Capítulo 2

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"Eu não entendo", Louis murmurou para si mesmo, correndo os dedos pequenos e finos pela estante de livros de Harry. Esta era recheada com todos os tipos de clássicos finos e grossos, antigos e modernos, ficções e biografias. Suas íris azul brilhantes cintilaram sobre toda aquela variação de capas.

"O que você não entende?" Harry cantarolou, olhando por cima do romance em seu colo, que parece ser mais interessante do que seu melhor amigo.

Ele estava sentado em sua mesa com O Sol É Para Todos nas mãos, lendo sobre as aventuras do jovem Finch Scout. Louis havia se convidado, como de costume, mas Harry não se importava, porque ele sempre gostava da companhia do menino de olhos azuis. É assim que melhores amigos agem. Além disso, Louis só tinha Harry como amigo e vice-versa. Eles só tinham um ao outro, mas ambos estavam perfeitamente bem com isso.

Louis bufou. "Por que você gosta tanto de ler?" Ele perguntou. Sentou-se na cama em formato de carro de corrida de Harry e se apoiou nos cotovelos, aguardando uma resposta.

Harry deu de ombros. "Por que você não gosta de ler?"

"Porque é muito chato!" Louis zombou, revirando os olhos.

"Eu acho divertido," Harry deu de ombros.

"Mas você é inteligente", Louis resmungou. Seus olhos caíram de Harry e seu rosto de repente parecia sério. "E eu sou tão burro", ele fez beicinho.

Foi como se Harry tivesse levado um choque. Ele deixou seu livro em cima da mesa, lembrando-se de colocar um marcador entre as páginas, é claro. Ele levantou uma sobrancelha para seu amigo precariamente.

"Lou. Você não é burro. Acredite em mim", ele respirou. Ele honestamente não sabia por que alguém tão carismático quanto Louis poderia pensar tão negativamente sobre si mesmo.

"Até a minha professora disse que eu sou burro."

Harry fez uma pausa. "Como é?"

"Mrs. Jane. Ela era minha professora no ano passado, sabe, na minha antiga escola?" Harry acenou com a cabeça compreensivamente.

"O que tem ela?" Ele pressionou.

"Bem, ela disse que eu não consigo aprender tão bem quanto as outras crianças da minha turma. Eu misturo números e letras. E às vezes eu não sei como formar uma frase corretamente. Então eu fui a um médico especial e ele me disse que eu sou dis-disléxico? " Louis disse cautelosamente, não sabendo exatamente como pronunciar a palavra.

"Você é disléxico?"

Louis assentiu vergonhosamente. Ele estava corando e começou a mexer nos lençóis de Superman dorky da cama do cacheado, torcendo o tecido entre os dedos apenas para se distrair do olhar questionador de Harry.

"Você não precisa se envergonhar", Harry afirmou.

"É fácil para você dizer. Você tem o cérebro de um gênio", Louis zombou. Entretanto, isso não era um exagero. Os professores da escola do menino encaracolado gostariam de saltá-lo para um ou dois graus à frente, mas a mãe dele recusou. Ela queria que seu filho tivesse a experiência completa da escola.

Harry mordeu o lábio. "Eu acho que você é muito inteligente", disse ele, dando o seu melhor sorriso caloroso.

"Sério?" Louis guinchou, olhos brilhando.

"Sério."

Louis engoliu em seco. Ele queria acreditar em Harry, ele realmente gostaria, mas ele simplesmente não conseguia. Não quando a cada manhã, Joseph o faria ler a parte de trás de caixas de cereais ou as etiquetas em caixas de leite. E ele sempre gaguejaria ou tropeçaria nas palavras. E Joseph diria "você é burro", "você não vale nada", "você nunca vai ser nada na vida". Assim, as palavras ficaram gravadas no cérebro de Louis e ele começou a acreditar nelas também.

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