Com amor, Maya

O Bosque dos Cogumelos

A noite tinha chegado, então acharam melhor dormir lá mesmo.

-Com licença, nós podemos dormir aqui? Estou tentando voltar pra casa, mas não sei se é seguro lá fora...

O gnomo concordou e deixou com que dormissem dentro de seu consultório.

Os animais pegaram uma maca e dormiram junto de Maya.

No dia seguinte, Maya estava com o pé magicamente curado. Ela gostaria de perguntar como ele fez a poção, mas resolveu ficar calada para não parecer mal educada. E seguiram viagem pelo bosque.

Chegaram então num pequeno lago, com alguns cogumelos fluorescentes ao redor dele.

Maya estava com muita sede, então pegou sua garrafa de vidro e encheu com um pouco de água.

Olhando para a água, ela se deparou com algo peculiar: O Reflexo mostrou uma criança, com rosto simpático e um olhar carinhoso. Era um reflexo tão real que parecia que havia uma criança dentro do lago.

- Vocês precisam ver isso!- gritou Maya.

Jade, o ouriço, foi a primeira a olhar. Nele havia um ouriço comum, não o ouriço majestoso e talentoso que ela costumava acreditar que era.

-Acho que esse lago mostra o que a gente não é - exclamou Jade - Claro que sou mais importante que esse ouriço. Ele nem tem espada ou espinhos afiados sequer!

O gambá olhou pelo reflexo. Ele viu um animal lindo, com pelos macios e olhos brilhantes. Parecia ser um gambá cheiroso. E parecia mesmo, pois o reflexo possuía inclusive aroma.

-Com certeza não sou eu - diz o gambá, triste - Sou um animal asqueroso, com cheiro ruim. Esse reflexo tem até cheiro bom!

-Não é verdade, gambá - consola Maya- você é lindo e cheiroso também.

"Não é verdade mesmo", diz a mesma voz que ouviram enquanto lutavam com o grifo, "Esse reflexo mostra o que vocês realmente são".

-Coelha?- pergunta Maya. A humana procurou em sua bolsa e achou o espelho, onde conseguia ver a coelha.

"Sim, sou eu de novo", responde. "gambá, você deve saber que tens o teu valor, é uma criatura e bela. não pense que você não é suficiente. Existem vazios que só se preenchem com nós mesmos", diz ela.

"Jade, você precisa aceitar que não é a melhor de todas. Você tem muita importância, mas não é a melhor. Você não pode deixar com que seu orgulho fala mais do que seu coração; Pois até o Sol, com sua grandeza, deixa a Lua brilhar também".

O gambá começou a admirar o reflexo na água.

Jade parecia um pouco irritada, mas tentou fazer como ela costumava fazer sempre: Considerar toda crítica construtiva. Essa era uma qualidade dela - não se abalar com críticas e sempre tomar o lado bom delas.

Você é suficiente o bastante, gambá - diz Maya - procure a paz dentro de si mesmo, e não em sua volta.

-Jade, você possui muita bravura. E não procure pensar menos de você, mas pensar menos em você. Eu gosto muito de você. E você é muito sábia por admitir seus erros.

Jade olhou feliz para Maya. Ela conseguiu aprender a ser grande e tratar os outros como maiores.

Depois disso, os cogumelos fluorescentes apagaram-se. Os reflexos mágicos sumiram, deixando apenas os reflexos comuns. Era agora apenas um lago comum.

Seguindo pelo bosque, conversaram.

Maya - diz o gambá - Você me considera um gambá legal?

Você é o gambá mais legal que eu já vi! - respondeu - E você tem que saber disso. Você merece todo amor que deseja dar aos outros.

Maya - suspira o ouriço - me desculpe pelo jeito que eu falei com você. Você é uma pessoa incrível. Obrigado por me mostrar o jeito correto de ser para com as outras pessoas.

Denada, Jade. Você é incrível também. Fico muito feliz de ter te ajudado.

Muito obrigada por ter se perdido de casa!

Andando pela floresta de pinheiros, encontraram uma pequena cabana.

Maya... infelizmente, vamos ter que te deixar aqui. - lamentou Jade.

Nós gostamos muito de você. Se cuide, estaremos torcendo por ti!

Se despediram de Maya, e a garota entrou na cabana.