Capítulo Um - Comum

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A humanidade há muito tempo, vive em desequilíbrio. A bondade não prospera e a maldade também não, não completamente. Isso está escancarado em nossas faces em todos os jornais, nas telas da TV e nas telas dos smartphones. Existem seres humanos que sofrem com a falta de água e outros que têm água em abundância. Muitos passam fome e outros, têm fartura. Terras são férteis e outras, tão secas e áridas que não há sequer vestígios de crescimento. 

Há uma mistura de felicidades, de atitudes nobres mas também de infelicidades, há o bem e há o mau. Há um desequilíbrio no amor, onde toda forma de amor ainda precisa ser próspera, na família, pais matam seus filhos e filhos matam seus pais. Há um mundo injusto e cruel, cidades magníficas e ainda, cidades apáticas, mas ao mesmo tempo um mundo maravilhoso e belo. Muitos diriam que tais injustiças representam o fim do mundo. 

Eu lhes digo que essas são as consequências da falta de um equilíbrio que não foi instaurado na sua criação. Não há medida certa. O mundo, na sua imatura construção, era pra ser bom, puro, o paraíso. Mas a injustiça, a inveja e a vingança dos pais do bem, Abel, e do pai do mau, Caim, levaram ao universo o caos do desequilíbrio. A partir daí, a vingança deixada como herança por seus descendentes, deu origem ao confronto que rege essa história.

Por que não há abundância para todos se todos vivem no mesmo planeta? Esse mesmo planeta, que contém todos os nutrientes e todas as formas de vida. Mas, a humanidade desconhece todos os segredos que existem por trás do equilíbrio da vida, da energia, do universo e do espaço. Há muito mais do que possamos imaginar, há muito mais por trás de milhares de anos, desde a sua criação. Por isso, a história que vou lhes contar é sobre luta, medos, mudanças, angústias, perdas, surpresas, mas principalmente, uma guerra e um amor.

...

Diana:

– Seguimos pelas próximas horas até chegarmos ao Rio de Janeiro onde embarcaremos no voo direto para Porto Alegre. Não passamos na casa que morávamos antes. Eu não pude me despedir de ninguém. Eu me sentia tão vazia, tão perdida e tão pressionada, tão envergonhada e principalmente, machucada. Por conta de estarem a minha procura fui obrigada a desativar todas as minhas contas nas redes sociais, pois isso dificultaria o acesso dos homens comandados pelas trevas de chegarem até mim, o único aparelho que eu usaria seria um celular não muito moderno com número restrito. Tenho todos os contatos dos meus amigos em mãos para quando eu chegar em Porto Alegre avisá-los. Saber que todos correm perigo me apavora. Saber que eu não sei como será minha vida agora também me apavora. Acho que as palavras que consomem as entranhas da minha garganta são culpa e medo. – Passageiros do vôo três, dois, sete, encaminhem-se à plataforma de embarque para o voo direto com destino a Porto Alegre.

...

48 horas antes.

Era o finalzinho de inverno e com a chegada da primavera, o sol já estava brilhando tudo por lá, mais um dia raiava na cidade do Rio de Janeiro, o som dos pássaros que anunciavam a chegada das flores no bairro se misturavam com as buzinas de carro e com o falatório da cidade. O sol já estava tão quente que era possível ver o calor através das sombras. Mas em outra cidade, em outro estado, tudo era diferente. Esta outra cidade, chamada Canela, fica a aproximadamente cento e trinta quilômetros de Porto Alegre, na região Sul do Brasil. Lá a calmaria das ruas e a tranquilidade das pessoas contrastam com sua beleza. As crianças que brincavam na rua ainda usavam grandes casacos, mesmo sendo final de inverno, pois as ruas ainda ficavam frias, úmidas e chuvosas, mas como já estava próximo da primavera, as árvores já estavam secando das geadas matinais de inverno e dando lugar ao vivo das flores.

A Guerra do Equilíbrio: O Encontro - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora