17 - Os Jogos Estudantis

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Segunda-feira

William

A arquibancada transborda de gente, o falatório é alto e a energia que o local tem é eletrizante. Tudo é novidade para mim.

Eu nunca compareci a nenhum dos jogos estudantis que nosso colégio participou. Para falar a verdade, não sou nenhum pouco fã da maioria dos esportes. Meu pai tentou me ensinar a jogar futebol quando eu era pequeno, mas não me interessei, então ele desistiu e aceitou o fato de que eu preferia muito mais um livro do que uma bola de presente.

—Ainda não acredito que eu vim. - Kaíque comenta enquanto procuramos um lugar para nos sentar. —Eu deveria estar estudando para o vestibular... Vocês dois também.

Olho ao redor, procurando por Melanie. Artemísia disse que ela estaria aqui e é esse o motivo pelo qual vim e arrastei Rick e Kaíque comigo.

—Pra que eu vou estudar se eu não vou passar? - Richard retruca e eu não preciso nem olhar para saber que Kaíque está revirando os olhos.

—Se você não estudar aí mesmo é que não passa. - Rebate e Rick bufa audivelmente.

—Eu nem sei o que quero fazer da minha vida, não vejo sentido em prestar vestibular desse jeito.

—Mas você já deveria saber, estamos no último ano, Rick. - Eu avisto Melanie sentada sozinha, verificando alguma coisa no celular.

—Sabia que colocar pressão em mim não vai fazer eu me decidir mais rápido? - Richard retruca com um tom de voz emburrado.

—Eu sei, só que... - Me viro para os dois, determinado a encerrar essa discussão.

—Ok, chega. Nós não viemos aqui pra isso. - Murmuro e Rick abana a mão de forma desleixada.

—É, é. Nós viemos aqui pra ver a sua garota jogar. - Comenta, indiferente.

—Cale a boca. Ela não é minha garota, nós somos... - Amigos? Não sei dizer se chegamos nesse estágio ainda, mas temos nos dado bem e é estranho. De um jeito bom, mas estranho. Me embaralho com as palavras e acabo balançando a cabeça sem saber o que dizer. —...É complicado.

Respondo, antes de respirar fundo e tomar coragem de continuar meu caminho até Melanie com os dois em meu encalço.

Não falei com ela desde a nossa desastrosa aula particular. Já faz duas semanas mas ainda sinto meu rosto queimar de vergonha quando me lembro o vacilo que eu dei.

—Oi, Mel. - Começo, atraindo seu olhar para mim. O fato de eu não ter gaguejado já é motivo para comemorar. —A gente pode sentar aqui?

Ela sorri de forma doce.

—Claro! Fique à vontade. - Desvia sua atenção para os meus amigos e seu sorriso fica maior. —Oi, Rick. Oi, Kaíque.

—Oi. - Kaíque fala.

—Oi. - Richard responde, um pouco retraído.

Tem horas que me esqueço que Rick não é o típico amigo palhaço perto de todo mundo.  Acho que estar perto de Melanie, uma pessoa que ele não conhece muito bem e não tem intimidade, faz ele se recolher para sua concha e ficar um pouco mais sério. Mas pensei que ele já estaria à vontade perto dela, pelo que sei, nesses últimos tempos, enquanto Artemísia e eu estudamos robótica, ela tem almoçado com os dois.

Nós três nos sentamos e reparo nos alunos das outras escolas que também estão aqui. Alguns realmente mergulharam de cabeça no espírito dos estudantis, pois pintaram os rostos, seguram bandeiras com os símbolos de seus respectivos colégios e usam blusas que identificam muito bem para quem vieram torcer. Me sinto deslocado quando percebo que a maioria esmagadora está dessa forma, inclusive alunos da nossa própria escola.

Quid Pro Quo - Um Favor por Um Favor [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora