Okay, podia fazer isso.
Levantar. Tomar banho. Café. Escola.
Simples, fácil. É fácil, não é?
Okay, não.
Me sentei na cama, pela milésima vez só naquela manhã — talvez, esteja exagerando na quantidade, mas você nunca saberá.
A verdade é que estava morrendo de vergonha e medo, um misto dos dois sentimentos. Acho que vou chamar de veredo... Okay, não ficou bom.
Não tinha ideia de como encararia Derek.
Espera, me expressei mal, reformulando a frase: não tinha ideia de como lidaria com Derek.
Nunca havia passado por algo assim na vida e cá estava, sentado na minha cama, tentando decidir o que fazer. E, para melhorar, tinha consulta com o Dr. Gregory à tarde.
Nada contra o doutor Gregory, afinal, ele tem o mesmo nome do Dr. House, que é praticamente um dos meus programas favoritos.
Não tinha ideia se ele se parecia com o verdadeiro House ou não, pois só escutava o programa. Contudo, simplesmente odiava essas consultas, era sempre a mesma coisa: eles acendiam luzes nos meus olhos, perguntavam se eu via algo, testavam mais algumas coisas e "vejo você na semana que vem", como se eu estivesse melhorando.
Bem conhecia esse processo, já o havia feito várias e várias vezes desde que fiquei cego.
Então, minha mãe ou meu pai perguntava: "Alguma notícia da lista de espera?" e ele respondia "Infelizmente não'', mamãe me levava para casa e comprava sorvete de coco com nozes para mim. Fim de um dia legal no hospital.
Será que se eu inventasse que estava doente para não ir à escola, minha mãe acreditaria?
— Stileweet? O que você ainda está fazendo aqui? Vai se atrasar, querido — era hora de começar a tossir e fingir que peguei a doença da vaca louca.
— Mamãe, acho que tô doente — simulei uma tosse.
De todas as reações que podia aguardar da minha mãe, ela fez a que eu menos esperava: deu risada.
— Estou aqui morrendo e você rindo, mãe? — Perguntei indignado.
— Ah, sim, claro — ela ironizou, ainda rindo um pouco. — E o que você tem, querido?
— Érm... Eu... B-Bem, eu... — Me enrolei todo na explicação.
Não tinha elaborado nada, ela entrou no quarto na hora que decidi que estaria doente hoje.
— Acho que sei o que você tem... — Ouvi seus passos se aproximando e, em seguida, senti minha cama afundar ao meu lado. — Medo. É isso, não é? — Disse calmamente e eu assenti de uma vez. — Você não precisa ficar assim. Derek não vai te deixar desconfortável.
— Mas não sei como agir perto dele agora. Não quero parecer um panaca e também não sei se devo falar sobre o beijo ou não.
— Stiles, se você não quer parecer um panaca, não tente fingir que está doente de novo. É sério, sua cara de dor foi a expressão mais engraçada que já vi — ela voltou a rir, me puxando para encostar a cabeça em seu pescoço.
— Ótimo, qualquer coisa, já tenho uma profissão, vou virar comediante — ri junto.
— Ah, pelo amor de Deus, não. Você vai ter um futuro brilhante, digno de quem você é.
— Se você diz...
— Se seu medo é em como agir perto dele, se deixe guiar. Derek é um bom garoto. Só vá com calma. Agora, levante-se e vá tomar banho, porquinho.
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Behind Brown Eyes ➸ sterek version
FanficHá quem diga que o que define seu destino não são suas condições, mas sim suas decisões. Stiles Stilinski, contudo, conseguia discordar plenamente desta frase: era solitário, não possuía amigos e, além disso, era um garoto cego desde os oito anos de...