Trama de sedução

1

Acordei, alcancei meu celular no criado-mudo e chequei as horas. Ainda era cedo. Levantei, fui direto para o banheiro, fiz minha higiene matinal e prendi o cabelo em um coque alto. Abri o chuveiro e tomei um banho rápido, deixando a água morna me despertar completamente.

Fui direto ao armário e escolhi uma lingerie branca, uma calça jeans e uma camiseta. Vesti-me rapidamente e joguei um casaco sobre a cama. Na penteadeira, apliquei uma maquiagem básica, e soltei os cabelos. Sentei na cama para calçar meu All Star. Peguei minha bolsa, o casaco e o celular antes de descer para a sala.

Vi meus pais sentados no sofá, concentrados em alguns documentos, mas não me interessei em saber do que se tratava.

Minha atenção foi atraída por um homem muito bem vestido, usando um elegante terno preto. Ele estava em pé, com as mãos nos bolsos da calça, exalando uma aura de mistério e sofisticação. Tentei não demonstrar meu interesse e desviei o olhar, pegando a mochila da minha irmã no sofá e chamando-a para irmos ao colégio.

_ Filha seja mais educada e cumprimente o rapaz.

Minha mãe me olhava preste a me dar uma bronca.

_ Bom dia, cumprimentei, e ele respondeu, olhando-me dos pés à cabeça com um olhar intrigante. Percebi seu interesse, mas não dei muita atenção.

_ Vamos meu amor tá na hora.

A garotinha corria de um lado para o outro, radiante. O homem de terno preto a observava de uma maneira peculiar.

_ Se chegarmos atrasadas, não vai ganhar um biscoito da sorte. Isso sempre convencia a Seo Yenrin.

Ela veio até mim e esticou os braços, pedindo colo. Rapidamente, vesti o casaco que estava segurando no braço e a peguei no colo, ajustando o capuz do moletom que ela usava com carinho.

Saímos e nos deparamos com um conversível preto luxuoso estacionado em frente à casa, com um homem alto ao lado, provavelmente o motorista, encostado no carro. Lembrei de uma conversa que ouvi meu pai mencionar sobre alguns negócios que ele estava cuidando. Aquilo deveria estar relacionado.

Nunca os vi tão próximos de pessoas desse patamar antes.

Notei ele me encarar e apressei o passo saindo logo dali, pegando o primeiro táxi.

O céu acinzentado pendia sobre Seul, envolto em um frio cortante que transformava as ruas em um cenário tranquilo e pouco movimentado.

Após deixar Yenrin no colégio, segui de táxi até uma cafeteria próxima, como costumava fazer antes de ir para o trabalho.

Após tomar meu café na cafeteria local, segui caminhando por mais dois quarteirões até chegar ao meu trabalho. À medida que me aproximava, as ruas ganhavam vida com o movimento dos comércios locais. O prédio, um imponente edifício de quinze andares, se destacava pela sua arquitetura tanto exterior quanto interior. Ao entrar, dirigi-me diretamente ao elevador que me levou ao nono andar. Lá, encontrei alguns colegas que já haviam chegado e trocamos cumprimentos antes de seguir para minha mesa.

Antes de começar aqui, eu frequentava cursos, pois ninguém me contratava devido à falta de formação acadêmica, já que meus estudos eram apenas básicos. Consegui meu emprego no último ano do ensino médio e, mesmo sendo uma novata como servidora e com um salário modesto, estou muito feliz por ter essa oportunidade de trabalho.

Organizei algumas pastas e preparei um relatório sobre as atividades administrativas. Depois de deixar tudo pronto, desci com meus colegas de trabalho para o almoço. Fomos até o restaurante ao lado do prédio.

Após desfrutar do meu almoço, troquei despedidas com meus colegas de trabalho e logo segui para buscar minha irmã no colégio. Como trabalhava meio período, ser responsável por ela era uma parte importante do meu dia.

Cheguei em casa e, como sempre, meus pais não estavam lá. Não era novidade para mim. Subi direto para o quarto, tirei meu casaco e cuidei de Yenrin. Após trocar suas roupas por algo mais quente, a deixei brincando enquanto arrumava a casa.

Após finalizar a lavagem dos pratos na pia e deixar a cozinha impecável, peguei o aspirador de pó e comecei a dar atenção ao sofá e ao tapete da sala. Enquanto estava ocupada com a limpeza, reparei um papel caído no chão. Curiosa, abaixei-me para pegá-lo.

Ao pegar o papel do chão, fiquei surpresa.

_ O que o documento da Yenrin está fazendo aqui?, murmurei para mim mesma, com uma pontada de curiosidade. Imediatamente, lembrei-me da manhã, quando saí de casa e meus pais estavam ocupados assinando alguns papéis. _Estranho... será que tem algo a ver?

Após guardar o documento, terminei de limpar meticulosamente a casa. Subi para o quarto, onde tomei um banho rápido, vesti roupas limpas e desci novamente para a sala.

_ Lili você pode brincar comigo agora? Yenrin apareceu segurando dois ursinhos de pelúcia.

_ Claro que posso, minha pequena, respondi com um sorriso, vendo seus olhinhos brilharem. Ela começou a descer as escadas apressadamente.

_ Cuidado não correr, você pode acabar caindo. Alertei suavemente. Ela desceu rapidamente e, ao alcançar o tapete, sentou-se.

Algumas horas depois, minha mãe chega em casa. Ela me cumprimenta com um aceno rápido e da um beijo na Yenrin antes de seguir para o quarto. Minutos depois, ela volta, agora vestida de maneira impecável, como se tivesse um compromisso importante. O contraste entre sua pressa inicial e sua nova aparência despertou minha curiosidade, fazendo-me imaginar onde ela iria tão bem arrumada.

_ Você vai sair? Perguntei, lançando-lhe um olhar desconfiado.

_ Sim, mas não demoro, ela respondeu, dando-me um sorriso enigmático. _ Quem quer ir tomar sorvete com a mamãe?

A pergunta dirigida a Yenrin me deixou ainda mais intrigada, mas decidi não perguntar mais nada.

_ Eu, mamãe! Exclamou Yenrin, pulando.

_ Então, coloque um casaco, instruiu minha mãe. Yenrin correu para o quarto, pegando o casaco com entusiasmo.

_ Sorvete, mãe? Está frio, ela pode ficar doente. Disse preocupada.

Peguei os ursinhos de pelúcia do chão e os coloquei no sofá.

_ Está bem, querida. Compramos outra coisa respondeu minha mãe, tentando me tranquilizar.

Yenrin desceu as escadas com o casaco, animada, e minha mãe sorriu para mim antes de sair.

Yenrin desceu as escadas com o casaco, animada.

_ Estou pronta! Disse Yenrin, fechando o casaco.

_ Cadê o meu beijo? Abaixei, apontando para minha bochecha. Ela agarrou meu pescoço e deu um beijinho molhado.

_ Vamos, filha, chamou minha mãe, já com a porta aberta. Yenrin correu para a porta, acenando para mim com um sorriso radiante. Eu retribuí o aceno e sorri de volta.

Tentava me concentrar na série que passava, mas minha mente continuava a vagar. O comportamento misterioso da minha mãe, os documentos que meus pais assinavam mais cedo, e o homem elegante que apareceu de repente. Tudo isso criava um ar de tensão insuportável.

Tive um pressentimento estranho, como se algo estivesse prestes a acontecer.

Por um momento, considerei seguir meus instintos, mas decidi que talvez fosse apenas coisa da minha cabeça. Respirei fundo, tentando afastar os pensamentos perturbadores, e voltei minha atenção para a TV, tentando me convencer de que tudo estava bem.