Quem o fogo cala

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(Ponto de vista de Hades)

Dentro deste escuro completamente diferente do habitual eu tenho me apegado as memorias de como cheguei aqui, foi tudo tão rápido que me faço muitas perguntas sobre meu destino mesmo sabendo que posso me acabar aqui.

Lugares frios e cheios de lagrimas que não são só minhas, agora eu choro por todos que virão a chorar, fico repassando o que aconteceu em nos últimos dias na minha cabeça para ver aonde eu errei.

Três dias antes

Corália está imersa em sua piscina luxuosa e particular, ela irá me explicar sobre meu trabalho de espião ao norte. Não sei como ela conseguiu confiar em mim tão cedo, mas não irei decepciona-la.

-Você irá atravessar as fronteiras e apenas convencê-los de que você é como eles – Corália parece destemida, mas sabe muito bem que esse trabalho é perigoso e para dar tudo certo precisamos de foco – E não é muito difícil, diga que não quer trabalhar ou não aceita parar de comer carne, já que a maioria vai até lá pois não quer viver sem uma arma em suas cabeças. Sim, no meu ponto de vista comer carne é isso.

Corália é inteligente, sei de tudo que se passa em sua cabeça e vejo tanto conteúdo, nenhum deles é para ser uma "princesa" e sim para conhecer a todos e entendê-los. Ela sabe como funciona a natureza e as pessoas de uma forma que nem eu como um ser que lê mentes entende. Por mais que ela queira ser pacifica um lado seu não quer perder uma guerra mesmo que sangue jorre contra suas mãos, até se esse sangue for meu.

-Leia a mente da rainha do Norte como está lendo a minha agora, tente lembrar de cada detalhe e se tudo ocorrer bem traga essa informação até mim junto com a sua vida. – Ela sabe mais que ninguém que posso ser uma vida perdida, sabe que eu posso até me virar naquele mundo, mas não me conhece o suficiente para pôr certeza de que isso irá dar tão certo. O medo em seus olhos e o turbilhão de pensamentos em sua mente me fazem questionar meu potencial, mas nem por isso pretendo parar.

Passei alguns minutos com Corália falando sobre o Norte, mas logo ela teve que ir me obrigando a seguir meu caminho. Ela se despediu, sua empatia a permitiu soltar uma lagrima. Ela repete em sua mente palavras bonitas para deixar o fardo de me ver indo ficar mais leve.

Caminho em direção ao jardim e vejo Éris e Andra conversando, mas não me aproximo. Não quero atrapalhar os pensamentos de Andra, ela tem pensamentos lindos e mesmo sendo da corte de Catena ela tem um coração puro, o verdadeiro motivo de estar aqui. Éris, a pessoa que por mais que não tenhamos passado muito tempo juntos eu sinto como se meu amor por ela fosse além de seus pensamentos confusos sobre o que sente por mim, ela me fará falta e mesmo sabendo que posso não voltar acredito que uma despedida não irá ajudá-la a pensar positivo.

Tudo aqui me fará falta, desde as fadas até os wendigos que me dão tanto medo com suas formas monstruosa semelhante a arvores e suas alturas que podem chegar a três metros. Os lagos e a harmonia, vejo tudo isso indo enquanto caminho ao lado escuro deste lugar. Me esqueço que esse lugar tão lindo tem algo tão sombrio como vizinho de porta.

O portão para o norte fica no meio de uma montanha então a caminhada é um pouco demorada, conforme me aproximo do portão percebo que a passagem é um túnel e o portão é apenas uma grade que protege a boca do túnel. Ninguém me levou a saída, as criaturas do Norte poderiam desconfiar ao ver um preguiçoso (assim que eles chamam quem é mandado para lá) sendo levado por uma criatura até o portão.

O túnel é apertado e úmido, de suas rachaduras gotejam agua suja e aos cantos vejo desde animais a insetos provavelmente famintos. O lugar me dá agonia, mas não medo, já vi coisas piores e pretendo continuar guardando o meu medo para quando ver a rainha.