Para o total choque de Amanda, o mundo ao seu redor parou de funcionar aos poucos. As pessoas pararam de andar, cartas estavam paradas em pleno ar, e a fumaça intoxicante flutuava estagnada no meio do nada. A música parou de soar, e o som do seu coração acelerado ficou muito evidente.
Nunca se acostumaria com aquilo.
— Vamos lá? — Sorrindo, ele fez um pequeno gesto com a cabeça na direção do mezanino.
Merecia reconhecimento. Nem ela mesma sabia como havia conseguido tal feito, mas conseguiu fazer com que Kelvin quebrasse uma de suas próprias regras de não se envolver.
Apesar de achar que nem tudo aquilo era porque ela o convenceu. Kelvin parecia querer observar de perto o que estava acontecendo. Amanda foi só a desculpa necessária para ele fazer o que queria.
Saiu do colo dele e o seguiu até as escadas do mezanino. Todo o local estava paralisado, tal como se alguém tivesse fotografado aquele instante. Os seguranças, impedindo que outras pessoas atravessassem, ainda estavam dando espaço para que Gus e Emma pudessem passar. Então, Kelvin a guiou, desviando sem dificuldade de todas as pessoas.
Amanda parou diante de Augusto e sua recém-descoberta namorada. Era uma mulher bonita, de cabelos loiros e lábios pintados de um vermelho profundo, olhos castanhos escuros e a maquiagem pesada escondia qualquer mancha que seu rosto tivesse. Usava o mesmo uniforme, nada aconselhável para o frio do local e batia no ombro de Gus.
Quando colocou seus pés no bar, parte dela entendeu o porquê de Emma estar sendo perseguida quando a encontrou pela primeira vez. O espaço cheirava a drogas. Além de tudo, ela viu três ou cinco pessoas com uma arma na cintura. Não precisou de mais de um neurônio para raciocinar que aquela menina não estava envolvida com gente de boa fé.
E, para seu total desespero, aquilo não lhe trazia boas recordações.
De repente, diante de seus olhos, um mar de imagens ocupou sua visão, tão real que ela pode sentir os pelos de seus braços arrepiarem-se diante da lembrança.
Vento com cheiro de terra molhada assopra em seu rosto, o céu coberto de nuvens cinzas e densas de chuva. Estava andando rápido e sentia o peso da mochila nas costas, balançando de um lado para o outro conforme caminhava.
Estava voltando daquela porcaria de restaurante. Odiava trabalhar naquele lugar.
Subitamente, ela sentiu um puxão na touca de seu moletom encharcado. Quando percebeu, estava sendo arrastada para um beco escuro. Foi jogada com tudo em uma parede, as costas machucando devido ao peso da mochila contraindo as costelas. Sentiu o cano de uma pistola grudada na lateral da cabeça, mal viu o rosto da pessoa na sua frente, só sentia o bafo de álcool e o cheiro enjoativo de uma droga que não fazia ideia do nome.
— Já falou para o seu amiguinho pagar a porra do meu dinheiro? — O tom daquela voz fez seu coração errar uma batida, totalmente apavorado.
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Alasca, te amo! | ✔️
RomanceApós dois anos longe de sua família em um intercâmbio em Londres junto de seu irmão gêmeo, Augusto, tudo que Amanda deseja é descansar em sua casa no Brasil, situada em uma cidadezinha no interior de São Paulo. No entanto, seus planos são virados de...