O conhecimento teológico (ou religioso) está presente em toda a história da humanidade, isso porque, segundo psicanalistas, é uma necessidade humana, sendo assim, faz parte da natureza do indivíduo como tal. Para que se possa compreender em que consiste o conhecimento teológico, deve-se a princípio alcançar o entendimento de mito, pois é com e a partir daí que se pode chegar ao conhecimento teológico, vulgarmente dado como aquele sustentado em crenças.
O mito está em toda parte, e em todos os momentos da história, todos conhecem ou já ouviram falar da mitologia grega, seus deuses representavam cada elemento da realidade, esse conjunto de deuses designado como Olímpios era a forma pela qual os gregos podiam fazer uma interpretação da realidade, tomando cada evento natural como ação divina, e a partir dessa diversidade de deuses mitológicos, é que surgem as primeiras religiões monoteístas resultante de forças morais que passaram a se concentrar na questão do bem e do mal.
Visto isso, pode-se afirmar que a mitologia teve um papel crucial no nascimento do conhecimento religioso, uma vez que o mesmo se apresenta como forma espontânea de interpretar a realidade, tal como se mostra na mitologia grega. O conhecimento teológico, parte de pressupostos sagrados, assegurando sua verdade na fé e na crença em um ser infinito, logo, suas afirmações carecem de evidências, pois são embasadas em verdades reveladas pelo divino.
Segundo Aranha (1993, p. 56) "o mito se mostra como meio o qual o homem se acomoda perante a realidade assustadora... e assim recorrendo aos deuses como forma de apaziguar sua aflição". No conhecimento teológico, também fica evidente a comodidade do homem diante a realidade, pois como já foi exposta, a teologia sustenta-se na fé, sendo por si mesma a-critica; sua a-criticidade em razão de verdades reveladas pelo o sobrenatural (divino) leva o indivíduo a um conforto de sua própria existência, o que desvela outro objetivo da religião que vai além da interpretação da realidade, a comodidade perante a mesma. Aranha (1993, p.55) diz:"Ao entrar em contato com o mundo, o homem não é apenas uma "cabeça que pensa diante de um mundo como tal". Entre os dois existe a fantasia, a imaginação. Portanto, antes de interpretar o mundo, o homem o deseja ou o teme. Nesse sentido, volta-se para ele ou dele se oculta. Por isso, o primeiro "falar sobre o mundo" está preso ao desejo humano de dominá-lo, afugentando a insegurança, os temores e a angústia diante do desconhecido e da morte."
A teologia atua predominantemente em meio ao senso comum, pois se trata de uma consciência coletiva onde o indivíduo se deixa levar por opiniões e visões de mundo de segundos, o que nos leva a mais uma de suas características, a não individualidade, mostrando assim a relação entre o senso comum e a teologia, sobre a questão do indivíduo e sua individualidade, Gusdorf (1979, p. 103) afirma:
"A primeira consciência pessoal está, portanto, presa na massa comunitária e nela submergida. Mas esta consciência dependente e relativa não é uma ausência de consciência; é uma consciência em situação extrínseca e não intrínseca, a individualidade aparecendo então como um nó no tecido complexo das relações sociais. E o eu se afirma pelos outros, isto é, ele não é pessoa, mas personagem."
Portanto, o conhecimento teológico é aquele que trás ao homem, um conforto em decorrência de verdades reveladas por um ser divino e sendo por esse motivo tais verdades inquestionáveis e independentes de evidências, levando o homem a um apaziguamento interno oriundo de suas crenças, tornando a realidade menos assustadora e mais benévola, como também menos enigmática e mais compreensível. Suas características:
a) Inspiracional;
b) Valorativo;
c) Sistemático;
d) Não verificável.
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Apresentação dos tipos de conhecimento: o conhecimento como essência do ser
No FicciónConhecimento científico, popular, teológico e filosófico