Havia chovido pela manhã inteira. Maya não tinha lembrado de recolher seu vestido do varal- Infelizmente, estava encharcado.
-Você poderia ter me lembrado- Resmungou ela para Puddles, seu sapinho. O animal coachou, algo que era impressionantemente comum.
Vestiu um suéter de tricô feito por sua mãe, pegou uma cesta e nela acomodou seu sapo. Enquanto ela seguia floresta adentro, observava a sutileza do orvalho escorrendo pelas folhas das plantas.
Ali perto havia uma caneleira. Pegou algumas raspas e reservou junto de Puddles. Um pouco mais adiante, achou algo que amava: Um arbusto com morangos silvestres. Enfiou os braços, mesmo contendo espinhos, e pegou um punhado. Comeria assim que fosse possível tirar a mão dos espinhos pontiagudos.
Ao retornar para sua casa, pôs a água para ferver e adicionou parte da canela que havia pego. Abriu um potinho que continha um pouco de anis-estrelado, pegou e misturou com a água e canela.
Abriu a porta e saiu pelos fundos. Foi ver como estava a sua plantação de abóboras e, como havia esperado, elas estavam maduras. Maya contava os dias para ver as abóboras crescerem. Arrancou uma e, quando foi guardar sua tesoura, a abóbora saiu rolando morro abaixo. Maya não era uma pessoa muito esportiva, mas não havia muito problema nisso pois o morro era pequeno.
Quando foi tirar a abóbora, viu que tinha um pouco de musgo irlandês espalhado sobre o chão. Pelo que ela tinha lido, musgo desse tipo atrai fadas, então foi correndo para casa pegar um de seus pequenos frascos para armazená-lo. Procurou por um tempo em sua estante, depois em suas gavetas e por último junto com seus condimentos. Achou apenas um frasco, mas era o necessário; depois disso desceu ladeira abaixo para pegar o musgo, e subiu para guardá-lo em um lugar protegido. Sentou-se em sua cadeira de balanço para comer alguns morangos, mas lembrou-se de algo... A Abóbora! Era a única coisa que ela tinha que fazer, pegar uma abóbora. Foi correndo de novo, agora cansada, e não achou abóbora alguma. Olhou ao redor, voltou para sua plantação... A abóbora sumiu!
De repente, ouviu um barulho, um pouco familiar. Era um assobio agudo e alto. Para seu desapontamento, era só a água que tinha fervido.
-Sinto muito puddles, acho que não vai ter torta - lamentou a menina. Pegou um pouco de chá numa xícara e bebeu. Então quase derrubou o chá em sua roupa, pelo susto que havia levado: Seu gordo gato chegou em casa. Miando alto, deveria estar faminto. Colocou um pouco de ração e o acalmou. Ele estava molhado, e realmente não gostou disso.
Era um gato laranja,e Maia gostava de chamar ele de almofadinha, por causa dos feijõezinhos das suas patas.
Ainda era cedo, então a menina olhou para a janela, quando viu um vulto imenso. Abriu a porta para ver o que era e se deparou com uma mariposa gigante. Não era uma mariposa qualquer, era uma mariposa Atlas! Ela só havia visto essas mariposas em livros, mas pela primeira vez na vida real!
Foi correndo em direção da mariposa, esquecendo do chá, dos morangos, do seu almofadinha e do puddles. a mariposa infelizmente era um pouco mais rápido do que ela, então ela desacelerou um pouco para que a borboleta pudesse parar. quando conseguiu tirar uma foto do borboleta, olhou ao redor. Ela havia corrido por caminhos onde nunca havia corrido. Estava perdida.
O filme da câmera saiu. Revelou a foto... estava tremida. Chamou seu gato, mas era difícil dele sequer levantar, pois era gordinho, e era um tanto quanto preguiçoso. Quando ouviu-se um barulho: Era algum tipo de pássaro.
Uma sombra voou em alta velocidade sobre a cabeça de Maya; E comeu a mariposa.
- Verme nojento - esbravejou Maya - Comendo seres tão bonitos... Nem consegui tirar uma foto!
-Deves ser emocionalmente imatura o suficiente pra xingar um pássaro- retrucou o corvo.
-Por quê comeu o inseto? - Perguntou a garota.
- Pelo mesmo motivo de você ter tomado o seu chá hoje pela manhã- Respondeu.
- Você estava me vigiando?
- Eu estava vigiando a mariposa. Ela havia aparecido em sua janela.
- Bom, eu estou perdida... já que viu onde moro, você poderia por favor me ajudar a voltar para casa?
- Creio que não - responde o corvo- Você não tem asas. o caminho que percorreu era uma descida cheia de Pedras. Agradeça ao universo por não ter caído. Mas o dia ainda está começando, então você poderia contornar o lago e subir pelo campo. É menos arriscado.
- Mas o lago é muito grande! demoraria alguns dias para poder contornar!
- Seu sapo vai ficar bem. Não se preocupe, ele comeria as moscas que estão voando sob os morangos. Como eu disse, poderíamos contornar o lago e ir pelo campo. Não haveria risco de se machucar.
- Certo... Mas procura não me abandonar, porque eu não sei o caminho, e você que tem asas.
-Fechado.
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Com amor, Maya
FantasyTudo começa num dia comum, nublado e com orvalho pingando das folhas de plantas que ela deixava fora de casa. Preparou um chá e foi à caça de frutos, quando encontrou a mariposa.