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(Ponto de vista Éris)

Andra apenas sorriu largo depois que a beijei, por mais que eu não esperasse nada além disso. Ela me puxou pelo braço para apresentar o castelo, ele é enorme e tão luxuoso que tenho medo tocar em algo e precisar pagar com a minha alma.

-Esse é seu quarto – Andra está diante de um quarto escuro enquanto fala isto, mas logo se esquiva para acender a luz e me dar visão de um lugar incrivelmente luxuoso como se fosse feito para mim. O lugar tem uma janela igual a do quarto dela, uma das paredes é inteira de livros e tem uma máquina de escrever em uma mesinha linda perto da minha cama com lençóis brancos e dourados acomodados nela. –Irei te deixar a vontade, amanhã iremos atrás de roupas tudo bem?

Sorri e assenti vendo ela desgrudar sua mão da minha enquanto se retira do cômodo, meu quarto no palácio. Parece um sonho como tudo aqui, mas já me certifiquei disso e sei que não é, isso é um alivio.

A noite foi caindo e o sono foi vindo, Andra não voltou então decido tirar as roupas para dormir. Olhei no guarda roupa do tipo que tem em um cômodo diferente, quando adentrei não tinha muitas roupas, mas vi uma camisola branca, a primeira camisola que eu vi e que é bonita de verdade. Depois de coloca-la volto para o quarto para me deitar, mas não poderia deixar Andra sem ao menos um boa noite. Sendo assim eu saio livre pelos corredores procurando ela e a encontro na cozinha segurando um bilhete enquanto toma um vinho, ela me enxerga de canto e seus ombros decaem levemente.

-Eles irão volta amanhã, pela manhã –a voz dela sai como um sussurro medroso que não acharia que um dia ouviria vindo dela. Ela chega mais perto vendo minha confusão já que por um momento esqueci que os pais dela são o rei e a rainha de Catena, apenas lembrei quando ela já estava nos meus braços, não que eu precisasse mas tenho certeza que ela precisava.

-Vamos dormir separadas –Digo enquanto olho seu corpo derramado no meu e tiro a conclusão que não quero deixa-la sozinha, mas faria se ela quisesse. Ela desfaz o abraço para que me veja melhor e me olhando remexe a cabeça deixando bem nítido que ela também não quer passar essa noite sozinha.

Caminhamos até meu quarto e deitamos juntas, antes que eu pudesse falar algo vejo Andra sendo levada pelo sono. A deixo ficar confortável e durmo também, essa foi a primeira noite que meu sono ficou calmo em muito tempo.

Pela manhã Andra foi a primeira a acordar como sempre, me levantei vendo o reino todo pela minha janela, a luz que ilumina o quarto é a mesma luz que ilumina Andra quando ela entra no cômodo segurando uma bandeja de comida nas mãos e um sorriso largo em sua face.

-Vim trazer o café da manhã, daqui a pouco minha família chega e não quero que desmaie na frente deles – ela ri, deposita a bandeja na minha cama e quando vem na minha direção me torna em seu abraço, eu aprendi a gostar disso e até agora me pergunto como é possível em tão pouco tempo consegui me apegar tanto a alguém.

-Obrigada – digo depositando um beijo em sua testa.

Ela desfaz o abraço e me leva até a bandeja, nela tem frutas, biscoitos e cereais, um café, leite e açúcar. Tudo lindo enfeitado com flores e as louças são lindas, brancas com dourado como quase tudo aqui.

-Hoje iremos comprar roupas, não que você precise claro – ela sussurra com um tom malicioso o final, pega uma das xicaras para tomar café junto comigo e ficamos ali admirando a paisagem.

Mas uma coisa não sai da minha cabeça, as pessoas infelizes em Tanit, meus pais queimados, bruxas, elfos e outros sobrenaturais destinados a fogueira. Quero muito esquecer isso quando estou com Andra já que a culpa não é toda dela e eu sei que ela não é igual a própria família, mas eu preciso viver com eles agora e isso será mais difícil do que eu vinha pensando. Principalmente quando ouço barulho das carruagens, o meu sangue ferve em todo o meu corpo, minha visão escurece, logo volta me fazendo ver a imagem de Andra. "Não posso machuca-la por isso" penso.

Quem o fogo calaOnde histórias criam vida. Descubra agora