor da fonte, um calor subiu meu corpo e eu acordei com um grito.

Quando minha visão focou, vi um monte de serpentes no chão, em cima dos moveis e nas camas em do meus amigos. Igor estava coberto serpentes mal dava para ver ele. Gritei para que acordassem mas sem hesito, levantei tirando as que haviam em cima de mim, peguei um livro de capa dura, foi a única arma que achei, então ataquei as serpentes, mas cada golpe nelas era como bater em mim mesmo.

Apaixonado pelo(s) Cupido(s)Onde histórias criam vida. Descubra agora