Prólogo

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Norman escrevia fórmulas sem sentido na sua desgastada caderneta de anotações

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Norman escrevia fórmulas sem sentido na sua desgastada caderneta de anotações. Os rabiscos se confundiam entre si em completo caos, simplesmente porque ele não estava dando à mínima para o que escrevia. Sua mente estava em outro lugar, em outra pessoa.

Era uma tarde agradável, o sol estava começando a se por, e o céu estava calmo sem nuvens. O azul lentamente se tornando laranja no horizonte. Agosto era um mês com muita ventania, jogando as folhas murchas das árvores secas de um lado para o outro, tão caótico quanto as anotações de Norman ao contrário do azul sereno no céu.

O sino da porta da frente soou pelo café quando um pequeno grupo de estudantes entrou e foi recepcionado por uma garota ruiva animada no balcão.

— Bem vindos à Gold Pond! Eu sou Emma! — ela disse ao receber dois novatos — vocês querem o expresso? Está na promoção para os calouros!

De cabeça baixa, os olhos azuis observaram a garota por trás dos cílios loiros quando ele desistiu da caderneta e alcançou sua xícara de café tomando um gole lento. A bebida estava morna, mas foi o suficiente para controlar sua inquietação interna, tentando ser o mais discreto possível ao seguir os movimentos da ruiva.

Ela parecia um raio de sol em contraste ao ambiente calmo e quieto da cafeteria. Emma era agitada e animada, mas de certa forma parecia ser o motivo do lugar ainda não ter sido fechado. Ela era a energia vibrante que a cafeteria precisava.

Próxima a prestigiada universidade de Lambda, a cafeteria Gold Pond era um ponto popular entre os estudantes que não tinham muito dinheiro para estudar em outros cafés por perto, especialmente quando a biblioteca ficava lotada demais. Por dentro, as paredes de madeira tinham leves rachaduras e os pôsteres velhos já não colavam direito para esconder as imperfeições do lugar. Alguém ainda teve a brilhante ideia de colocar algumas plantas e abrir as janelas para evitar o que cheiro de mofo não perturbasse tanto os clientes.

Apesar da aparência desgastada e quase caindo aos pedaços, a modesta cafeteria era um lugar confortável para estudar, sem falar que as bebidas eram super baratas em comparação as outras cafeterias próximas do bairro universitário.

Também era o local preferido de Norman Minerva para estudar.

No quinto período de engenharia física, ele atraiu muitos olhares curiosos quando começou a frequentar o modesto café. Grande parte dos estudantes ficavam surpresos com a presença dele ali, no meio de tantos "plebeus". Norman era conhecido não apenas por sua aparência, mas também por vir da famosa família Minerva. Seus parentes eram na maioria cientistas renomados, trabalhavam para o governo ou até para a estação mundial. Eles eram a cereja do bolo de Lambda. Sem falar que também eram podres de ricos, por isso mesmo todo mundo se perguntava, por que diabos o cara mais rico da universidade passava seu tempo livre em um lugar que estava quase caindo aos pedaços.

Mesmo frequentando o lugar por quase seis meses, alguns alunos, em especial os calouros, ainda se espantavam com a sua presença. Norman se acostumou com os cochichos que ouvia das mesas que ficavam próximas à sua, de estudantes que teorizavam o porquê ele passava as tardes no café; era uma das coisas o que mais o divertia, na verdade. Mas também ele teve que lidar com a atenção das garotas que se reuniam em grupo. Eram amigas que se apoiavam, juntando coragem para chegar junto da sua mesa e chama-lo para sair.

Mas Norman não estava interessado em nada disso.

Terminando de tomar o café, ele "voltou" sua atenção à caderneta, rindo consigo mesmo baixinho da bagunça que fez. Seus olhos pegaram a figura de Emma mexendo na cafeteira cantarolando distraída alguma música pop chiclete. Ela balançava a cabeça e a sua antena balançava no mesmo ritmo, o sorriso brilhando nos lábios rosados.

Ele a observou hipnotizado por um instante, e por hábito, sua mão buscou a xícara novamente notando surpreso que já tinha tomado tudo. Se endireitando, ele voltou a caderneta, puxando uma nova folha para rabiscar mais coisas sem sentido. Na verdade, o trabalho que fingia resolver já estava resolvido, ele tinha terminado tudo na noite anterior. Tudo o que Norman fazia aqui era passar o tempo com anotações sem sentido. Quer dizer, tudo o que ele realmente fazia aqui era poder ver Emma trabalhar.



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