*Tum tum*
*Tum tum*
*Tum tum*
Meu coração estava acelerado, minha respiração acompanhava a batida dele e meu corpo suava frio. Seja o que for que tem aqui dentro, ele quer que eu veja.Virei a maçaneta e empurrei a porta de madeira dando espaço pra luz do sol invadir a casa permitindo a mim enxergar algo. A poeira por sua vez aproveitou da abertura e escapou na direção da rua passando por mim e me fazendo espirrar.
Ótimo, uma casa abandonada e empoeirada, só falta aparecer uma aparição aqui. Eu peguei meu telefone e liguei a lanterna e apontei a luz adentro na tentativa de ver o que tinha ali dentro.
Sob a luz fraca da lanterna o abismo que surgia dos meus pés se apresentou como um assoalho de madeira envernizado e as paredes de cor azul pastel me apresentavam o primeiro quarto dessa residência, a sala de estar.
Uma sala espaçosa e com 2 sofás e um poof, uma televisão com um video game instalado nela, sistema de home theater e tudo mais o que o dinheiro podia oferecer mas o que de fato me chamou a atenção eram umas cartas semi abertas na mesa que estava posicionada no centro.
Caminhei até a mesa e com meu celular iluminei as cartas dispostas nela. O envelope branco não continha nem mesmo uma letra como se não tivesse sido feito pra ser entregue porém a folha adentro tinha palavras de sobra.
Curiosa, puxei a folha de dentro e comecei a ler:
Hoje fazem 3 dias que me formei e a ficha ainda não caiu, quando era criança e pensei que queria ser um médico, nunca teria passado que vindo de onde vim estaria sim chegando onde cheguei.
É um sentimento de satisfação muito grande, não consigo nem conter meu sorriso toda vez que olho pro quadro que está meu diploma, nem preciso dizer né que minha mãe ficou desde do início do mês até agora dizendo que o filho dela se formou médico, você provavelmente estaria rindo com toda a empolgação dela. Apesar de tudo isso ainda me sinto um pouco desanimado, nada demais sabe mas eu juro que vi você durante a cerimônia...Sinto a sua falta, princesa.
O restante da carta estava rasurada porém tinham várias e várias dela, contando de vários momentos de sua vida, falando sobre o Mingau crescendo, ele sem graça contando sua primeira vez, mas ele não citou o nome de ninguém mas esse "princesa" ainda me acertou...
Me pergunto se era pra mim essas cartas mesmo meu coração gritando pra mim que era... Será que ele teria enviado as cartas a mim se soubesse meu endereço? Ele não tinha meu número, nem mesmo sabia se eu ainda estava viva, mesmo meus parentes daqui raramente sabiam muita coisa sobre mim pois eu estava viajando o mundo depois que fui ao exterior...
Um aperto enforcou meu coração e senti na pele o acumulado da saudade que reprimi durante todos esses anos. Uma forte vontade de chorar veio e eu me recostei no sofá enquanto abraçava aquelas cartas.
Era justo eu ter vivido a minha vida enquanto ele ainda tinha a esperança de nos encontramos novamente?
Uma lágrima escorreu e pingou em uma das cartas, coloquei as cartas sobre a mesa exceto por essa e verifiquei se a lágrima tinha borrado alguma coisa e para minha surpresa o maior estrago feito ali era ter transparecido o conteúdo da carta.
Peguei a lanterna e coloquei a em cima do local e a única parte que dava para ler era: "amarei pra sempre".
A essa altura do campeonato a única coisa que me deixava aliviada foi não ter me maquiado o suficiente, esse garoto era o inimigo da minha maquiagem.
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Contos de um amor perdido
RomansaOi, esse livro será uma coletânea de contos que farei sem pretensão de extender, (ou não sei, quem sabe) divirtam-se e chorem bastante. A maioria vai ser romance mas talvez um ou outro eu mude a temática.