Sinto-me contente com a aprovação silente de Loki, ainda que boa parte de nossa relação tenha se desgastado devido aos assuntos da coroa. Ele adiciona, em um murmúrio quase que avergonhado. “Parece que o julguei mal todo esse tempo.”
Abri um sorriso cúmplice, fazendo as sobrancelhas de Loki se arquearem em questionamento. “Não posso dizer o mesmo.” Havia uma intensidade em meu tom que não fora intencional, o que fez as orbes do mais novo desviarem para outro canto do quarto em desconcerto.
“Já vamos começar com as declarações logo cedo?”, Loki indaga incomodado. Não consigo detectar irritação em sua face, contudo, meramente o mesmo embaraço se espalhando por seu semblante. Meus olhos caem em seus lábios finos mais uma vez antes que eu possa pará-los. Loki percebe e enruga a testa, confuso. “Tem algo no meu rosto, seu tolo?”
Meus próximos movimentos são um borrão em minha mente. Aproximo meu corpo a Loki e ele me olha mais desnorteado ainda, apesar de sua respiração estar descompassada quando junto nossos lábios em um beijo profundo. Ele retribui eventualmente, enlaçando meu pescoço com seus braços longos. Invado sua boca com minha língua e Loki arfa em resposta, fazendo-me abrir um sorriso com aquele som divino.
Separamo-nos para recuperar o fôlego e o mais novo olhou-me intensamente. “Thor”, chamou em um sussurro.
“Sim?” Indaguei ainda inebriado, entorpecido por sua essência.
Nas orbes de Loki não há nada semelhante, no entanto, somente a mesma tristeza saudosa do momento em que fitava o que restou da biblioteca de Asgard. Seus lábios finos se curvam para baixo e franzo o cenho, abrindo a boca para fazer outra pergunta. Loki é mais rápido e me cala com outro beijo, apenas para em seguida proferir a palavra que chegou aos meus ouvidos como uma faca, cortando meu coração em pedaços.
“Acorde.”
