A noite está como sempre em Catena, a lua não é vista neste horário já que ao leste fica o castelo tampando ela da visão de qualquer integrante de Tanit a maior vila de "comuns" de Catena. Sou uma deixada, ser deixada é exatamente o que soa já que são proibidos poderes fora da família real, muitos de nós temos poderes e quando alguém descobre nos queima em uma fogueira, meus pais foram queimados após serem vistos praticando feitiço para curar pessoas nos hospitais e nessa época eu tinha apenas sete anos enquanto via tudo acontecer, o brilho dos meus olhos e minha inocência se apagaram junto com a fogueira que matou os matou.
Desde lá meu coração tem medo de seguir com o que foi me dado de berço, a bruxaria. Agora tenho dezenove anos e após me passar pelo ensino básico de Catena deixei meu tempo para trabalhar de costureira e consegui um dormitório, aqui todos me chamam Éris mesmo eu nunca tendo lembrado o meu nome esse desde então vem sendo uma opção razoável. La moram mais dez pessoas de tipos completamente diferente, tem desde adolescentes até um casal de idosos que são adoráveis.
Por viver neste mundo sem pais eu aprendi tudo na rua e com os pais de Una-Ela é minha melhor amiga desde o ensino básico- e seus pais são acolhedores comigo e sabem muito bem o que dizer para me ajudar.
Una e eu somos altas e eu diria que ela teve a sorte de ter olhos verdes uma pena que sempre que a guarda passa por Tanit ela tem que manter seus olhos mirados para baixo já que só fadas tem olhos verdes, não que Una não seja uma, mas a última coisa que ela quer é virar lenha na fogueira dos Burdige.
Ela sempre elogia meus cabelos negros e curtos mesmo o dela sendo de um ruivo o qual eu imagino que até o fogo teria piedade ao queimar.
Meu dormitório tem uma janela grande virada para o castelo e a casa de Una, isto torna mais fácil nossos encontros as duas da manhã para apreciar a lua cheia. Temos um compromisso de levar algo para comer, mas ultimamente os ganhos não estão bons já que no verão os moradores viajam para litorais e apenas vendedores ficam normalmente fabricando para o outono inverno.
A família real também não está, mas Angra a filha mais velha e intelectual sempre fica durante o verão lendo seus livros no silencio de um palácio vazio e só está vazio por ela pedir a paz. Eu nunca compreendi esse pensamento, uma garota que tem tudo desde beleza e inteligência até riqueza e poder, pedir um tempo de tudo e todos para ler livros sozinha em um palácio.
Eu mesma nunca a vi, só sua sombra durante as noites de verão perambulando o castelo.
Já são uma da manhã e Una aparece na minha porta interrompendo meus pensamentos, ela senta em uma cadeira perto da mesinha que eu usava para estudar e deixar livros que busco na biblioteca real-sim eu sou autorizada por fabricar algumas peças exclusivas para os Burdige- as únicas coisas do meu quarto são realmente minha cama, cadeira e essa mesa tudo feito por mim com a ajuda do pai de Una e suas madeiras gastas pelo tempo.
-Conseguiu vender algo para comprar aquela torta de maçã que você prometeu na última lua? –Ela perguntou com um tom de esperança de receber um dos seus doces preferidos de presente hoje.
-Infelizmente não – a observei perdendo essa esperança e cruzando seus braços e franzir a testa ao ouvir a minha resposta, ela está com um vertido azul combinando com minha regata e pensar que ela sempre faz questão de combinar essas coisas.
-Tudo bem eu também não consegui comprar aquele chá de frutas vermelhas que você gosta – Me olha envergonha, mas logo solta um riso e completa –fica para a próxima.
Eu concordei com a cabeça rindo e antes de colocar um tênis fiz questão de dar um abraço curto em Una, no meio do abraço fiz cocegas nela para vela rir já que é ela que me faz rir, nada mais justo.
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Quem o fogo cala
FantasyÉris é uma garota deixada, criada pelo mundo preservando a unica herança que seus pais a deixaram, seus poderes. Em um mundo onde só a realeza pode usar seus poderes uma meia lua de pessoas em uma escola a mostra que o fogo não precisa calar ninguem.