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O ranger da porta se faz ouvir, e meu corpo se encolhe instintivamente na cama. Suga entra, carregando uma sacola, sua presença é tão cativante que mal consigo desviar o olhar.

_ Boa noite, sua voz rouca ecoa pelo quarto, breve e enigmática.

Permaneço em silêncio, observando-o deixar a sacola no criado-mudo antes de sair, sem mais palavras.

Curiosa, me aproximo da sacola, identificando o logo da loja. A tentação de espiar seu conteúdo é irresistível.

Passos se aproximam da porta e me vejo correndo de volta para a cama, quase sendo pega por Suga. Seu olhar sério me deixa desconfortável, mas um sorriso sutil em seus lábios denota que percebeu minha timidez.

_ Você tem vinte minutos para se arrumar, ele diz, deslizando as mãos nos bolsos da jaqueta.

_ Por quê? Vamos sair? questiono, enquanto ele se aproxima e me ajuda a levantar.

_ Desta vez, não, sua resposta é breve. _ Quando estiver pronta, eu volto. Não demore.

Concordo, vendo-o sair com um sorriso suave. Dirijo-me ao banheiro, despi-me das roupas e entrei no chuveiro, sentindo a água morna acalmar meu corpo.

Um barulho estranho ecoa pela casa, despertando meu alerta enquanto estou sozinha em casa. Curiosa e um tanto apreensiva, desço as escadas para investigar.
_Quem está aí? pergunto, mas meu chamado é recebido apenas pelo silêncio.

Na sala, meu coração quase salta do peito quando me deparo com um homem, vestido de preto, seu rosto oculto por máscara e boné. O medo se apodera de mim enquanto tento distinguir qualquer detalhe, mas é em vão. A única coisa que consigo ver claramente são os olhos penetrantes.

Antes que eu possa reagir, uma mão forte cobre minha boca. Um pano úmido é pressionado contra meu rosto. Tento lutar contra a sensação de tontura que se aproxima, mas logo sou envolvida pela escuridão e a consciência se dissipa.

Enquanto me sento diante do espelho da penteadeira, reflexões sobre meus pais vêm à tona. Observo meu próprio reflexo, buscando respostas para perguntas que ecoam em minha mente.

Me pergunto como puderam me arrastar para dentro de seus negócios duvidosos, envolvendo-me em um mundo do qual nunca quis fazer parte.

Visto uma roupa diferente, mais ousada do que estou acostumada. Suga entra, surpreso com minha transformação, e me entrega um casaco.

_ Para onde vamos? pergunto, séria, enquanto ele parece menos entusiasmado.

_ Você vai descobrir em breve, ele responde, entregando-me uma venda branca.

Suga havia me dado instruções cuidadosas, assegurando que eu não faria nenhuma bobagem. Eu já estava entendendo.

Cegada pela venda, sigo Suga sem ver para onde vou.

O ranger da porta me tira do transe, e percebo que estamos dentro de um ambiente desconhecido. Suga some da minha audição, deixando-me inquieta.

_ Suga, você está aí? chamo, recebendo apenas o silêncio como resposta.

Passos se aproximam, e sinto um beijo em meu pescoço. A voz que responde não é a dele, e minha mente se agita em confusão.

_ Quem é você? pergunto, enquanto a venda é retirada, revelando um espaço encantador diante de mim.

Um jantar à luz de velas me aguarda, e um homem com cabelos vermelhos cereja me cumprimenta com gentileza.

_ Boa noite, respondo, permitindo que ele me conduza à mesa.

Trama de seduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora