6.𝙎𝙪𝙧𝙥𝙧𝙚𝙨𝙖

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-Eu não posso- Seus olhos transbordam desespero, vejo algumas lágrimas escorrendo pelo seu rosto e meu coração se parte.
Oque pode ser tão sério que ela não possa confiar em mim?
-Olá, boa tarde! Já sabem o que vão querer? - A garçonete chega nos assustando. Lívia seca as lágrimas rapidamente e pega o cardápio.
Pedimos porções de batata e frango frito e refrigerante.
-Que livro é esse? - ela pergunta mordendo o lábio. Desvio os olhos e varro o pensamento da minha cabeça.
-Outros jeitos de usar a boca, da Rupi Kaur-
-Já li- Ela se apressa para dizer. - É realmente muito bom. O meu preferido da Rupi é O que o sol faz com as flores, é incrível.- Vejo que ela está empolgada em dizer e deixo a conversa fluir.
Sei que não estou aqui para bater papo, mas ela parece tão feliz que perco a vontade de mudar de assunto.
Quando a comida chega, os olhos dela se iluminam e eu rio.
-Tem certeza que não vai passar mal com essa comida?- Pergunto com os olhos transbordando ironia.
-É um desafio? - Rebate e eu rio. Ela fica muito bonita quando me olha assim.
-Leve como quiser - pisco e começo a comer.
Liv come com vontade, pego meu celular e tiro uma foto dela.

Liv come com vontade, pego meu celular e tiro uma foto dela

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Rio e envio a foto para ela.
-Já pensou no que vai fazer quando se formar?- pergunto interessado.
Ela levanta os olhos, termina de mastigar e diz;
-Não tenho certeza ainda. No momento tenho duas opções, mas ainda não me parecem certas.
-Quais são?
-Penso em fazer Neuropsicologia ou direito. Mas não sei decidir.- Ela me olha.
Encaro seus olhos esverdeados e por um momento me perco. Ela pigarreia e eu me lembro que é a minha vez de falar. Procuro me lembrar sobre oque falávamos e solto;
-O tempo sempre nos diz oque devemos fazer.
-É... talvez, vamos ver. Mas e você? Quais seus planos?
-Primeiro eu tenho que tirar uma excelente nota no Enem, e depois pretendo pedagogia, que é meu sonho desde sempre. Minha mãe me diz pra eu não me cobrar muito, ela é do tipo que nos entende antes mesmo de nós mesmos sabermos oque precisamos, sabe?
-Na verdade não, meu pai quer que eu seja qualquer coisa que mantenha nosso nome no topo, e minha mãe quer que eu faça arte. Ela acha que sou uma artista como ela. Eu não sei pintar! - Diz gesticulando.
-Oque você sabe fazer? - Pergunto
-Eu... er... não sei explicar, posso te mostrar?- Ela levanta bruscamente, como se eu não tivesse opção.
-Tudo bem - me levanto e rio. Vou em direção ao caixa e pago. Observo Lívia, que não diz um pio.
-Não vai se oferecer para dividir a conta? - Pergunto brincando.
-Não! Você que me chamou!- Diz e sai rindo.
-Sua namorada é nojenta de tão linda-Diz moça do caixa e eu gargalho.
-Obrigado, Tânia, mas ela não é minha namorada... - "Ainda... " Penso
Saio do estabelecimento ainda rindo e encontro Liv mechendo no celular.
-Está tudo bem? - pergunto
-Está sim! Só estava pegando o endereço certinho para dar ao motorista, e agora vou ver se meu parceiro está ocupado. - põe o celular no ouvido e se senta no ponto de ônibus.

Ligação On

-Oi, querido! Tudo bem?
-Maravilha!
-Escuta, Rafa, tô precisando de uma mãozinha com aquele lance, você pode agora?
-Não, não. Eu sei que fica pesado para você, mas tem como você me ajudar com isso? É bem rapidinho, só para mostrar para um amigo. Tá ok, te encontra jaja. Beijos

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