01. Seguir em frente

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[Baltimore, Maryland: 22 de setembro de 2020]
POV: Cristal

   "Abro os olhos lentamente devido às dores que sinto por toda a extensão do meu corpo, minha cabeça está latejando. Merda! Tento me mexer mas logo vejo que meu esforço seria em vão, já que há correntes em meus pés e braços para impedir qualquer tentativa minha de escapar daquele lugar assustador.
   Olho para o ambiente onde estou e a única fonte de luz é uma janela minúscula com uma espécie de tela fosca impedindo a visualização do lado de fora. Como se aquela janela estivesse ali apenas para não me deixar perdida na total escuridão. Forçando a vista, enxergo as 4 paredes da sala, todas sujas de sangue, mas não era meu, eu estava dolorida mas não havia resquícios de algum machucado profundo.
   Procurando outro meio para sair dali, minha mente me leva a um questionamento: "cadê a porta?". Finalmente me toquei que não havia uma porta sequer. A sala era completamente lacrada. Não havia saída, muito menos entrada. Fiquei perdida em meus pensamentos por algum tempo até que escuto uma voz me chamando mais alto a medida que se aproxima.

   - Cristal? - A voz grossa e máscula permanecia chamando meu nome, chegando cada vez mais perto de mim.

   - Cristal? - Já não era mais tão grossa.

   - Cristal? - Agora parece a voz de uma mulher, bem fina pra falar a verdade, parece até a..."

   - CRISTAAAL? - Levanto bruscamente percebendo que tudo não passou de um sonho.

   - Renata? Tá maluca? - Questiono indignada.

   - Você que tá ficando maluca, tá dormindo no meio do restaurante!

   - Peraí, o que? - Olho ao redor lembrando que é domingo e eu e a Renata estávamos  almoçando no "tharsyhill". - Aah merda!

   - Cristal, já fazem 3 anos que aquilo aconteceu, 3 anos que você tem esses sonhos macabros. - ela olha pra mim com pena - Como sua melhor amiga, é meu dever te avisar que já tá na hora de seguir em frente!

- E-Eu não consigo, n-não dá! - nego com a cabeça - Eu preciso saber o que aconteceu, Renata! Eu p-preciso - Sinto lágrimas descendo dos meus olhos e instantâneamente tapo meu rosto com as mãos.

- Não fica assim! Eu te amo e sempre vou ficar do seu lado tá? Quer dizer, se você quiser espaço eu te levo pra casa, por que algumas pessoas preferem ficar sozinhas em momentos assim... - Ela tagarela.

- Renata - Eu interrompo baixo, o que foi em vão, já que ela continua a tagarelar.

- Eu entendo, eu entendo, eu vou te dar espaço, mas eu vou sempre estar aqui, certo? Porque eu te amo e...

- RENATA! - Eu grito, prendendo não só a atenção dela como a de outras pessoas em mesas próximas também. Ela me olha assustada e eu dou um sorriso em meio às lágrimas.

- Te ter comigo foi a melhor coisa que aconteceu nesses 3 anos. Você é a pessoa mais importante pra mim no mundo inteiro, eu te amo muito e não quero ficar sozinha, eu só preciso me distrair com a minha melhor amiga! - dei um sorriso de lado.

- Aaaaawn!! - Ela diz e me abraça apertado. - também te amo!

- Aproveita que esses momentos de fofura são raros. - sorrio ainda abraçada com ela.

Nós nos soltamos e eu seco minhas lágrimas. Odeio chorar em público. Peço o cardápio e logo o garçom volta com o mesmo.

- E aí, lampreia, vai querer o que? - Renata me pergunta com os olhos no cardápio assim que o garçom sai.

- Acho que o de sempre, e você? - Pergunto.

- Estava tentando encarar novas opções e provar algo novo, mas acho que vou pedir o de sempre mesmo. Você paga? Esqueci a carteira. - Olho para ela e encaro seus olhos de filhotinho abandonado.

- Tá bom, eu pago! - Ela não ia parar até eu me render mesmo. Chamo o garçom e logo ele volta para anotar nossos pedidos.

- O que as belas donzelas vão querer almoçar neste domingo? - Ele pergunta galanteador, o que me faz olhar para Renata confusa, e ela retribui com a mesma expressão. Viramos juntas nosso olhar em direção à ele, até que vejo por cima de seus ombros Ravena vindo em nossa direção.

   A Ravena trabalha aqui desde quando nos conhecemos, ela se tornou uma grande amiga nossa, por isso sempre passamos as tardes de domingo no tharsyhill, já que no resto da semana eu e a Renata passamos o dia inteiro no trabalho.

   - Porque não me avisaram que já tinham chegado? - Pergunta fingindo irritação.

   - Achamos que estivesse ocupada, até porque você sempre fica no caixa. - Renata fala.

   - Tive que ajudar o senhor Montgomery na cozinha hoje. - Ela explica e se vira em direção ao garçom, que, reparando agora, é bem parecido com ela. - Vi que já tiveram o desprazer de conhecer o meu irmão. - Aponta para o cara ao seu lado.

   - Isso explica a semelhança - falo um pouco aérea observando o homem ao lado dela.

   - Hm, mas enfim, querem o de sempre? - Ela pergunta com um bloco de anotações em mãos.

   - Acho que sim - Respondo distraída.

   - Ok - Confirma e olha em direção ao irmão. - Holden, diz para o senhor Montgomery preparar dois wraps de frando defumado e uma porção grande de batata frita. - Ele confirma e vai em direção à cozinha.

   Pouco tempo depois, nossa comida chega e ficamos conversando com a Ravena até o fim do expediente dela. Olho no meu celular e vejo que já são 21:00 da noite, chamo a Renata e lembro a ela que temos que trabalhar amanhã cedo, então nós nos despedimos e fomos embora.

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Voltamos com mais um capítulo!! Tá bem curtinho mas amanhã já vai sair outro. Gostaram desse momento "mais que amigas, friends" entre a Renata e a Cristal?
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Obrigada por ler!
Kisses💖

~Maya

The Ocean Eyes [+16] PAUSADAOnde histórias criam vida. Descubra agora