Depois da sua última aula do dia, Norman estava na cafeteria como o usual. Gillian foi quem o cumprimentou do balcão, mas ele pegou a figura da ruiva pelo conto do olho do outro lado do café. Na sexta passada ele sem querer acabou escutando o comentário desapontado de Gillian por Emma ter rejeitado seu amigo Oliver.
Apesar da contradição que tempestuava sua mente, ele não deixou de se sentir um pouco aliviado por isso. Ele se sentou na mesa de sempre e abriu seu livro. Não demorou muito para ele sentir alguém se aproximar. Ele subiu os olhos do livro encontrando a ruiva a sua frente.
— Ei — ela murmurou.
— Ei — ele murmurou de volta deixando o livro cair na mesa.
Ela inspirou fundo alcançando algo no bolso da frente da calça se atrapalhando um pouco com o avental e tirou os cem reais que ele tinha lhe dado sexta passada.
— Aqui, eu estou devolvendo — ela explicou, o encarando desconcertada — isso é muito.
Os olhos azuis piscaram da mão dela para seu rosto enquanto ele a analisou em silêncio por um tempo. Para a sorte dela a cafeteria ainda estava tranquila. Ele suspirou sem se mexer no lugar.
— Mas é a minha gorjeta — argumentou vendo como ela mordeu o lábio nervosa do seu lugar — Isso não é nada demais. Isso é para você.
Ele estava sendo honesto. Ele sabia da sua condição há algum tempo e não estava medindo esforços para ajudá-la, mesmo sendo uma situação delicada. Mesmo que ele nunca tenha dito diretamente que sabia o que estava acontecendo em Gracefield. Tudo estava andando ainda a passos lentos e apesar dele se sentir impaciente, não havia muito o que fazer.
Enquanto ela continuou o encarando em silêncio, pensando em como responder, ele viu a forma que suas sobrancelhas franzidas sob os olhos verdes mostravam como ela também sabia porque ele estava fazendo isso.
— Mas isso é muito para mim — ela murmurou quase que para si mesma, decidindo colocar o dinheiro na mesa ao lado do café. Norman seguiu o olhar da mão até o rosto. Ele esperava vê-la irritada ou até mesmo com raiva. Mas, não. Ela estava sorrindo, mesmo que houvesse uma pontada de dor por trás da fachada.
Ele não pode retrucar porque ela saiu logo depois para atender um cliente que tinha acabado de chegar. A essa altura do campeonato eles estavam empatados, ele não era o único que sabia ser escorregadio quando queria. Ele a acompanhou com os olhos se esquecendo do livro e do café ao lado.
Norman só percebeu que estava a encarando descaradamente outra vez quando alguém deslizou no assento em frente o dele suspirando alto.
— Yo. Então, é aqui que você vive agora? — questionou.
O som de uma bolsa jogada do seu lado chamou sua atenção e Norman subiu os olhos surpreso.
— Ray!
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À gosto
FanfictionNorman sempre gostou de café, mas era a presença de uma certa barista ruiva que o fazia sempre ir àquela cafeteria. ♥ Noremma ♥