11- Void

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Oioii! Voltei!
Espero que estejam bem e que gostem desse capítulo.
Votem e comentem!
Boa leitura ❤️

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P.O.V. Louis

A medida que a luz tenta entrar pela fresta dos meus olhos semi abertos, vou tomando uma consciência lenta de cada um dos meus músculos e membros.
Pareço doentiamente mais pesado do que me lembro...e a gravidade parece mais densa, me empurrando e afundando contra o colchão macio.

Arrisco abrir mais os olhos e desisto, sentindo a dor pontiaguda cutucar minhas temporas.
Minha garganta arranha quando engulo em seco.

O que aconteceu comigo?
Não consigo me mover, é como se meus braços e pernas estivessem algemados no centro da terra.

Tento me lembrar de algo, mas meus pensamentos parecem fugir de mim em todas as direções, eu quase posso vê-los correndo dentro do meu cérebro como carrinhos de bate bate.

Ouço o som de uma porta abrindo, forço os olhos pela terceira vez. Vejo a figura alta encostada na soleira, braços e pernas cruzados, olhos verdes musgo frios a ponto de me fazer arrepiar, mesmo embaixo das cobertas.

—Ha-Harry?

—Vista-se.

Sua voz é mais congelante que seu olhar e eu me envolvo em meus próprios braços.
O cheiro do moletom de Harry solta e impregna minhas narinas, engatilhando os eventos da última noite.

As memórias vem numa enxurrada de cores néons e formas psicodélicas.
Lembro de me sentir leve como uma pluma, como se meu corpo fosse efêmero como fumaça.
Lembro da música cor de rosa e roxa nos meus ouvidos.
Lembro do álcool descendo da droga subindo, do cheiro de sandalo quente e úmido, grudado no meu suor.

Sinto meu estômago revirar. Lembro das mãos no meus corpo, muitas mãos, me esfregando, me explorando, me sufocando.
A ânsia sobe mais e minha cabeça lateja em resposta.
Lembro do gosto da língua áspera de alguém, dentro da minha boca, invasiva, nojenta.

Me jogo da cama como posso, o mais rápido que posso e corro tortamente para o banheiro.
É por uma fração de segundo que consigo me debruçar sobre o vaso e vomitar as lembras repugnantes.

Sinto meus joelhos cederem, enquanto meu corpo luta contra a própria força.
Busco onde me segurar, não alcanço, me preparo para cair no chão frio, já imaginando o impacto do meu joelho na superfície dura.
Meu corpo treme numa convulsão, vômito mais, prestes a desabar, mas ele me impede.

Seus braços travam a queda me apoiando pela cintura. Me faz ajoelhar lentamente, enquanto eu continuo passando dolorosamente mal.
Ele passa a mão pela minha testa molhada, tirando os fios presos ali e impedindo que minha cabeça tombe pra qualquer direção.

Quando acaba eu estou enxarcado, olhos lacrimejando pelo esforço. Minha bochechas queimas vermelhas e eu me sinto tão cansado que meus pulmões doem pra respirar.
Minha garganta e meu nariz estão ardendo insuportavelmente e minha cabeça e estômago latejam dolorido.

Harry puxa meu corpo mole, pra perto, apoiando minhas costas em seu peito, enquanto continua puxando meus cabelos para trás.
Fecho os olhos e tento engolir sem sentir dor... é impossível e eu gemo com o mal estar.

—Merda... – parece que engoli um punhado de areia.

—Quieto, ou você vai se sentir pior.

Suas palavras continuam frias como uma rocha e embora expressem uma intenção preocupada, não sinto um pingo de afetação ou emoção.
Harry me ajudou de alguma forma na noite passada, ou eu não estaria aqui, tenho uma lembrança fraca sobre como cheguei em sua casa.
Lembro de Cal e da tatuagem indecifrável em seu braço...lembro dos olhos de Harry brilhando na luz como prismas verdes e arroxeados.
Lembro da voz carregada em meu ouvido...ele não me beijou, não me tocou...minhas bochechas coram com a súbita lembrança e me encolho como se pudesse desaparecer, mas os braços de Harry me soltam e me sinto perdido, flutuante no vazio que é a ausência de seu corpo quando ele se levanta e se afasta me medindo.

"OBSSESSED" - L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora